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Questões do fim da vida pedem respostas da Igreja
2005-11-10 22:21:12

As problemáticas da eutanásia e do final da vida estiveram hoje em destaque no ICNE, na conferência intitulada “A morte, último tabu, e o renascer da esperança”.

Isabel Galriço Neto, médica de cuidados paliativos e Assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa, referiu por repetidas vezes que a eutanásia não é a última resposta e que os doentes merecem mais, por parte dos médicos, do que um simples “não podemos fazer mais nada” quando a doença já não tem cura.

Esta especialista lembrou que a vida humana tem dignidade “mesmo quando precisamos de alguém até para nos limpar as lágrimas” e criticou as correntes que consideram a morte como uma espécie de “derrota” da ciência toda-poderosa.
“Apesar de todos os progressos da ciência, a morte continua a ser uma certeza para cada ser humano”, sublinhou, contestando assim o chamado “direito a morrer”, dado que este facto não é uma escolha.
"A maioria dos pedidos de eutanásia e de suicídio assistido têm que ver com perda de dignidade, a perda de sentido da vida, por acharem que não vale a pena viver.

Os pedidos têm a ver muito mais, do que com a questão dos sintomas não controlados. E só isto bastaria para que nós reflectíssemos sobre como ajudar as pessoas a encontrarem um sentido e a recuperarem a sua dignidade", afirmou Isabel Neto.
O prolongamento da esperança média de vida tem levantado novos desafios, que a Igreja também é chamada a responder. A qualidade “no final de vida e no morrer” é um dos principais, sobretudo quando confrontados com a falta de estruturas “especificamente preparadas para tratar doentes crónicos e em fim de vida”.

O primeiro passo é “controlar os sintomas”, porque segundo Isabel Neto, “se não removermos determinadas condições físicas de sofrimento, dificilmente a pessoa doente se poderá centrar nos aspectos mais profundos e transcenderes da busca de sentido”.
É nesta busca, em seguida, que o papel da espiritualidade pode ganhar importância: “Encontrar um sentido para vida, mesmo quando se vive uma doença terminal, passa por ter a convicção, por sentir que se está a cumprir um papel e um fim que são únicos, numa vida que traz consigo a responsabilidade de ser vivida plenamente”, disse a especialista.
“É interessante ver que doentes com uma forte vivência espiritual e religiosa encaram o fim de vida com mais serenidade. E isto está fundamentado", acrescentou.
Como resposta à eutanásia, Isabel Neto propõe a promoção de melhores cuidados paliativos, que “afirmam a vida, mas defendem que ela não tem de ser mantida obstinadamente a todo o custo, aceitando a morte como um processo natural”.

Os temas da vida já tinham estado em destaque na primeira conferência do ICNE, com a conferência de Walter Osswald professor de Medicina e membro do Conselho Nacional de Ética.
Numa intervenção subordinada ao tema “Problemática geral da cultura da vida”, Osswald apresentou alguns desafios que são hoje levantados à ciência e à Igreja no campo da bioética: o aborto, a eutanásia e a clonagem. O especialista começou por referir que é possível encontrar pontos comuns entre crentes e não crentes sobre matérias morais relacionadas com questões da vida humana.
“Mesmo entre os que defendem a despenalização, reconhece-se que o aborto deve ser limitado, no tempo ou a determinadas condições”, referiu.
Walter Osswald criticou ainda a possibilidade de se abortar no entendimento de que há vidas "mais valiosas do que outras", caso dos que têm deficiência e que são recusados. “O cristão não pode ignorar as palavras do Mestre que disse ser o Caminho, a Verdade e a Vida”, prosseguiu.

D. José Policarpo, ao lançar a sessão lisboeta do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, tinha anunciado que o tema central seria “Anunciar a Vida”, concretizando o lema “Cristo Vivo” que anima toda a iniciativa.

“O tema central do Congresso sublinha que a evangelização é o anúncio da Vida, porque o é de Jesus Cristo, o Vivo”, explicava o Cardeal-Patriarca ao receber na Sé de Lisboa todos os que estão, agora, envolvidos nesta grande iniciativa.

Fonte Ecclesia

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