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D. António Marto: Novo bispo de Leiria-Fátima
2006-05-16 23:39:00

Foi um dos poucos padres-operários em Portugal, nos anos 60, e fez a sua formação teológica em Roma, onde o actual Papa Bento XVI chegou a visitá-lo no quarto. D. António Marto esteve décadas sem se interessar por Fátima, mas a partir de 25 de Junho vai ser o seu bispo.

Lembra-se de, em criança, ter ouvido falar da história dos três pastorinhos?

Era muito pequenino. Ouvi que a Nossa Senhora veio pedir a paz para o mundo e que os pastorinhos ficaram encantados com isso.

E não lhe falaram das visões do inferno?

Só sabíamos que houve uma aparição e que rezar o terço era um bom contributo.

Quando é que foi a Fátima pela primeira vez?

Foi em 1953 e tinha seis anos. Fui a Fátima com uns tios do Brasil. Os meus pais eram pobres. Não saíamos da aldeia. Éramos quatro irmãos: dois morreram ainda crianças e fiquei eu e a minha irmã. Recordo-me de uma colunata que tinha umas fontes.

Foram a pé?

Fomos de carro. Os meus tios do Brasil eram abastados.

O seu pai queria que se tornasse militar.

Queria que fosse para os Pupilos do Exército. O sonho dele era que eu fizesse carreira.

Como é que lidou com essa vontade do seu pai?



EM MANGUALDE, no centro paroquial, sábado, 6 de Maio. Adolescentes recebem o bispo António Marto com uma canção, antes de ele lhes dar o crisma

O meu pai não gostava que eu fosse padre. Ele ficou surpreendido e disse-me: «Bom, vamos lá ver». Mais tarde, contou-me que tinha pedido conselho aos amigos se havia de me deixar ir ou não. E eles disseram-lhe: «Respeita a liberdade do rapaz, quando ele for grande decidirá». Fui para o seminário ainda pequeno, com 10 anos. Mas obrigou-me a fazer a admissão ao liceu. E, quando cheguei aos 18 anos, abordou-me directamente para eu tomar a opção: se quisesse sair, aquele era o momento indicado. Mas terminou assim: «Tu é que sabes». Admiro o meu pai por respeitar a minha liberdade. Depois do curso de Teologia no Porto, fiz estágio numa fábrica.

Foi padre-operário?

Sim. Foi no tempo em que havia esse ideal: ser operário junto dos pobres.

Sentiu isso como um protesto contra o regime de Salazar?

Era mais dar um testemunho da Igreja. Não fui só eu para as fábricas. Éramos três. Tínhamos vontade de fazer uma experiência junto do movimento operário. Pedi ao meu bispo, em Vila Real, e aí tive outra surpresa. Ele não queria, mas disse-me: «És livre».

Qual era a fábrica?

A Ferreirinha & Irmãos, de metalurgia, no Porto. Trabalhei lá um ano. Ainda tenho aqui um sinal mostra um dedo ligeiramente deformado.

O que lhe aconteceu ao dedo?

Era torneiro-mecânico. Fazíamos os segmentos para os motores de automóveis e para os motores de aviões. Tínhamos de medir as peças com toda a exactidão. Estava a explicar a outro operário como é que se fazia. Sem querer, ele ligou a máquina e fiquei com esta marca. Depois, D. António Ferreira Gomes do Porto perguntou-me se queria ir estudar para Roma.

Foi para a Pontifícia Universidade Gregoriana?



Na biblioteca da casa onde ainda vive, em Viseu

Sim. Foi um mundo novo. O sistema democrático. Uma das coisas que me atraía era estar em frente da televisão a ver aquelas discussões entre partidos - como nós hoje vemos em Portugal.

Achou Roma bonita?

Belíssima e cosmopolita. Do ponto vista político e religioso. Passei lá sete anos. Os melhores anos da juventude - dos 23 aos 30.

O que é que esteve a estudar?

Teologia. Fiz a licenciatura e um doutoramento na área da Escatologia, à luz do Concílio Vaticano II.

