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Não é um adeus mas um até breve
2006-06-19 22:08:56

No Santuário de Fátima e na Sé de Viseu viveram-se ontem momentos de grande emoção com as cerimónias de despedida dos Administradores Apostólicos. O bispo de Leiria, D. Serafim Ferreira, vai ser substituído por D. António Marto, que abandona Viseu.

Idalina Sousa, 56 anos, abre um saco de plástico com três pequenas imagens da Virgem Maria e levanta-o na direcção do Altar do Santuário de Fátima. Veio da Cova da Piedade, nos arredores de Lisboa, em peregrinação e, sem o prever, as suas ‘santinhas’ receberam a última bênção dada por D. Serafim Ferreira e Silva na Cova da Iria, enquanto bispo da diocese de Leiria-Fátima.

O prelado despediu-se ontem dos peregrinos, ao presidir pela última vez a uma eucaristia dominical internacional, na qualidade de bispo responsável pela diocese.

Foi uma despedida simples, a condizer com os gostos do prelado, mas muito sentida e dirigida para as missões, que é um tema muito caro a D. Serafim Ferreira e Silva.

Aproveitando a presença de milhares de fiéis integrados na 40ª Peregrinação Aniversária dos Missionários da Boa Nova, o bispo orientou a sua homilia para a falta de vocações.

“A Humanidade precisa da Igreja e a Igreja precisa de missionários”, afirmou D. Serafim Ferreira e Silva, pedindo aos cristãos mais coerência “na vida e na fé”. Não basta lamentar que há violência, que há pessoas a morrer de fome e depois “ficar sentado no sofá a ver o campeonato de futebol”. É preciso “agir” para “alcançarmos um reino de paz e de verdade”, referiu.

No final da celebração, D. Serafim acenou com a mão aos peregrinos que o agraciavam com uma salva de palmas e garantiu que este não era um adeus definitivo. “Não vos estou a dizer um adeus, mas um até breve”.

O bispo deslocou-se então para a Capelinha das Aparições, onde recebeu os cumprimentos individuais dos crentes, pelo ministério que exerceu em Fátima.

À saída, os peregrinos recebiam um desdobrável com uma mensagem de despedida, assinada por D. Serafim.

A recepção ao novo bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, está prevista para o próximo domingo, dia 25, às 16h30, na Sé de Leiria. Em antecipação, D. Serafim pediu aos diocesanos: “Neste primeiro ano de projecto pastoral sobre o acolhimento, peço-vos para receberdes bem o novo bispo, prestando toda a colaboração e fazendo sincera comunhão”.

PERFIL

D. Serafim Ferreira e Silva nasceu em Santa Maria de Avioso, Maia, Porto, há 76 anos. Foi ordenado sacerdote em Agosto de 1954 e nomeado bispo em Abril de 1979. Em Maio de 1987 foi escolhido para coadjutor da diocese de Leiria-Fátima, após uma passagem pela diocese de Lisboa, sendo empossado como bispo residencial em Fevereiro de 1993. É diplomático e costuma dizer que gosta de ser quem é e fazer o que tem a fazer.

"LEVO-VOS A TODOS NO MEU CORAÇÃO"

Foi com um misto de “alegria e tristeza” e com os olhos inundados de lágrimas que D. António Marto se despediu ontem à tarde dos fiéis da Diocese de Viseu. Numa cerimónia simples mas emotiva e plena de simbolismo, o futuro bispo de Leiria-Fátima agradeceu “a todas as pessoas” a forma como o trataram durante os dois anos em que esteve à frente dos destinos daquela diocese.

“Levo-vos a todos no meu coração”, exclamou, com as duas mãos erguidas ao céu, D. António Marto, afirmando estar “muito feliz e satisfeito” pelo trabalho realizado “em dois anos cobertos de afectos e alegria”.

D. António Marto presidiu ontem pela última vez à missa dominical na Sé de Viseu, que foi pequena para albergar tanta gente. No cortejo litúrgico antes da cerimónia, D. António Marto acenou, em sinal de adeus, um gesto que emocionou grande parte da comunidade.

No prefácio cerimonial coube ao vigário-geral da diocese viseense, monsenhor Sílvio Henriques, fazer as honras da despedida. Considerou o trabalho de D. Marto como “completo e perfeito” para depois dar um dado histórico: “Pela primeira vez, em 1500 anos de história, esta diocese vê partir o seu bispo sem ser por invalidez ou morte. E só se passaram dois anos”. D. António Marto manteve-se calmo e pensativo, mas não segurou as lágrimas quando o vigário-geral se referiu a Nossa Senhora de Fátima e ao Papa Bento XVI como “os grandes ‘culpados’” da sua transferência para Leiria.

Na homilía, D. António Marto, que à sua direita tinha o padre Ilídio Leandro – o prelado que o vai substituir em Viseu – usou o humor para descrever o seu percurso desde que, em 2000, foi ordenado bispo. “É uma missão de fé”, disse.

Antes e após a cerimónia, o bispo foi cumprimentado por dezenas de fiéis e admiradores. Maria Cecília, de 56 anos, fez questão de ser das últimas a entrar na Sé “só para cumprimentar um grande homem”. “Um mensageiro de Deus”, disse Manuel Pinto. A eles, D. António Marto recordou Santo Agostinho: “Não se deixa com dor aquilo que se conquistou com amor”. Leiria-Fátima é, segundo ele, “mais uma etapa”.

PERFIL

D. António Marto, 59 anos, é natural de Tronco (Chaves) e foi ordenado padre em Roma, em 1971. Ali se especializou em Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana. A sua tese de doutoramento teve por tema ‘A esperança cristã e o futuro do homem. Doutrina escatológica do Concílio Vaticano II’. Regressou a Portugal em 1977 para se dedicar à formação no Seminário do Porto. Em 2000 foi nomeado bispo auxiliar de Braga, de onde saiu há dois anos para ser titular da diocese de Viseu. É conhecido como pessoa de bom senso e firme nas decisões.

Fonte CM

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