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Ecumenismo para um mundo reconciliado - Intenção do Papa para o Apostolado de Oração - Janeiro
2005-12-30 21:32:15

1. Religiões e paz... Na raiz das religiões está o desejo humano de encontrar resposta para as questões mais fundas da existência – e em todas elas exprime-se um anseio de paz que não pode ser ignorado. Importa, porém, discernir, porque nem todas as religiões apresentam o mesmo potencial de humanização e pacificação. Ao contrário da opinião laicista segundo a qual todas as religiões se equivalem, de facto, as religiões não são todas iguais – e, em alguns casos, nem sequer se pode dizer que se trata de religião.

Como critério, pode ser muito útil ter presente o seguinte: as «palavras fundadoras» (livros sagrados ou tradições orais) de uma dada religião promovem a violência contra o outro ou denunciam-na como contrária ao projecto de Deus?; promovem o respeito pelo outro, mesmo o não crente, ou tratam-no com desprezo e como inferior ao «verdadeiro» crente? Embora nem sempre seja fácil dar uma resposta clara a estas interrogações, elas são incontornáveis, quando se trata de julgar da qualidade humana das religiões.

2. Ecumenismo... Durante séculos, as Igrejas cristãs apresentaram ao mundo o «espectáculo» das suas divisões. Embora todas se reivindicassem de Cristo, havia sempre uma outra referência a distingui-las. Assim, anglicanos, luteranos, calvinistas, católicos, ortodoxos, evangélicos..., todos reivindicando para si a condição de Igreja de Cristo, e todos reivindicando, ao mesmo tempo, uma outra pertença, quase sempre mais importante, na prática, do que a primeira. Além destas divisões, os cristãos surgiam, por vezes, como inimigos mortais – e muitas guerras religiosas entre cristãos trouxeram a morte e a destruição, sobretudo à Europa, durante séculos. Esta situação, porém, encontrava-se em contradição evidente com as «palavras fundadoras» (neste caso, os Evangelhos e toda a tradição bíblica) que todos reconheciam como sua origem. E tal contradição entre a origem e a realidade levou crentes mais sensíveis a meter ombros à tarefa gigantesca do ecumenismo: colocar os cristãos das diferentes Igrejas a falar, em vez de se combaterem, a rezar juntos, em vez de se matarem, a trabalhar juntos em prol de um mundo mais justo e mais humano, em vez de contribuírem todos para o crescimento da injustiça e da desumanização. Este esforço produziu, em poucos anos, resultados notáveis, incompreensíveis sem a fé no Espírito de Cristo que assiste a sua Igreja e a guia, por modos só d’Ele conhecidos, para a unidade plena.

3. Reconciliação e paz... Além de prestar um serviço inestimável à causa do Evangelho, o ecumenismo é também um factor de reconciliação e paz entre os povos. Em primeiro lugar, porque cristãos das diferentes Igrejas convivem em grande parte dos países do mundo. E quanto mais forem capazes de rezar e trabalhar juntos, maior será o contributo que darão para a consolidação da paz nos respectivos países. Por outro lado, em muitos países, os cristãos vivem lado a lado com crentes de outras religiões. E o seu exemplo de diálogo fraterno e cooperação nas causas mais justas e urgentes é um testemunho inestimável de quanto os crentes das diversas religiões podem fazer, em conjunto, para a edificação de um mundo mais justo e pacífico. Além disso, o seu compromisso no diálogo ecuménico mostra como séculos de incompreensão podem ser vencidos e ultrapassados, quando há, da parte de todos, boa vontade e um desejo sincero de renunciar à violência e à desqualificação do outro. O ecumenismo constitui, portanto, um serviço, não apenas à unidade dos cristãos, mas também à causa da paz e da reconciliação entre os povos. É, além disso, um exemplo de diálogo entre tradições religiosas e culturais diferentes que pode tornar menos árduo o caminho do diálogo inter-religioso, contribuindo também deste modo para um mundo mais pacífico e reconciliado.

Fonte Ecclesia

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