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Falta de sacerdotes na Igreja preocupa patriarca de Lisboa
2006-04-14 21:45:19

O cardeal patriarca de Lisboa alertou ontem para a falta de padres ao serviço dos crentes. No dia em que a Igreja Católica assinala a instituição da eucaristia e do sacerdócio, definidos por Cristo na última ceia, D. José Policarpo abordou uma questão actual e preocupante, mas que não tem merecido da hierarquia religiosa nacional o debate que muitos reclamam: a falta de vocações.

"Procuraremos sempre, da maneira possível, que não falte a nenhuma comunidade a graça própria do ministério sacerdotal. Mas não podemos satisfazer todas as exigências das pessoas e das comunidades", afirmou D. José Policarpo, durante a homilia da missa crismal celebrada na Sé de Lisboa.

Nesta cerimónia, onde os sacerdotes renovam as suas promessas sacerdotais, o patriarca lembrou "o peso dos anos e a fragilidade da doença" sentidos por "um número significativo de sacerdotes." Por isso, aos que têm como missão estar ao serviço da Igreja, D. José pediu compreensão e generosidade nas responsabilidades assumidas.

No Porto, o bispo D. Armindo Lopes Coelho mostrou-se também preocupado com a falta de vocações. "A cultura actual, secularizada, religiosamente neutra e indiferentista, agnóstica ou ateísta, individualista e economicista, não favorece, contraria ou anula muitos dos sinais de esperança que despertam na juventude, nomeadamente quanto à vocação para o presbiterado, a consagração religiosa e o matrimónio religioso", lamentou na sua homilia.

Os número falam por si: este ano vão ser ordenados 38 padres, menos 14 do que em 2000 (ver caixa). As consequências reflectem-se no dia a dia, com padres que chegam a estar responsáveis por oito paróquias ao mesmo tempo e não têm mãos a medir no meio de tantas solicitações.

Para o padre Anselmo Borges, a explicação para a falta de jovens nos seminários é complexa. Mas parte de um princípio simples: "Quando a própria fé das pessoas está em crise não há espaço para vocações", disse ao DN. "O celibato pode ajudar a afastar os jovens mas fundamentalmente o problema está no meio em que vivemos, nesta cultura diferente que não estimula a vivência na fé."

Na opinião de Maria João Sande Lemos, do movimento internacional Nós Somos Igreja, a raiz do problema está "no desencanto das pessoas com a estrutura hierarquizada da Igreja". Ou seja, "as pessoas não se revêem na Igreja, que não sabe responder aos seus anseios e tem uma doutrina redutora", afirmou ao DN.

Para o teólogo Peter Stilwell, quando faltam padres para celebrar o essencial da fé cristã - os sacramentos - algo está mal. Mas o problema não tem merecido o debate adequado no seio da Igreja Católica, considera. "É preciso encarar este problema que é uma realidade actual, debatê-lo com profundidade e encontrar soluções", afirmou ao DN. "Ou temos criatividade em termos pastorais para resolver este problema, ou colocamo-nos perante o colapso do sistema", advertiu.

Fonte DN

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