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Papa diz que a razão é da natureza de Deus
2006-09-14 22:48:45

O Papa Bento XVI teve ontem um dia mais tranquilo e pessoal na sua viagem à Baviera (Alemanha) natal, que hoje termina. Passou grande parte do tempo com o seu irmão Georg Ratzinger e visitou o túmulo dos pais e da irmã.

Na véspera, à noite, o Papa alemão defendera perante cientistas e académicos que "não agir segundo a razão contradiz a natureza de Deus".
Entre a comitiva de Ratzinger, o discurso aos académicos e cientistas na Universidade de Ratisbona era apontado como, provavelmente, um dos seus textos teológicos mais importantes até hoje, de acordo com o jornal La Croix. A referência bíblica No princípio era o Verbo remete para a razão criadora de Deus, disse. Por isso, "o encontro do anúncio bíblico e do pensamento grego não foi um acaso", afirmou.
Perante o auditório, com alguns antigos colegas de ensino da universidade, o Papa Ratzinger defendeu que o trabalho de manter a relação entre fé e religião não diz respeito apenas ao cristianismo. E só o encontro entre a razão e a fé pode permitir um "verdadeiro" diálogo entre culturas e religiões.
Momentos antes, num encontro ecuménico com protestantes e ortodoxos, Bento XVI acentuou a necessidade do perdão recíproco entre religiões e da descoberta do perdão de Deus como um "tema urgente". E referiu-se àquilo que é específico do cristianismo, dizendo que não pode haver divisões entre cristãos: "A confissão que nos distingue como cristãos é a fé no facto de que Jesus é o filho de Deus encarnado. (...) Na época de encontros multi-religiosos, somos tentados facilmente a atenuar algo desta confissão central ou a escondê-la. Mas assim não fazemos serviço ao encontro nem ao diálogo".
Ontem de manhã, o Papa, que toca piano, benzeu ainda um órgão na catedral Capela Velha de Ratisbona, onde o seu irmão foi regente do famoso coro. "O órgão é qualificado como rei dos instrumentos porque ele recolhe todos os sons da criação e dá ressonância à plenitude dos sentimentos humanos."

A.M.

Fonte Público

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