paroquias.org
 

Notícias






Conselho Mundial de Igrejas valoriza teologia no diálogo ecuménico
2006-02-28 23:25:10

A opção por um ecumenismo mais teológico, a introdução de critérios para a admissão de novas igrejas-membros, divisões acentuadas sobre questões éticas, afastamento entre ortodoxos e protestantes em temas importantes e a necessidade de definir a identidade cristã num mundo globalizado.

Durante dez dias, estas foram as principais notas da nona assembleia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que anteontem à noite terminou em Porto Alegre (Brasil).
Durante este tempo, a assembleia fez-se com debates, orações, espectáculos e fóruns. Cerca de quatro mil pessoas (dos quais 700 delegados das 347 igrejas protestantes e ortodoxas que compõem o CMI), representando uns 400 milhões de cristãos de todo o mundo, participaram nesta espécie de fórum social mundial de igrejas.
Apesar de se ter desenvolvido sob o signo do consenso, este significou também, por vezes, a assunção das diferenças que permanecem entre muitas das igrejas - nomeadamente entre ortodoxos e protestantes.
Ontem mesmo, em entrevista ao jornal francês La Croix, o presidente do CMI e líder dos cristãos da Arménia, Aram I, dizia: "Hoje, as igrejas estão mais divididas acerca de questões éticas do que sobre os dogmas. É preciso dar prioridade absoluta a estas questões, que são também factores de divisão no interior das igrejas."
Essas diferenças atravessam também a própria concepção do diálogo ecuménico: para alguns dos participantes, este deveria definir-se sobretudo pelas acções conjuntas, enquanto outros advogam o aprofundamento teológico. Mas a assembleia concordou que é preciso dar passos para ultrapassar a actual sensação de marasmo. No documento conclusivo, pede-se mesmo que o CMI (ou Conselho Ecuménico, como também é designado) dê "toda a atenção à unidade, à espiritualidade e à missão, tanto no plano teológico como no plano prático".

Fé e Constituição
Isto quer dizer que é necessário que as diferentes igrejas conversem sobre o que as divide em termos teológicos, mas que continuem a trabalhar em conjunto. Uma orientação que é válida também na relação do CMI com a Igreja Católica - que não integra o conselho. O cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, foi a Porto Alegre reafirmar que a prioridade do pontificado de Bento XVI é o ecumenismo.
A insistência em dar maior importância, no interior do CMI, ao grupo Fé e Constituição - do qual também faz parte a Igreja Católica - foi outra nota dos debates. Elizabeth Fisher, da Igreja Anglicana, foi uma das vozes que afirmaram ser necessário "colocar fé e Constituição no centro do movimento ecuménico". Ou seja, tudo passa pelo debate profundo das questões que dividem os cristãos

António Marujo

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia