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Bento XVI quer devolver «esplendor original» à palavra amor
2006-01-23 22:04:05

Bento XVI explicou hoje que a sua primeira encíclica “Deus caritas est” (Deus é amor) nasceu da vontade de devolver o “esplendor original” à palavra “amor”. O Papa justificava a sua escolha perante os participantes do Congresso internacional sobre a caridade, promovido pelo Conselho Pontifício “Cor Unum”.

“A palavra amor está hoje tão deturpada, consumida e abusada que quase se teme deixá-la aflorar aos próprios lábios”, lamentou no seu discurso. Apesar disso, Bento XVI frisa que “nós não podemos, simplesmente, abandoná-la (a palavra amor), mas devemos retomá-la, purifica-la e devolvê-la ao seu esplendor originário, para que possa iluminar a nossa vida e levá-la pela caminho certo”.
“Foi esta consciência que me levou a escolher o amor como tema da minha primeira encíclica”, acrescentou.
Ao apresentar a origem e os conteúdos da sua Encíclica, o Papa retomou passagens da “Divina Comédia”, de Dante, para explicar que “a fé deve tornar-se uma visão-compreensão que nos transforma”.
A partir daqui, Bento XVI deixa o convite para que a fé não se transforme “numa teoria”, mas que seja uma coisa muito concreta, “o critério que decide o nosso estilo de vida”. “Numa época em que a hostilidade e a avidez se tornaram superpotências, numa época em que assistimos ao abuso das religiões até à apoteose da ódio, a racionalização neutra não é capaz, por si só, de proteger-nos”, alertou.
Para o Papa, é claro que os homens e mulheres de hoje “têm necessidade do Deus vivo, que nos amou até à morte”.

Humanidade da fé
Na sua encíclica, diz Bento XVI, quer-se mostrar “a humanidade da fé, da qual faz parte o eros”. Essa dimensão inclui “o matrimónio indissolúvel entre o homem e a mulher”, o qual “encontra a sua forma enraizada na criação”.
“Assim, acontece que o eros se transforma em agapé, que o amor pelo outro já não se procura a si mesmo, mas acaba por tornar-se preocupação pelo outro, disposição para o sacrifício por ele e abertura ao dom de uma nova vida humana”, prosseguiu.
O Papa admite que uma primeira leitura da encíclica venha a suscitar a impressão de que a mesma “se divide em duas partes pouco ligadas entre si” (parte teórica e parte concreta), mas adiantou que a sua intenção era “sublinhar a unidade de dois temas que, apenas quando vistos como uma única coisa, podem ser bem compreendidos”.
Nesse sentido, afirmou, compreende-se que “a organização eclesial da caridade não seja uma forma de assistência social”. “Esta actividade – disse o Papa -, para além do primeiro significado, muito concreto, de ajudar o próximo, tem essencialmente o significado de comunicar ao outro o amor de Deus”.
Indo além da “dimensão filantrópica”, a acção caritativa da Igreja é movida “pelo próprio Deus”, com o objectivo de “aliviar a miséria”.
“É o próprio Deus, em definitivo, que levamos ao mundo em sofrimento. Quanto mais claramente e conscientemente o levarmos, como dom, tanto mais eficazmente o nosso amor mudará o mundo e despertará a esperança, uma esperança que vai para além da morte”, concluiu.

Fonte Ecclesia

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