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500 anos da Basílica de São Pedro em Roma
2006-06-13 14:49:57

A basílica de São Pedro foi edificada sobre o túmulo da necrópole da Via Aurélia, onde a tradição colocava o martírio do apóstolo e que as escavações arqueológicas recentes vieram confirmar.

Entre as margens do rio Tibre até à colina do Vaticano estendia-se um terreno plano, conhecido por «ager vaticanus», onde se encontravam também os jardins de Agripina e um circo mandado construir por Nero, no centro do qual estava colocado o obelisco que, hoje, se encontra no centro da praça de São Pedro.

1. A 18 de Abril de 1506 iniciaram-se em Roma os trabalhos para a nova Basílica sobre o túmulo de São Pedro, o apóstolo escolhido por Jesus Cristo para ser a pedra angular sobre a qual Ele edificaria a sua Igreja.

A história da construção da basílica quis pôr em evidência o primado de São Pedro e o poder das chaves, segundo a promessa de Jesus ao pescador do mar da Galileia: «Eu dar-te-ei as chaves do reino dos Céus, e o que ligares na terra ficará ligado nos Céus, e o que desligares na terra, ficará desligado nos Céus» (Mt. 16, 19).

Com o passar dos anos e o peso da história, ao primado juntou-se o poder temporal e uma sacralização da pessoa e da função do Papa que produziram divisões e sofrimento, de uma forma especial com a excomunhão entre a Igreja de Roma e a do oriente, no século XI, felizmente anulada pelo Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras de Istambul.

O grande escritor Lacordaire afirmou que «Roma é um carisma magnífico e terrível». É o coração da cristandade, mas foi lugar de luta pelo poder e intrigas das famílias nobres, que comprometeram a pureza evangélica, apesar disso o ministério do Papa foi assegurado por Deus para cumprir na história humana a missão de unidade e serviço à universalidade da Igreja. Se as forças do mal e as heresias tentaram destruir a Igreja, as promessas de Jesus tem-se cumprido ao longo dos séculos mais escuros e violentos: «As portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt. 16, 18).

2 – A basílica de São Pedro foi edificada sobre o túmulo da necrópole da Via Aurélia, onde a tradição colocava o martírio do apóstolo e que as escavações arqueológicas recentes vieram confirmar. Entre as margens do rio Tibre até à colina do Vaticano estendia-se um terreno plano, conhecido por «ager vaticanus», onde se encontravam também os jardins de Agripina e um circo mandado construir por Nero, no centro do qual estava colocado o obelisco que, hoje, se encontra no centro da praça de São Pedro.

Junto da estrada, como era costume dos romanos, encontravam-se túmulos e mausoléus, visto a lei das Dez Tábuas proibir os enterros dentro do perímetro da cidade.
Após o martírio do apóstolo Pedro no circo, por volta do ano 64 a 67, os cristãos ergueram uma pequena edícula cercada por um muro pintado de vermelho. Começaram a traçar «grafitti» e num destes está escrito «Pedro está aqui». Para a comunidade cristã de Roma, num tempo de perseguição, este lugar tão modesto e rudimentar conservava a memória do sepulcro autêntico do apóstolo São Pedro.
O imperador Constantino, ao dar a paz à Igreja, decidiu financiar e promover a construção de uma grande basílica destinada a ser um dos lugares mais sagrados da cristandade.

Para construir o edifício violou uma das leis mais sagradas do império, a inviolabilidade dos sepulcros, pois teve que cortar a parte superior de alguns deles e destruir outros para construir uma imensa plataforma e sobre ela construir a basílica, cujos fundamentos foram lançados no ano 324. A Igreja tinha a forma de uma cruz latina, com uma escadaria que subia até um amplo quadripórtico ao centro do qual se ergueu uma fonte. O edifício era semelhante à basílica de São Paulo na Via Ostiense, e estava dividido em cinco grandes naves.

Durante mil anos a basílica foi enriquecida com obras de arte preciosas, mas durante a estadia dos papas em Avinhão no séc. XIII, sofreu incêndios, incúria e no século XVI era um conjunto desorganizado de edifícios com estilos diferentes e perigo de desabamento.

3 – O Papa Júlio II, da família Della Rovere quis construir uma nova basílica com estilo grandioso, para nela colocar também o seu túmulo que confiou ao génio de Miguel Ângelo.

O projecto da nova basílica foi entregue ao arquitecto Donato Bramante a 18 de Abril de 1506, data em que o Papa colocou a primeira pedra. A planta tinha a forma de uma cruz grega com uma grande cúpula central e quatro cúpulas mais pequenas. Entretanto morre o Papa e pouco depois Bramante, tendo este construído apenas quatro pilares para suster a cúpula.

O novo Papa Leão X, filho de Lourenço o Magnífico, que criou a Diocese do Funchal em 1514, chamou o pintor Rafael para dirigir os trabalhos. Rafael era um pintor genial mas arquitecto modesto. Deram-lhe como ajudantes Sangalo e Frei Giocondo de Verona. A necessidade de fundos para a construção determinou uma terrível luta na Igreja com a concessão de indulgências que, se assemelhava a uma venda, e provocou a revolta de Lutero. Rafael morreu sem deixar progressos na construção. Entretanto Roma é atacada por revoltosos, «os Lanzichenecchi», que arruinaram as obras da basílica em construção.

Finalmente a obra foi confiada a Miguel Ângelo que, apesar dos seus 71 anos, estava cheio de vigor e espírito criativo e polémico. Com a morte de Miguel Ângelo a cúpula ainda não estava terminada. O arquitecto Maderno alterou o projecto e alongou a nave central, para tornar a basílica o maior templo do mundo e construiu a fachada actual.
Finalmente Bernini foi chamado a trabalhar em São Pedro em 1623, e a basílica foi consagrada em 1626 pelo Papa Urbano VIII. O génio de Bernini criou a «colonnata» da praça de São Pedro e o Baldaquino de bronze dourado sobre o túmulo do apóstolo.

Os 500 anos que estamos a celebrar, recordam o passado, mas mostram também como a graça de Deus fala aos homens de todos os tempos com a linguagem da beleza.

As multidões afluem e invadem todos os dias a grande basílica para admirarem a grandeza e magnificência das suas obras de arte, beijarem o pé da estátua de São Pedro e rezarem o Credo junto ao túmulo do apóstolo.
A basílica só revela todo o seu esplendor na Santa Liturgia, principalmente a celebrada pelo Santo Padre. Nesta ocasião todo o monumento é um hino de louvor e acção de graças a Deus que escolheu um humilde pescador do lago de Genesaret para ser a pedra sobre a qual edificaria a sua Igreja, e ser o centro da sua unidade e universalidade.

Na humilde edícula do séc. I os cristãos escreveram «Pedro está aqui». Ele continua vivo e operante nos que Deus escolheu ao longo dos séculos, para a mesma missão.

Fonte Ecclesia

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