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Novidades da «Nova Evangelização»
2005-11-03 22:21:45

1. A expressão “nova evangelização”
A expressão “nova evangelização” (1) aparece como uma intuição de João Paulo II no discurso à XIX Assembleia Plenária da CELAM no Haiti em 1983. Neste país, o mais pobre da América Latina e no qual se iniciou a evangelização há 500 anos, o Papa referiu:


“A comemoração de meio milénio de evangelização terá o seu significado pleno se for um compromisso vosso como bispos, juntamente com o vosso presbitério e fiéis: compromisso não de reevangelização, mas de uma nova evangelização. Nova no seu ardor, nos seus métodos, na sua expressão” (2).
João Paulo II falou assim para um povo marcado pela fé católica, implorando o aprofundamento e fortalecimento da fé, a instrução religiosa, o dom dos sacramentos, todas as formas de fortalecimento espiritual. Dirigiu-se a um povo com falta de vocações sacerdotais, religiosas e de outros agentes de pastoral, com consequências tais como a ignorância religiosas, a superstição e o sincretismo entre os mais simples; o crescente indiferentismo e a secularização, sobretudo nas grandes cidades.

2. A nova evangelização e a civilização do amor
A 12 de Outubro de 1984, em S. Domingos, o papa apresenta um discurso programático, insistindo nos desafios, nas tentações e nas esperanças de uma nova evangelização. Refere o Papa:
“O próximo centenário dos descobrimentos e da primeira evangelização convoca-nos, pois, a uma nova evangelização da América Latina, que explode com mais vigor, como a das origens: um potencial de santidade, um grande impulso missionário, uma vasta criatividade catequética, uma manifestação fecunda de colegiali-dade e de comunhão, um combate evangélico de dignificação do homem, para gerar um grande futuro de esperança. Este tem um nome: A Civilização do Amor. Este nome é uma enorme tarefa e responsabilidade” (3).
João Paulo II, buscando a expressão Civilização do Amor de Paulo VI, levantou, nalguns ambientes, uma certa suspeita por um projecto de restauração ou criação de uma nova cristandade. No entanto, os seus documentos não vêm na linha de uma Igreja imperial, mas de uma civilização, dominada pelo amor, caminho excepcional, com muitas possibilidades de expressão e de realização (4).

3. A novidade da nova evangelização
Para João Paulo II, a nova evangelização (5) passa a ser um dos campos da evangelização:
“É necessária uma nova evangelização nos países da antiga cristandade, onde grupos inteiros de baptizados perderam o sentido vivo da fé ou inclusivamente não se reconhecem já como membros da Igreja, levando uma existência afastada de Cristo e do Evangelho” (RM, nº 33).
Assim a missão ad gentes dirige-se aos não cristãos, a actividade pastoral para as comunidades maduras e a nova evangelização para as Igrejas desmotivadas ou mesmo as Igrejas jovens.
João Paulo II apresentou esta novidade:
- Nova no seu ardor: o que implica entusiasmo, convicção, redescoberta da identidade pessoal, alegria de pertença, nova capacidade de comunicação e de diálogo. Mais do que ideal do desejo, é possibilidade de realização;
- Nova nos seus métodos: supõe a disposição de rever as instituições mediadoras de evangelização, as estruturas pastorais, os métodos concretos pelos quais evangeliza, os símbolos, os sinais, a linguagem e a comunicação;
- Nova nas suas expressões: expressões novas no que se refere aos conteúdos que se proclamam, a linguagem com que se proclama e as categorias com que se transmite.
A novidade está em que o Evangelho tem de se apresentar como mensagem salvadora para cada geração. E para ser mensagem salvadora, deve responder aos desafios de cada geração.
A nova evangelização pretende ser um novo anúncio da Boa Nova no contexto sócio-religioso do mundo actual. A evangelização é ainda nova, porque o mundo, a cultura e o homem a quem se dirige têm uma visão das coisas, uma atitude ante Deus e os demais que são novas. A evangelização é nova também, porque põe o acento na evangelização dos pobres, na cultura da solidariedade e na civilização do amor. É nova ainda porque respeita as culturas e dá prioridade à inculturação.
Assim, em síntese, as características da nova evangelização são a iniciação vivencial e a prática da experiência cristã; a evangelização deve ser testemunhal; uma evangelização inculturada; uma evangelização comprometida com o humano (6).


Adérito Gomes Barbosa, scj, pastoralista
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1 - O Papa João Paulo II utilizou pela primeira vez esta expressão “nova evangelização” numa homilia pronunciada a 9 de Junho de 1979, na Polónia, por ocasião da celebração do primeiro milénio do cristianismo, na Polónia.
2 - Adérito Gomes Barbosa (1994). A nova evan-gelização. Lisboa: Paulinas, 113.
3 - Ibid., 114.
4 - A nova evangelização na Europa está tratada no livro de Adérito Gomes Barbosa (1994). A nova evangelização. Lisboa: Paulinas, 153-216.
5 - Desafios para a nova evangelização: O Papa João Paulo II refere como objectivos fundamentais para a América Latina: Aprofundar e fortalecer a fé do povo latinoamericano; Promover a cultura da solidariedade libertadora e fraterna; Promover uma Igreja evangelizadora e solidária. Para a Europa, João Paulo II manifesta as suas preocupações: A falta de unidade; O abismo entre os dois pólos do mundo: o Norte desenvolvido e o Sul subdesenvolvido; O modelo familiar: está em jogo o futuro da Igreja na Europa e da sociedade europeia; O suicídio demográfico: falta de natalidade e o envelhecimento demográfico como horizonte; O homem europeu secularizou-se: homem comprometido em construir a cidade terrestre, perdeu de vista a cidade de Deus.
6 - Recomendo a leitura deste livro para ter uma visão ampla da nova evangelização: Adérito Gomes Barbosa (1994). A nova evangelização. Lisboa: Paulinas.

Fonte Ecclesia

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