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Capela de Arroios recebe ucranianos
2001-06-30 18:41:51

É estranha a sensação de paz que nos invade quando transpomos a enorme porta verde da Capela de Nossa Senhora da Nazaré, no antigo Hospital de Arroios.

Trata-se de uma capelinha octogonal - a capela-mor deu lugar à caixa de um elevador - que com passar do tempo ficou despojada de altares e adornos e que, durante anos, serviu de depósito de sucata dos hospitais civis. A generosidade dos paroquianos da Igreja de São Jorge de Arroios e os donativos de alguns particulares totalizaram os 12 mil contos necessários para tornar possível a recuperação deste templo, edificado em 1705, que a partir de Agosto será o local de apoio e de culto da comunidade imigrante dos países do Leste Europeu, instalada na Grande Lisboa.
"Vamos ter a funcionar um centro de apoio jurídico e social, prestado por voluntários, duas vezes por semana, que auxiliarão os imigrantes nas questões burocráticas", explicou ao JN monsenhor José de Freitas, pároco de São Jorge de Arroios, que tem acompanhado de perto as obras de restauro. Dado o reduzido espaço, os gabinetes serão instalados no antigo coro, que também já desempenhou as funções de enfermaria.
Apesar de pobre em ornamentos, a não ser dois painéis de azulejos do século XVIII, trata-se de uma grande dádiva para uma comunidade que pouco ou nada tem e que, neste momento, é a que requer mais atenção por parte do Serviço de Migrações, do Departamento da Pastoral da Mobilidade do Patriarcado de Lisboa. As celebrações serão conduzidas por um padre ucraniano e oficiadas no rito bizantino.

Confiança na Igreja
Além da barreira da língua, muitos dos imigrantes já foram enganados por patrões menos escrupulosos ou vítimas de actos violentos perpetrados pelas alegadas "mafias de leste". "A única entidade que lhes merece confiança é a Igreja", explicou Delmar Barreiros, director do Departamento da Pastoral da Mobilidade, em conversa com o JN. Segundo este responsável, estimam-se em mais de 50 mil os imigrantes de leste, na sua maioria ucranianos, que actualmente se encontram na Grande Lisboa.
A necessidade de acompanhar estes cidadãos estrangeiros surgiu no Natal de 2000, quando as autoridades eclesiásticas se aperceberam do elevado número de sem-abrigo vindos de Leste. Em Fevereiro, através de um pedido feito à Igreja Católica Ucraniana, foi destacado para Portugal um padre ucraniano.
"Enviámos para todas as paróquias uma carta, que foi divulgada, escrita pelo padre Josafah Koval, a marcar um primeiro encontro em Lisboa. A reunião aconteceu no Domingo de Ramos, com 700 presenças, e o número aumentou para as comemorações do Domingo de Páscoa, em São Jorge de Arroios", prosseguiu Delmar Barreiros. A partir daí as relações entre a comunidade e a Igreja portuguesa estreitaram-se com o desenvolvimento de vários tipos de apoio aos imigrantes.
"Temos mais de mil alunos a frequentar aulas de português espalhados, por quinze centros", revelou o clérigo. O contacto individual com cada um dos imigrantes permitiu ainda fazer o levantamento de quantos estão realmente empregados e a criação de bolsas de emprego. "Temos duas listagens, uma com 83 e outra com 61 imigrantes sem emprego. São principalmente pedreiros, carpinteiros e soldadores, mas temos um neurologista", continuou acrescentando que na sua maioria têm uma preparação cultural bastante elevada.
Uma outra medida tomada pela Pastoral das Migrações foi a inclusão de dois programas falados em ucraniano, à segunda e quarta-feira, na Rádio Voz de Lisboa.

Fonte JN

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