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Arcebispo quebra celibato
2001-05-28 22:34:27

Emmanuel Milingo, zambiano, de 71 anos, e Maria Sung, coreana, de 43 anos, casaram, ontem, na sala Trianon do Hotel Hilton, em Manhattan (EUA), durante uma cerimónia colectiva presidida por Sun Myung Moon, líder dos chamados moonies, em que participaram 60 casais, elas vestidas de branco, eles de negro, como manda a tradição.

Até aqui nada de novo, não se desse o caso de Emmanuel ser arcebispo da Igreja Católica. Maria, que foi escolhida por Moon para se tornar na mulher de Milingo, é acupunctora. O arcebispo foi um dos 60 homens do clero, nomeadamente protestantes, islâmicos e judeus, que se casaram ou renovaram os votos matrimoniais durante a cerimónia organizada pela Igreja da Unificação, que se destinou a "afirmar o ideal universal da família". Um porta-voz dos moonies adiantou que Emmanuel e Maria tencionam viajar para África.

Antes do casamento, Milingo emitiu um comunicado, nos termos do qual afirmava: "Aos 71 anos, depois de uma vida de dedicação à Igreja e aos meus votos sacerdotais, o Senhor chamou-me para dar um passo que mudará a minha vida para sempre." E fazia votos para que o matrimónio não alterasse a sua relação com a Igreja. Ontem, o Papa rezou por ele.

Na paróquia romana de Santa Angela Merici, João Paulo II disse: "Rezemos para que aqueles que tendo-se afastado da fé, mas operando sempre na caridade e na justiça, possam voltar a ouvir a palavra do Pai, sempre pronto a reacolhê-los."

De acordo com a Lei Canónica, Milingo pode ser excomungado automaticamente, se o Vaticano o considerar culpado de apostasia. Também pode renunciar livremente à fé católica, uma vez que quebrou um dos princípios da Igreja Católica, segundo o qual os padres não podem casar sem primeiro abandonarem o clero. Em princípio, não será excomungado, antes será afastado do ministério sacerdotal.

Emmanuel Milingo nasceu a 13 de Junho de 1930 em Mnukwa, no distrito de Chipata, na Zâmbia, país declarado oficialmente como "Estado cristão", a 30 de Dezembro de 1991, pelo Presidente Frederick Chiluba. Tornou-se padre a 31 de Agosto de 1958.

É licenciado em Teologia, Filosofia e Ciências Sociais. No dia 1 de Agosto de 1969 foi consagrado arcebispo de Lusaca pelo Papa Paulo VI.

Tem uma home page na Internet, escreveu vários livros, nomeadamente Frente a frente com o Diabo e Contra Satanás, e uma autobiografia, intitulada O Curador de Almas. Lançou dois discos: Gubudu Gubudu (que, traduzido para português, quer dizer "embriagado") e Milingo.

No fundo, é considerado como um dos prelados mais polémicos da Igreja Católica, sobretudo pelos exorcismos que praticou e que estiveram na origem do seu afastamento do arcebispado de Lusaca. Resignou em 1983. O actual arcebispo é Merdado Mazombwe. Naquele ano, partiu para Roma, em Itália, onde ocupou os cargos de vice-presidente de um organismo responsável pela Pastoral do Turismo e de delegado especial no Conselho Pontifício para a Pastoral dos Emigrantes, presidido pelo arcebispo Giovanni Cheli. Mas em Setembro de 2000 também foi afastado deste cargo.

Entre os casais estavam igualmente o antigo padre americano George Stallings, de 53 anos, e a japonesa Sayomi Kamimoto, de 24 anos, membro da Igreja da Unificação. Antes, Stallings mantivera uma ligação prolongada com Linda Greene, de 49 anos, e também com uma funcionária da Northwest Airlines.

Stallings fora excomungado pela hierarquia da Igreja Católica em 1989, depois de formar, em Washington, um movimento autónomo, a que deu o nome de Congregação Católica Afro-Americana, do qual é arcebispo. Sobre o casamento, disse: "Escolhi uma japonesa porque elas são dedicadas aos maridos, são gentis e trabalham com eles." E acrescentou que "não são muito dadas a festas", o que irritou bastante as mulheres negras fiéis à sua congregação.

O reverendo sul-coreano Sun Myung Moon, que chegou aos EUA em 1973, casou duas vezes e tem 13 filhos, o mesmo número de descendentes que Stallings diz querer ter com Kamimoto.


Fonte DN

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