Sentiu os novos ventos do Concílio Vaticano II enquanto esteve em Roma?

Sim. Vivia-se a era da renovação. Estávamos ansiosos.

Foi nesse contexto que conheceu o cardeal Ratzinger, actual Bento XVI?

Eu tinha 28 anos e Ratzinger tinha 48 anos. Eu sabia alemão e ele foi visitar o colégio alemão (onde residem os seminaristas da Alemanha) e pedi-lhe apoio para a tese de doutoramento. Foi ter ao meu quarto, onde havia um piano, e a primeira coisa que fez foi tocar. Foi muito amável. Depois estive muitos anos sem o ver. No ano 2000 organizei umas jornadas sobre teologia com o título «Para onde vai o Cristianismo?» e lembrei-me de o convidar. Fui a Roma e ele recebeu-me com toda a cordialidade. Deixei-o escolher o tema e a data. E ele veio. É um homem de uma inteligência rara e de uma cultura invulgar. Conhece a história da filosofia e é também um homem simples, humilde, que escuta muito.

Que fama tinha Ratzinger em Roma?



O ÚLTIMO ACTO oficial como bispo de Viseu: a beatificação de Madre Rita, uma mulher que ajudou outras mulheres a saírem da prostituição. «Uma percursora da modernidade»

Tinha fama de ser um grande teólogo.

Como conjuga isso com o facto de ele, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ter castigado mais de 100 teólogos?

Era a função dele, num período de certa confusão. Às vezes cai-se em extremismos, o que não quer dizer que não haja partes de verdade. Na Antiguidade, os heréticos também tiveram partes de verdade. É preciso chamar as coisas pelos nomes. Por exemplo, a Teologia da Libertação teve algumas reflexões reconhecidas pelo Papa João Paulo II. O que foi criticado foi ter tomado o marxismo como chave de leitura.

Em Roma, ouvia falar de Fátima?

Os interesses eram outros. Quem lhe deu uma projecção universal foi João Paulo II.

Existia uma visão muito anticomunista ligada ao santuário. Quando regressou, em 1977, com que imagem ficou da Cova da Iria?

Fui lá com uns colegas e estive na capelinha das aparições, mas não fixei mais nada. Na altura, não tinha muito interesse por Fátima.

No Porto, foi colaborador no jornal «Voz Portucalense» (da diocese portuense) e ganhou notoriedade.

Estranho muito o impacto que às vezes dizem que tive. Não fiz nada de especial. Escrevia a secção «Igreja no Mundo». Quando passei a director da Faculdade de Teologia, deixei de colaborar. Era muita coisa.

Considera-se um homem de esperança?



NO DIA 1 DE MAIO, durante o intervalo de um congresso, no centro paroquial de Viseu, contando como em 2000 levou ao Porto o cardeal Ratzinger, «um homem simples»

Sou um homem de esperança. Nas minhas visitas pastorais vejo manifestações de santidade na gente que anda por aí nas aldeias, para fazer contraste com as notícias de abertura dos telejornais, que só mostram o mal do Mundo.

O discurso da Igreja não tem sido também catastrofista? Um discurso que, além disso, está sempre a proibir.

Infelizmente, é a imagem que passa para o grande público. O cardeal Ratzinger falava da redução do Cristianismo a três pacotes: o pacote dos dogmas, o pacote das obrigações e proibições e o pacote das orações e devoções. E portanto não se lhe descobre a beleza, o encanto, a alegria que a fé traz. Gosto muito de uma expressão de Paulo VI. Ele diz: «O Cristianismo é alegria. A fé é alegria. A graça é alegria. Cristo é a alegria, a verdadeira alegria».

Não acha que os acontecimentos da Cova de Iria deveriam ser também revistos à luz desse entendimento da fé?

Fátima é uma explosão do sobrenatural. É uma manifestação de Deus através de Maria num momento dramático da História. O próprio Deus expressa o grito de dor pelas vítimas inocentes.

Mas foram prometidos muitos castigos.

Foi usada uma linguagem própria da época, com um certo estilo infantil, para as crianças compreenderem a mensagem à sua medida, usando os recursos psicológicos, afectivos e imaginários que elas tinham. É uma mensagem de exigência - «se não vos reconverterdes, perecereis todos» - e de esperança, de que é possível vencer o fatalismo do mal. Apela a uma conversão da humanidade e da própria Igreja em que um dos elementos principais é a oração.

Visões do inferno ou o pedido de sacrifícios a crianças não lhe parece excessivo?

Era a visão que as crianças tinham, que só pode ser interpretada em chave simbólica. Não é do tipo fotográfico, de descrição científica.

Conhece os sacrifícios que se fazem na Cova de Iria. Não se pode mostrar gratidão a Deus de outro modo?



CHOROU quando o nomearam bispo, porque não queria sair da Faculdade de Teologia. Agora, também não queria sair de Viseu. No terraço da casa onde vive, na parte velha da cidade, perto do Rossio

O sacrifício é uma oblação, uma entrega da pessoa. Há uma pluralidade de expressões. Para uns os sacrifícios são mais simples. Mas para quem tem uma fé adulta, os sacrifícios são mais existenciais. Eu admito a pluralidade da fé dos simples e dos cultos.

Não lhe parece um exagero admitir que, ainda hoje, se façam sacrifícios físicos?

As pessoas prometem tudo aquilo que podem perante as dificuldades da vida. Acho, contudo, que temos de as educar para a sua maturidade.

Fez um estudo sobre a mensagem de Fátima.

Sim. Quando comecei a ler as memórias da irmã Lúcia, tive dificuldade. Estão na linguagem da época. As aparições são escritas num registo psicológico infantil. As aparições são mais importantes do que parecem à primeira vista. A dimensão infernal que lá aparece - e que é impressionante - serve para mostrar a gravidade dos acontecimentos. Eduardo Lourenço, no livro Esplendor do Caos, diz mais ou menos isto: conseguimos colocar o inferno no mais atroz dos séculos, referindo-se ao século XX.

O santuário deve ser um espaço inter-religioso e ecuménico ou antes um local de liturgia católica?

O santuário é mariano, de culto católico, e não um santuário de todas as religiões. Devemos salvaguardar a sua identidade. Mas existe lugar para o diálogo ecuménico, o diálogo inter-religioso e o diálogo com os não crentes.

O que pode fazer o santuário em relação ao Islão?

Pode ser uma ponte com o Islão e com a cultura islâmica. Até porque os crentes islâmicos têm uma grande sensibilidade para com a Nossa Senhora. Mas sem confusão.

Seria razoável convidar um «ayatollah» a vir a Fátima?

Nunca farei nada sozinho sem consultar o reitor do santuário e as novas estruturas. É preciso ter o sentido prudencial das coisas.

Nessa ideia de paz não devia incluir programas públicos e não apenas encontros em privado com outros líderes?

Ao nível do diálogo, sim. Até congressos. Isso faz parte das perspectivas da Igreja. Ao nível do culto, não.

Fátima retém muito dinheiro e pouco se sabe sobre o seu destino.

Só sei dos últimos anos.

A gestão não deveria ser mais transparente para a comunidade cristã?

Houve um esforço de transparência ao tornar as contas públicas. Confio plenamente na gestão feita pelo reitor e pelo bispo D. Serafim Ferreira e Silva. Associar à administração do santuário a conferência episcopal, como exigem os novos estatutos, é capaz de dar uma maior dinâmica.

Teria decidido construir esta basílica?

Está feita. Teria de estudar para saber se me decidiria por ela. Mas a verdade é que, para já, vou chegar lá e não conheço nada. O primeiro ano é para conhecermos. Não é como um ministro que chega ao Governo e executa.

Já tem algum projecto pessoal para Fátima?

Gostaria de criar um centro de estudos mariológicos, com investigação para teólogos e sociólogos.

E já discutiu a ideia com os outros bispos?

É ainda uma ideia minha. Mas gostava que já existisse. Gostaria sobretudo de ter ali uma biblioteca o mais universal possível. Para se conhecer o papel de Maria no Evangelho, na história, na devoção popular, na arte, no mundo.

Terá de escolher um novo reitor para o santuário. Qual é o perfil que procura: um teólogo ou um homem de obra?

Conheço este reitor há bastantes anos. É um homem sério. Não é só um homem de obras, mas também de pensamento. Disse-lhe que tem toda a minha confiança. Se um dia tiver de ser substituído, gostaria que fosse alguém simultaneamente teólogo e pastor.

Há muito comércio religioso em Fátima. Faz sentido mudar alguma coisa?

O comércio não está ligado ao santuário.

Mas há uma pastoral que os bispos podem fazer.

Naturalmente. Acho que sim. Às vezes estão à venda coisas muito «kitch», muito vulgares. Dignidade, beleza e transparência em todo este campo serão bem-vindas.

O que é que gosta de ler?

Só ao fim do dia é que às vezes leio o jornal. Gosto de ler poesia. A Sophia de Mello Breyner é a minha favorita. E tenho a obra toda do Miguel Torga. Gosto da Agustina, de ler na Internet, onde se encontra muita informação.

Ouvimos dizer que é poeta.

É mais prosa poética. E tenho pouca coisa. Para escrever tenho de elaborar, não fico satisfeito se não sai com alguma beleza. Precisava de ter mais tempo.

Preocupa-se muito com a beleza, com o sentido estético da fé cristã.

A verdade pode ficar abstracta, o bem pode ter um sentido moralista do dever. E a beleza serve para descobrir a beleza da verdade e do bem. No fundo, a beleza da vida.

O que gosta de fazer mais?

Passear na montanha, embora poucas vezes faça isso, e viajar pelo mundo. Quando era estudante, andava à boleia.

Gosta de comer bem?

Gosto de boa cozinha.

E de cozinhar?

Fui professor de Teologia da Criação. Dava sempre aos alunos a noção da bondade e da beleza da criação. O grande louvor a Deus era a gente também saborear os bons e belos dons da criação. Trazia um bom vinho e dava-lhes uma aula prática sobre isso.

Tem tempo de estar com a família?

Vou sempre ter com eles. Natal, Páscoa e 15 dias durante as férias grandes.

Os seus deveres não o inibem?

Digo sempre aos padres que devem humanizar a vida. A nossa fé não é desincarnada. A humanidade deve ter uma dimensão afectiva. É saudável, para andarmos bem dispostos e acolhermos bem as pessoas. Um pároco cansado cansa o seu povo.

Já alguma vez sentiu necessidade de fazer uma promessa a Fátima?

Eu nunca fui de fazer esse género de promessas. A promessa do coração a Deus, sim. Porque esta história de ir de Viseu para Fátima... (risos) - se pudesse escolher, eu não saía daqui.



Entrevista de Mário Robalo e Micael Pereira
Fotografias de Rui Duarte Silva

Nome - Augusto dos Santos Marto

Idade - 59 anos

Naturalidade - Tronco (Chaves)

Habilitações académicas - Depois de estudar nos seminários de Vila Real e do Porto, licenciou-se em Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, onde também se doutorou

Percurso profissional - Foi Prefeito no Seminário Maior do Porto e professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (Porto). Teve várias actividades pastorais, desde paróquias à Liga Operária Católica. Nomeado bispo auxiliar de Braga em Novembro de 2000, passou a presidir, dois anos depois, à Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo. Em 2004, foi nomeado bispo de Viseu e passou a integrar o Conselho Permanente da Conferência Episcopal. Em Junho assumirá a liderança da diocese de Leiria-Fátima, depois de Bento XVI o ter nomeado substituto de D. Serafim Ferreira e Silva, em 22 de Abril passado




O Vaticano e o santuário da Cova da Iria
As razões de novo bispo



A nomeação de um novo bispo de Leiria-Fátima está directamente ligada à importância que o Vaticano atribui actualmente ao Santuário da Cova da Iria. Depois da beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, em Maio de 2000 - que coincidiu com a revelação do «último segredo» de Fátima -, e do desaparecimento, em Fevereiro do ano passado, da monja carmelita Lúcia de Jesus (a última vidente viva das aparições de 1917), Roma passou a dar sinais claros de que as actividades do santuário - mesmo as mais mediáticas, como as peregrinações - deveriam assumir um carácter mais teológico.

Os porquês da mudança



Iniciativas consideradas menos ortodoxas, como a presença do Dalai Lama na capelinha das aparições, em 2001, a realização de encontros inter-religiosos ou a presença de peregrinos hindus, em 2004, desagradaram à Cúria Romana. Para o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger (hoje Papa Bento XVI), estava em causa o próprio modelo de gestão do santuário, tanto ao nível financeiro como pastoral. Ratzinger pretendia que o lugar das aparições da Virgem se tornasse numa «escola de reflexão» da doutrina da Igreja, mas deixara claro ao Episcopado português a urgência de tornar a administração do santuário mais colegial, a exemplo de outros, como Lourdes (França).

Como tem sido a gestão...



É gerido desde 1973 por monsenhor Luciano Guerra, um reitor que tem mantido num certo secretismo a sua forma de gerir «as coisas de Deus». Entre os bispos, há quem afirme que mesmo a recente divulgação sumária das contas do santuário - cujos valores não são desprezíveis, mais de 19 milhões de euros em «proveitos» em 2004, os últimos dados conhecidos - foi uma exigência do bispo resignatário, D. Serafim Ferreira e Silva. Recorde-se que a própria construção da nova basílica (cujo custo está estimado em mais de 45 milhões de euros) foi decidida sem o parecer obrigatório do Conselho Nacional do Santuário de Fátima (composto pelos arcebispos de Braga e de Évora e pelo patriarca de Lisboa).

...e como passará a ser



Os novos estatutos do santuário, que passa de diocesano a nacional, prevêem que o bispo responsável seja coadjuvado, na gestão financeira, pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, cargo actualmente desempenhado por D. Jorge Ortiga, e pelos três membros do Conselho Nacional. A tarefa mais difícil de D. António Marto - que quer fundar um centro de estudos mariológicos - será a escolha do substituto para o actual reitor, Luciano Guerra, que atingirá a idade limite (75 anos) para continuar no cargo em Outubro de 2007, data da inauguração da nova basílica. A nomeação do futuro reitor também terá de ter a concordância da Conferência Episcopal.




O pensamento de D. António Marto sobre Fátim
Sobre a mensagem



«É bem evidente como a mensagem de Fátima se refere à nova era dos tempos modernos com particular incidência na época dos dois grandes conflitos que marcam a história do século XX.

Depois das Escrituras é talvez a denúncia mais forte e impressionante do pecado do mundo que convida toda a Igreja e o mundo a um exame de consciência sério.

A mensagem de Fátima é porta-voz do clamor das vítimas e torna-se um convite a ler a história a partir das vítimas, a deter-se perante o mistério do homem diante do mistério de Deus.

Sobre a devoção



Esta devoção (à Virgem) não é só e exclusivamente ‘folclore’. Não se esgota no aspecto exterior, nas procissões de imagens da Virgem, nas novenas da Imaculada ou da Senhora da Assunção, nos meses marianos de Maio ou Outubro.

Todas estas manifestações mais ou menos festivas, exuberantes ou afectivas exprimem e manifestam a profunda convicção que o povo tem acerca de Maria como mulher escolhida pelo Pai para ser mãe do seu Filho eterno, feito homem e, por isso mesmo, agraciada com todo o dom do Espírito Santo.

Maria testemunha assim que a evangelização mais eficaz é aquela que nasce da adoração e conduz à adoração, isto é, a rendermo-nos diante de Deus e a buscar a sua glória, na obediência à sua santa vontade.

Maria é âncora segura no meio de ondas agitadas do presente. Nos países do ateísmo comunista a fé conservou-se nas famílias graças aos ícones de Maria escondidos nas casas e utilizados para a oração.

Em «Fátima e a Modernidade, Profecia e Escatologia», livro de D. António Marto, a publicar em Junho, depois de assumir o cargo de bispo de Leiria-Fátima.

Fonte Expresso

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