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JOÃO XXIII EXPOSTO EM S. PEDRO
2001-06-04 13:25:35

Durante uma cerimónia que coincidiu com a festa cristã do Pentecostes, mais de 30 mil fiéis assistiram ontem, na Praça de S. Pedro, no Vaticano, à trasladação do cadáver do Papa João XXIII.

Por vontade do actual Papa, João Paulo II, o corpo daquele que ficou conhecido por "Papa Bom" foi transferido do subterrâneo onde repousava junto de muitos outros pontífices da Igreja Católica desde a sua morte, em 1963, para o interior da basílica, onde permanecerá definitivamente exposto ao público numa capela lateral próxima do altar de S. Jerónimo. Trinta e oito anos após a morte, João XXIII voltou à Praça de S. Pedro para aí permanecer exposto à adoração dos fiéis. Num estado de preservação surpreendente, o corpo voltou a receber os raios do sol por volta das 9.45 horas da manhã, altura em que foi transportado até junto do altar central de ar livre sobre uma plataforma rolante, adornada de rosas vermelhas e amarelas. "O mais precioso legado deixado pelo Papa João XXIII foi ele próprio, ou seja, o seu testemunho de santidade", afirmou João Paulo II na homilia que proferiu durante a missa celebrada na vasta praça. O Sumo Pontífice assinalou ainda a "feliz coincidência" entre a festa de Pentecostes e a "alegria de acolher, perto do altar, os restos de João XXIII". O caixão de vidro e bronze onde Angelo Giuseppe Roncalli, de seu verdadeiro nome, permaneceu exposto durante todo o dia, primeiro no exterior e depois no interior da basílica, pesa quase uma tonelada, é à prova de bala e revestido de uma camada especialmente tratada para filtrar os raios ultravioleta que poderiam danificar o cadáver.

Mumificação bem sucedida

Saliente-se que, ao contrário do que alguns afirmaram, a preservação do corpo não se deve a um milagre, mas sim ao tratamento especial de mumificação levado a cabo secretamente pelo professor Gennaro Goglia antes do funeral do pontífice. Somando-se a estes cuidados, os de uma equipa que trabalhou sobre o corpo nos últimos cinco meses, de modo a garantir que o mesmo se mantinha em condições óptimas para a exposição pública. Apesar disso, João XXIII foi beatificado no passado ano, entre outras coisas por lhe ser atribuído um milagre. Em Janeiro do ano 2000, o Vaticano confirmou a veracidade do caso milagroso da freira italiana Caterina Capitani, que alegadamente se curou de um tumor no estômago depois lhe ter dirigido orações. Para a maioria dos italianos e dos fiéis em todo o mundo, o "Papa Bom" será lembrado sobretudo pela sua personalidade simples e descontraída e pela contribuição ímpar que deu à reforma da Igreja. A ele se deve a convocação do Concílio Vaticano II, em 1962, que veio a ser concluído pelo seu sucessor, Paulo VI, em 1965. Desde então, e entre muitas outras coisas, a missa passou a ser celebrada nas línguas de cada país e não em Latim.. O seu nome fica também ligado à reaproximação entre católicos e judeus e ainda à redifinição da natureza da Igreja, nomeadamente por meio da concessão de mais poder aos bispos e do aumento da participação laica na liturgia. Graças à iniciativa de João Paulo II, é agora mais fácil a quantos veneram o beato rezar junto do seu túmulo, pois este fica a residir na basílica junto dos dois outros pontífices com honras de exposição pública em caixões de vidro: Pio X, já santificado, e Inocêncio XI.


Fonte CM

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