paroquias.org
 

Notícias






Fracassos e sucessos dos evangelizadores em missão no centro comercial
2005-11-08 14:35:40

Há os que seguem adiante ou não querem saber do que se trata e os que param, mesmo não sendo crentes. Num dos "templos do consumo" de Lisboa, um grupo de católicos foi dizer a quem passava o que está a acontecer na cidade. E convidar para um momento de oração na capela do centro ou para uma das iniciativas do congresso da nova evangelização.

Durante dois ou três minutos, Amélia e Carlos Matos bem tentam chamar a atenção das pessoas a caminho das compras - ou apenas em passeio pelo centro comercial. Mas uma jovem acena e segue adiante. Um casal continua o caminho e faz que não ouve. Outras duas raparigas esboçam um sorriso e seguem apressadas. Numa breve sequência, as abordagens têm respostas negativas.
"É normal, já sabemos que é assim. Uns dizem que estão com pressa, outros dizem "agora não" antes ainda de falarmos, outros seguem em frente sem sequer termos dito o que queremos." Amélia e Carlos Matos são marido e mulher, ambos aposentados, ela de professora do ensino básico, ele de técnico de informática.
Durante a tarde de ontem, com mais duas dezenas de pessoas - a maior parte jovens da paróquia de Benfica - Amélia e Carlos Matos estiveram no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, numa das missões de rua do Congresso Internacional para a Nova Evangelização. Esta iniciativa, tomada pelos cardeais de Viena, Paris, Lisboa, Bruxelas e Budapeste, teve já as duas primeiras sessões e está agora na terceira etapa, na capital portuguesa, até domingo. Com o congresso, pretendem os bispos católicos destas cidades colocar a Igreja a debater e experimentar novas formas de evangelizar.
Apesar de nem sempre serem correspondidos, Amélia e Carlos Matos prosseguem a sua acção. Há quem responda. E dá-se mesmo um caso com uma senhora que, primeiro, quer "contestar": "Vocês anunciam um Deus morto." Carlos puxa do cachecol onde se lê "Cristo Vivo" e responde: "Está desactualizada." Palavra puxa palavra, a senhora está ligada à Igreja Maná, que o casal conhece bem: Amélia levou lá várias vezes o irmão, retido em cadeira de rodas. No final, ficam conselhos mútuos: "Continuem na evangelização, mas vejam se a Igreja Católica muda um bocadinho mais do que já mudou", diz a senhora. "Tenha cuidado com o dinheiro que lhe pedem", sugere o casal. "Vou ter, vou ter."

Sabia que há uma
capela no Colombo?
Filipe Emídio, de 21 anos, trabalhador-estudante e coordenador do grupo de missão, está satisfeito com os resultados: "Temos conseguido falar com bastantes pessoas." Abeira-se de uma senhora que traz o filho pela mão. "Estamos a mostrar como a Igreja Católica vive, também com jovens." Convida, a seguir, para uma breve passagem pela capela do centro comercial: "Sabia que há aqui uma capela?". Helena Melo, de 47 anos, "não sabia", mas promete que passará por lá "esta semana". E gosta do que acabou de ouvir. "Devia haver mais coisas do género, mas deviam também parar os jovens, para eles saírem dos problemas em que andam."
Thusaney Neves, de 21 anos, e Dercidélia Pontes, de 20, são de São Tomé. Acharam "interessante" ficar a saber da capela e que a Igreja Católica vai organizar um concerto para jovens, sexta-feira, no Rossio. "Se der tempo, vou", diz Thusaney. De resto, nenhuma delas - não são católicas - sabia do congresso internacional em Lisboa. Nem Yara Matos, de 24 anos, que as acompanha e é católica.
Passam sacos cheios de compras, introduzem-se cartões na ranhura para levantar dinheiro, cruzam-se conversas. Helena Correia trouxe as duas crianças mais velhas e um bebé a um dos lugares de diversão do Colombo. Católica, já sabia do congresso, mas não da capela no meio da "catedral do consumo". E aí vai, guiada por dois dos missionários, ver onde é, enquanto Francisco e Bárbara ficam a pintar desenhos para oferecer ao pai e ao Pai Natal.
Na capela, perto da Praça do Novo Mundo, cânticos de Taizé tranquilizam o ritmo e convidam algumas pessoas à oração. Uma caixa com uma ranhura está à disposição de quem ali quiser depositar pedidos, orações. Será levada na procissão do próximo sábado, pelas ruas de Lisboa, com a imagem da Senhora de Fátima.
Também Paulo Sousa, de 28 anos, traz a filha Soraia, a amiga Jennifer e o sobrinho Rodrigo para se divertirem no dia de anos (sete) da filha. Ficou a saber dos concertos, mas para ele é difícil ir: está a trabalhar. "Quando era pequeno, ia à catequese, agora não, mas é bom a Igreja aproximar-se: as pessoas não têm muito tempo para ir à igreja."

Por António Marujo

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia