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Patriarcado nega apoios financeiros públicos ao Congresso da Nova Evangelização
2005-11-10 13:53:32

A Associação República e Laicidade (R&L), um grupo surgido há três anos que advoga a laicidade do Estado, criticou os alegados apoios de fundos da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e de entidades públicas ao Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que decorre em Lisboa até domingo. O patriarcado desmente "categoricamente" que haja qualquer apoio económico à iniciativa.
Numa mensagem de correio electrónico enviada às redacções de jornais, Luís Mateus, presidente da direcção da R&L, diz que a CML e não só estão "a apoiar - com quanto? - todo aquele evento eclesial católico".


A carta questiona o "peso percentual" dos interessados no acontecimento e a aceitação pacífica de que "fundos do seu município" sejam "desviados para programas de discutível alcance e sentido".
Também "a RTP, estação pública de televisão, está a apoiar aquele evento proselitista católico", acusa a mensagem. Concretizando, Luís Mateus diz que a televisão não considerou a sua associação como "interlocutor válido e interessante para o debate" que se realizou anteontem, no programa Prós e Contras, e no qual participou o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.
O debate, que teve como pretexto a realização do congresso em Lisboa, tinha o título A Cidade de Deus e dos Homens. A associação dirigiu uma carta à RTP manifestando a sua disponibilidade para participar no programa, de modo a "afirmar as vantagens do laicismo e da laicidade", ao mesmo tempo que exprimia a sua "frontal oposição a tanto clericalismo instalado a tão altos níveis".
Francisco Noronha de Andrade, da comissão organizadora do congresso de Lisboa, diz que não há qualquer apoio financeiro directo à iniciativa por parte de nenhuma entidade pública. "É zero", diz, sobre eventual dinheiro dado pela Câmara Municipal ou por outras entidades do Estado.
O que há, isso sim, admite o mesmo responsável, são apoios indirectos: a CML disponibilizou espaços e permitiu que as diversas iniciativas se realizassem nos espaços públicos. Ontem, ao fim da tarde, no Palácio Galveias, o próprio presidente da câmara, Carmona Rodrigues, recebeu formalmente os congressistas. "O congresso é uma manifestação importante na cidade", justifica Noronha de Andrade.
As restantes entidades incluem a PSP, na organização do trânsito, e a GNR, que facilita batedores que acompanham as relíquias de Santa Teresa de Lisieux, que estão esta semana em Lisboa.
A Carris e o Metro facilitaram o processo administrativo para a venda de títulos de transporte para os sete dias do congresso. Já o Ministério da Cultura, o Museu da Marinha, a Casa Pia e o Mosteiro dos Jerónimos colaboraram com a cedência de espaços para algumas das actividades do congresso.
Da parte da RTP, Nuno Santos, director de programas, diz que respeita a posição da R&L, mas discorda "completamente" dela. "A RTP não ignora que, sendo o Estado laico, há um grande número de cidadãos que são católicos e o acompanhamento, nos programas ou na informação, decorre da importância que pensamos que a iniciativa tem."
Além do Prós e Contras, que "teve momentos de discussão aberta entre o patriarca e José Barata Moura" (reitor da Universidade de Lisboa), a RTP irá transmitir, sábado à tarde, a procissão da luz, com a imagem da Senhora de Fátima. De manhã, será gravado também um debate entre participantes no congresso e os cardeais.

António Marujo

Fonte Público

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