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Cardeal-patriarca evocou a memória de "todas as vítimas de catástrofes naturais"
2005-11-02 22:24:15

Lisboa evocou ontem de manhã os 250 anos do terramoto de 1755 com o dobrar dos sinos em todas as igrejas e capelas, a abertura da conferência internacional 250 Anos do Terramoto de Lisboa no Centro Cultural de Belém e uma missa pela alma das vítimas presidida pelo cardeal-patriarca.

Os sinos das igrejas e capelas já tocavam por toda a cidade, quando, cerca das 9h40, D. José Policarpo chegou ao altar instalado nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa. O local não podia ser mais simbólico, uma vez que o mesmo ruiu na sequência do terramoto de 1755.
Enquanto os sinos não paravam de tocar, D. José Policarpo explicava que estava ali para evocar a memória de todos os que pereceram no sismo de 1 de Novembro de 1755 e, fazendo-o, "envolver na memória todas as vítimas de catástrofes naturais". À sua frente, sentados nas cadeiras de plástico brancas disponíveis, escutavam-no fiéis silenciosos e respeitosos, entre os quais se destacava o presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues.
O cardeal-patriarca lembrou que no dia do sismo e àquela hora eram muitos os que estavam nas igrejas. "As igrejas de Lisboa estavam repletas de fiéis quando a terra tremeu. A destruição transformou em vítimas aqueles que eram crentes."
Lembrando que há 250 anos a morte surpreendeu "os irmãos" em meditação, D. José Policarpo sublinhou que o sofrimento tem um sentido e esse é o da "esperança na vida eterna, fruto do espírito de Cristo" nos crentes.
O patriarca recordou também que o homem subestima muitas vezes as forças gigantescas da natureza. "O homem, na afirmação da sua superioridade perante o cosmos, brinca por vezes com a natureza. A recente vaga de incêndios, por exemplo, prova o desrespeito do homem pela natureza. Aprender a respeitar a natureza é aprender a viver."
Tal como das relações dos homens com os outros homens surgem os mais dolorosos sofrimentos, como a guerra e outras formas de violência, "a par das mais profundas alegrias, o mesmo se passa nas relações do homem com o Universo", disse.
O cardeal-patriarca disse ainda que Jesus pensou nos que sofrem quando disse, no sermão da montanha, "bem-aventurados os que choram porque serão consolados" e explicou que "serão consolados pela solicitude da partilha" dos cristãos. "Cada catástrofe natural é um convite à solidariedade e à fraternidade universal", disse.
D. José Policarpo apelou à oração e partilha para com todos os que ainda hoje choram e explicou que é o "pensamento e a oração" que colocam os cristãos de hoje em "comunhão com aqueles que há 250 anos morreram e com todas as vítimas de catástrofes, tão abundantes nos últimos tempos, nos vários continentes".
Do programa que assinalou ontem a efeméride fizeram ainda parte concertos, em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, Igreja da Madalena e Igreja de São Domingos.

Nuno Ferreira

Fonte Público

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