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Igreja celebra 40 anos de documento revolucionário do Concílio
2005-10-27 21:30:48

A Igreja Católica está a celebrar o 40º aniversário da promulgação da Declaração “Nostra aetate”, do Concílio Vaticano II, sobre as relações com as religiões não-cristãs, um documento “revolucionário” nas palavras do Cardeal Walter Kasper.

O presidente da Comissão da Santa Sé para as relações religiosas com o Judaísmo lembra que, antes do Concílio, os contactos entre as duas religiões eram “difíceis, mesmo penosas”. Com a declaração “Nostra aetate” (28.10.1965), a Igreja disse “não” ao anti-semitismo, em todas as suas formas, e “sim às raízes hebraicas do Cristianismo”, explica o Cardeal alemão.
“Temos uma relação única com o Hebraismo, que não temos com nenhuma outra religião no mundo”, acrescenta.
Sobre o percurso percorrido ao longo destas décadas, o Cardeal Kasper fala em “bons frutos”, com o crescimento da amizade entre os fiéis das duas religiões e o aprofundamento da discussão teológica. Após o impulso dado por João Paulo II, aumentou ainda a “colaboração prática”, na educação, na defesa da família, na justiça e na paz.
Esta manhã a referida Comissão da Santa Sé organizou um encontro dedicado à reflexão sobre as iniciativas e acontecimentos que caracterizaram o período pós-conciliar e o desenvolvimento das relações entre católicos e judeus.
À tarde teve lugar um acto comemorativo, centrado sobre as perspectivas futuras do documento “Nostra Aetate”. Nesta ocasião, o Cardeal Kasper lembrou que, 20 anos depois da “tragédia” da Shoah, a declaração conciliar “constituiu o começo de um processo de reconciliação e de paz”, apesar de reconhecer que o caminho “ainda está longe da terra prometida”.
O representante do Vaticano pediu a cristãos e judeus que saibam actuar em conjunto para construir “um mundo livre da fome e do terrorismo”, bem como do “anti-semitismo e do anti-catolicismo”, fundado sobre os valores comuns das duas religiões.
Bento XVI, numa mensagem enviada ao Cardeal Walter Kasper por ocasião deste aniversário, exprime a sua gratidão “a todos os que trabalharam corajosamente pela reconciliação entre cristãos e judeus”, apelando ao “prosseguimento do diálogo”.
Na iniciativa tomaram ainda a palavra o Cardeal francês de origem judaica, D. Jean-Marie Lustiger, e o Rabino norte-americano David Rosen, do “American jewish commitee”, para traçar as etapas de um diálogo que Bento XVI tem procurado aprofundar desde o início do seu pontificado. O encontro juntou numerosos representantes das instituições hebraicas a nível internacional com quem a Santa Sé estabeleceu contactos ao longo destes anos. Presentes estiveram, ainda, membros da Cúria Romana e do Corpo Diplomática na Santa Sé.

Reviravolta conciliar
No Concílio Vaticano II ficou explícito o reconhecimento e valorização de tudo aquilo que é positivo nas várias religiões. O Concílio falou da presença, nessas religiões, de “uma centelha daquela verdade que ilumina todos os homens” (Nostra aetate 2), “sementes da Palavra” e “riquezas que Deus generoso distribui pelas pessoas” (Ad gentes 11). Para o Judaísmo esta mudança foi ainda mais radical, colocando um ponto final a séculos de confrontos entre o mundo católico e o mundo hebraico, e condenando de forma veemente qualquer forma de anti-semitismo.
A declaração “Nostra Aetate” considera que “sendo tão grande o património espiritual comum aos cristãos e aos judeus”, é necessário “fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e estima, os quais se alcançarão sobretudo por meio dos estudos bíblicos e teológicos e com os diálogos fraternos”.
“A Igreja, que reprova quaisquer perseguições contra quaisquer homens, lembrada do seu comum património com os judeus, e levada não por razões políticas mas pela religiosa caridade evangélica, deplora todos os ódios, perseguições e manifestações de anti-semitismo, seja qual for o tempo em que isso sucedeu e seja quem for a pessoa que isso promoveu contra os judeus”, refere ainda o documento do Concílio, no seu número 4.

Fonte Ecclesia

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