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Papa Bento XVI recebeu teólogo contestatário
2005-09-27 09:54:57 O Papa Bento XVI recebeu o teólogo suíço Hans Küng, que em 1979 se tornou um dos mais importantes pensadores cristãos suspensos pela Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, por se ter "afastado da verdade da fé católica".
Entre outras coisas, Küng defendia o diálogo da Igreja Católica com as outras religiões e a ciência, propunha um papel de mais relevo para as mulheres no interior da Igreja e punha em causa a definição do dogma da infalibilidade papal.
O encontro decorreu sábado num "clima amigável" e foi ontem divulgado pelo porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Valls. Não se falou das questões doutrinais que opõem o teólogo ao magistério católico, mas o Papa elogiou os esforços de Küng para fazer avançar a reflexão sobre valores morais comuns à humanidade e sobre o diálogo entre fé e ciências.
Por seu lado, o teólogo reconheceu os esforços do Papa Ratzinger em favor do diálogo entre as religiões e do encontro da Igreja com "diferentes grupos sociais do mundo moderno".
Muito crítico do pontificado de João Paulo II, Hans Küng, 76 anos, acusava-o de "matar toda a vida no interior da Igreja". Mas, em Abril, acolheu com relativo optimismo a eleição do então cardeal Joseph Ratzinger, 78 anos, como Papa. Esta reaproximação culminou com o reencontro de sábado entre dois dos mais brilhantes teólogos europeus que estiveram no Concílio Vaticano II (1962-65) e ensinaram depois, juntos, na Universidade de Tubinga (Alemanha).
Na altura em que Küng foi proibido de ensinar em nome da Igreja - o acto "mais cruel" que viveu, confessou, em Setembro de 1999, em entrevista ao PÚBLICO -, Ratzinger era já membro da Congregação para a Doutrina da Fé, organismo que passaria a presidir dois anos depois.
Küng tem publicado várias obras, entre as quais, em português, Projecto para Uma Ética Mundial (ed. Piaget) e a importante monografia O Cristianismo (Círculo de Leitores).
António Marujo
Fonte Público
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