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Perigos do individualismo ameaçam os padres
2006-09-09 15:06:34

Os padres são chamados a uma comunhão plena com Deus, de onde advém uma participação responsável na Igreja. "Deus tem de ser entendido enquanto relação com Alguém" que por sua vez, se torna sinal no relacionamento eclesial", afirma a organização do V Simpósio do Clero de Portugal em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, relativo ao segundo dia de trabalhos.

Nesta jornada foi salientada a importância desta dimensão para a própria definição da Igreja como sacramento e sinal de comunhão, chamando, no entanto atenção para dois perigos: criação de grupos que se fechem em si mesmos porque pensam que são perfeitos levando ao individualismo (riscos permanentes das comunidades eclesiais); e o perigo de uma visão mundanizada da Igreja que pode levar à perda do seu centro e deixa de viver a partir do seu centro para passar a viver a partir apenas do mundo.
A Igreja perderia assim o seu sentido se perdesse o objectivo que é construir a comunhão, tendo sido notado que a Igreja não se pode fechar sobre si mesma. A Igreja deve então ser pensada como caminho conjunto em que todos são um só corpo em Cristo.
Este conceito ajuda a pensar o presbítero como não dependente do bispo, pois ambos possuem a mesma missão. Foi pedido aos bispos uma maior audição dos presbíteros decorrente desta comum missão de construção de um caminho conjunto.
Salientando que a vida em comunhão não é nem romântica nem idílica (como por vezes o discurso parece fazer crer), mas comporta sacrifícios, dedicação e paciência, este esforço pede que se viva o amor antes do conhecimento - amar o outro antes de o conhecer como forma radical de comunhão. Propôs-se a constituição de unidades pastorais, o que ajudará a superar o individualismo moderno, a autarquia paroquial ou presbiteral.
Os participantes avaliaram a realidade dos conselhos paroquiais e dos conselhos presbiterais. Foi notada alguma desilusão perante a situação presente, destacando, de qualquer forma o seu papel enquanto organismos de comunhão e de co-responsabilidade, e não como sindicatos, ou espaços para obter uma maioria. Devem ser vistos como espaços da própria comunhão eclesial.
Salientou-se ainda a necessidade da paciência, da boa preparação, da exigência de serem espaços abertos à participação e responsabilidade, onde a comunidade cristã é de facto construída.

Clero numa sociedade secular
A primeira jornada foi dedicada, sobretudo, ao diagnóstico actual do contexto de actividade em que os presbíteros são chamados a realizar o seu ministério e vocação.
Estando o individualismo pós moderno na base da organização do encontro, onde "o sacerdote é desafiado a viver o contra ponto da comunhão", foi destacada a necessidade de conhecimento da cultura actual e dos avanços teológicos.
"O nosso tempo está marcado pela mudança de alguns paradigmas de pensamento. Isto obriga a descodificar alguns conceitos e a recodificar novas linguagens emergentes conferindo-lhes significado e verdadeiro sentido".
A sociedade contemporânea encontra-se secularizada, o homem moderno surge enfraquecido nas suas convicções religiosas naturais, relativizou-se o valor da vida, criando-se um hiato entre Deus e o homem.
A vida para o homem pós moderno corre o risco de perder o seu mistério. Foi destacada a necessidade de redefinir (ou reafirmar) a respectiva identidade presbiteral, que resulta da intimidade com Deus e da solidariedade aos irmãos" e de "provocar hoje a tão esquecida (mas tão desejada) questão da transcendência".
É preciso uma nova evangelização diante da globalização avassaladora onde se torna necessário aprender a trabalhar em rede, em comunhão interpresbiteral, aproveitando sinergias já constituídas. Este encontro com o mundo incita à revisão também da própria pregação.
O V Simpósio do Clero decorre em Fátima entre os dias 5 e 8 de Setembro, sob o tema "O Presbitério em Comunhão. Ao serviço da comunhão Eclesial", reunindo mais de 400 participantes.

Fonte Ecclesia

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