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Cardeal-Patriarca quer renovar rosto cristão de Lisboa
2005-09-08 22:13:52

O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, publicou hoje uma Carta Pastoral intitulada “A Igreja na Cidade”, na qual propõe à comunidade católica que aposte na construção de uma cidade com rosto cristão.

“Entre nós, a Igreja está na cidade, ela faz parte da cidade, da sua história, das suas mais enraizadas tradições, da sua cultura; é inspiradora dos valores que prossegue. Entre a Igreja e a nossa cidade há um longo caminho percorrido em conjunto e queremos continuar a percorrê-lo, para que seja mais humana, justa e acolhedora”, escreve.
Na mensagem, que surge no contexto da realização do Congresso Internacional da Nova Evangelização (ICNE) que ocorrerá em Lisboa, de 5 a 13 de Novembro próximo, D. José Policarpo mostra a sua preocupação pela “galopante laicização da nossa sociedade” e pela “deterioração progressiva da identidade cristã”, tendo em mente, sobretudo, a quebra na prática dominical.
Começando por explicar que “por Igreja entendemos toda a comunidade dos crentes, que entraram nela pelo baptismo e se reúnem ao domingo para celebrar o memorial da Páscoa de Jesus”, o Cardeal-Patriarca lamenta a “relativização progressiva do ‘preceito’ da obrigatoriedade da missa dominical”. Segundo a Carta Pastoral, na Diocese de Lisboa, aqueles que se reúnem ao domingo são cerca de 12% da população total, quando os contamos num domingo em concreto, mas muitos cristãos, mesmo indo habitualmente à missa dominical, não vão todos os domingos, sem deixarem por isso, de se considerar “praticantes”.
A este enfraquecimento da identidade católica, soma-se a caracterização de uma cidade onde “a tradição católica continua a ser maioritária, mas fragilizada na sua capacidade de influência pelo grande número de habitantes que não vivem, no concreto da experiência, a fé religiosa com que ainda se identificam”.
Nesse sentido, o ponto 10 do documento deixa, como desafio, uma pergunta. “Lisboa ainda é uma cidade cristã?”. Em resposta, o Cardeal-Patriarca fala das principais atitudes que definem a população de Lisboa do ponto de vista da fé religiosa: os chamados católicos praticantes, os baptizados “não praticantes” - grupo definido como o alvo privilegiado da “nova evangelização” -, os outros grupos religiosos, os ateus e os agnósticos.
D. José Policarpo assegura, por outro lado, que “na definição da alma de Lisboa ressalta a sua identidade cristã, que nem o terramoto soterrou, visível nas torres e fachadas das Igrejas, elementos estruturantes do tecido urbano, na beleza do património artístico religioso”.

ICNE, desafio de mudança
Em relação à etapa lisboeta do ICNE, a Carta Pastoral assinala que “este Congresso acentuará a dimensão querigmática da nossa pastoral evangelizadora, ou seja, ensinar-nos-á a anunciar, de forma simples, directa e interpelante, as verdades decisivas da fé cristã, as únicas que podem mudar as vidas e converter os corações”.
“Sempre, mas de modo mais claro no nosso tempo, o anúncio de Jesus Cristo tem de incluir uma afirmação clara de uma maneira de viver, da ‘vida nova’ em que Ele nos introduziu”, acrescenta.
A mensagem dedica grande espaço à caracterização do ambiente cultural e religioso de Lisboa, destacando aspectos como a mobilidade humana, as novas formas de pertença à Igreja ou os dramas sociais dos idosos, pobres, marginalizados e migrantes. Um olhar crítico é lançado sobre correntes de pensamento que valorizam o “naturalismo na compreensão da vida”, renunciam ao conceito de “vida eterna” ou defendem uma atitude de “subjectivismo na busca da verdade”.
D. José Policarpo explica, por outro lado, que “devemos estar atentos e aprender a escutar as linguagens, aparentemente profanas, de todos os que connosco convivem na cidade, pois também elas podem exprimir a busca da verdade e da beleza”, dedicando um dos pontos da Carta à enumeração de “sinais de esperança” na cidade.
Em conclusão, o Cardeal-Patriarca assegura que “o Congresso foi longamente preparado e estão criadas as condições para que aconteça com qualidade”.
“Assumindo-se como uma proposta de diálogo com a cidade, em que a Igreja explicita a esperança que a anima e o seu modo próprio de estar na cidade, ele é, antes de mais, interpelação às comunidades cristãs para aprofundarem a sua fé, único ponto de partida válido para o dinamismo evangelizador”, defende.
A Carta Pastoral desafia as comunidades a “perceber os dinamismos inovadores para a nossa maneira de ser Igreja e de realizar a missão evangelizadora”. “O Congresso não é só uma festa, é um momento duma peregrinação, dum caminho que queremos percorrer”, conclui D. José Policarpo.

Fonte Ecclesia

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