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Madre Rita é heroína da fé e da santidade - D. António Marto fala à Agência ECCLESIA da importância da futura beata portuguesa na vida da diocese
2006-05-25 20:24:57

Agência ECCLESIA (AE) – Com a proximidade da beatificação de Madre Rita nota-se alguma «ansiedade» nos cristãos de Viseu?
D. António Marto (AM) – Temos uma comissão que está a fazer toda esta preparação próxima – a nível pastoral e de organização – para que o dia 28 de Maio seja um dia festivo e que possa envolver toda a diocese. Recentemente, publiquei um comunicado à diocese onde pedia algumas coisas e apresentei o programa das celebrações. No dia 26 será inaugurada uma exposição sobre a obra e a vida de Madre Rita – feita pelas Irmãs do «Instituto Jesus, Maria e José» e nesse mesmo dia, à noite, haverá um encontro de coros e órgão, na Igreja do Seminário Maior de Viseu.


No dia seguinte haverá uma celebração vespertina presidida por um bispo do Brasil, da diocese onde se refugiaram as primeiras irmãs que saíram daqui devido à perseguição da República. E na tarde do dia 28, no Adro da Sé, será a grande celebração da beatificação.

AE – Como sente o pulsar da diocese?
AM – É um pouco diversificado. Depende da acção que os pastores desenvolveram junto das comunidades. Na paróquia de naturalidade da Madre Rita tem-se vivido um programa de preparação intenso para este dia. Nas outras comunidades temos enviado subsídios para se fazerem encontros e celebrações em ordem à sensibilização. Na nota que enviei pedi aos párocos que neste Domingo (21 de Maio), façam um anúncio em todas as missas e que haja uma representação de cada comunidade cristã para mostrar o envolvimento de toda a diocese nas suas variadas expressões. Para ás 16 horas do Domingo da beatificação (28 de Maio) pedi que os sinos repicassem - em sinal de júbilo. Contamos que seja um acontecimento eclesial grande, envolvente e solene.

AE – Uma forma de «provocar» a diocese?
AM – Provocou muita gente mas – temos de ser sinceros e verdadeiros – não posso dizer que provocou todos. Senti que houve uma provocação na vertente vocacional porque este ano pastoral está orientado nesse sentido. Em vários pontos da diocese fizeram-se vigílias vocacionais na base do testemunho da Madre Rita de Jesus.

AE – Que pontos gostaria de destacar no testemunho de Madre Rita e que poderão ser exemplo para os cristãos de Viseu?
AM- O seu carisma pode ser exemplo para os cristãos de Viseu e de Portugal. Ela foi uma mulher do povo mas com a sua simplicidade, fortaleza e grandeza da fé foi um exemplo. Soube ler os sinais dos tempos concretamente a favor da família (corria o risco da desagregação), a favor da promoção da mulher (libertando-a da escravidão da prostituição) e a favor das crianças pobres e abandonadas (defendia uma educação gratuita). Foi uma precursora da modernidade.

AE – É a primeira beata deste território eclesial e terá a presidir à celebração um cardeal português. Dois motivos de festa?
AM – Dois momentos de júbilo que fazem deste acontecimento um facto histórico. É a primeira vez que se realiza uma beatificação na diocese e, por outro lado, o legado do Santo Padre para a beatificação é um cardeal português e «beirão».

AE – Acha que o cardeal Saraiva Martins teve alguma influência no apressar do processo?
AM – Não estou muito por dentro do processo até porque, quando aqui cheguei, já estava anunciado que Madre Rita iria ser beatificada. De qualquer modo penso que deve ter tido a sua quota parte em ordem a acelerar o processo, uma vez que se tratava de uma «Serva de Deus» portuguesa.

AE – Nota uma grande devoção à Madre Rita, na sua diocese?
AM – Existe uma devoção situada mais nos arredores de Viseu. Aí, ela era mais conhecida e foi onde deixou mais a sua marca. Estas devoções também não surgem de um dia para o outro (é necessário criar raízes).

AE – O que fazer para aumentar esta devoção? Com pagelas e livros?
AM – Com tudo isso. Nós fizémos chegar a todas as paróquias pagelas e livros. Nas vigílias vocacionais foram dados testemunhos usando mesmo os meios modernos de Comunicação Social. Através do Powerpoint mostrámos momentos da sua vida, vocação e obra. Tudo isto materializou-se num «corpo» que é o Instituto «Jesus, Maria e José».

AE – Uma beata que foi divulgada através das novas tecnologias?
AM – É verdade. As novas tecnologias têm de estar ao serviço da evangelização.

AE – Será ela um exemplo para a nova evangelização?
AM – Em certa medida é. Toda esta obra de «amor» interpessoal e social é fruto de um grande ardor que não nasceu por mera filantropia. Desde pequena que ela dizia que, por amor de Cristo, sou capaz de dar uma volta ao mundo e suportar todos os sofrimentos dos irmãos. Isto é a nova evangelização que requer, antes de mais, um novo ardor do coração. Se não existir «fogo» no coração não existe evangelização.

AE – Esta celebração é o culminar de um caminho feito nos últimos dois anos na diocese de Viseu?
AM – É um ponto alto e significativo mas não concentra toda a actividade pastoral de um bispo nem todo o contacto tido com a diocese.

AE – É um testemunho de despedida?
AM – Não. Essa celebração é apenas de Acção de Graças a Deus por este fruto belo de santidade desta Igreja. A despedida... eu desejaria sair sem festas mas não podemos fugir à vontade do povo.

AE – Não é a despedida mas será também uma festa popular?
AM – Penso que sim e terá a correspondência do povo. É uma festa também da santidade popular. Esta é acessível a todo o povo de Deus e a todas as idades. A santidade popular é vivida mas os nossos olhos não estão muito abertos para a ver. Infelizmente, sofremos de uma doença do olhar que está mais sensível para ver o mal que existe no mundo. Nas minhas visitas pastorais posso contemplar «um mar» de santidade popular.

AE – Há uns meses atrás, o pároco de Casal Mendinho (terra natal de Madre Rita) disse que todos os habitantes da localidade, incluindo «cegos, coxos, surdos e mudos», deslocar-se-iam à cerimónia. Viseu será «invadida» nesse dia?
AM – Acredito que sim. As pessoas estão mobilizadas para isso. E depois há a questão do bairrismo e do herói da nossa terra.

AE – Ela é a heroína da terra?
AM –Sim. Ela é a heroína da fé e da santidade.

AE – Com a beatificação, a terra e o Instituto que ela fundou ganham um certo protagonismo. A nível vocacional este facto é benéfico?
AM – As irmãs do Instituto têm tomado também iniciativas de dar a conhecer a obra de Madre Rita. Têm um protagonismo privilegiado neste processo de preparação e celebração. Esperemos que sirva também para tocar o coração de gente nova e suscitar novas vocações.

Fonte Ecclesia

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