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Juventude católica sem líder
2000-09-03 14:22:22

O responsável pelo sector da juventude da Igreja Católica em Portugal bateu com a porta e demitiu-se. O padre Ilídio Leandro disse ao DN não ter condições para realizar um trabalho que, "sendo tomado muito a sério pelo Papa João Paulo II", "continua a ser encarado em Portugal com muito amadorismo".

A notícia, avançada pelo programa Ecclesia da RTP2, foi uma surpresa para os meandros católicos, tendo em conta o êxito da última jornada Mundial da Juventude, realizada em meados de Agosto, em que aquele sacerdote juntou quase sete mil jovens portugueses aos dois milhões de todo o mundo que se encontraram com o Papa em Roma.

Mas, apesar dos resultados positivos que tem apresentado no cargo que ocupa há um ano, num mandato que é de três, o padre Ilídio disse ao DN que "nas actuais condições era impossível continuar".

Conforme explicou, encontra-se neste momento a acumular as funções de pároco de Canas de Senhorim, na diocese de Viseu, com as de director do secretariado nacional da Pastoral Juvenil. Porém, quando a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) o nomeou para o cargo, os bispos garantiram-lhe que seriam criadas as condições para que, a partir do segundo ano de trabalho, desse prioridade à dinamização da juventude.

Mas, tal não aconteceu. Ilídio Leandro não só lamenta que a pastoral juvenil não tenha um responsável a tempo inteiro, como também considera negativo que a CEP não tenha ainda elaborado um plano para o sector da pastoral juvenil, onde estejam clarificados os meios, as condições e o número de pessoas envolvidas. Recorda, a propósito, que se continua à espera que o órgão máximo da Igreja em Portugal publique um documento com a definição de objectivos para todos os departamentos diocesanos em coordenação com o secretariado nacional. Por outro lado, defende que um organismo deste género não se pode limitar à organização de encontros nacionais ou mundiais, mas sobretudo a delinear estratégias de formação e acção que estruturem uma verdadeira pastoral dos jovens em Portugal. E concluiu: "Ainda se trabalha com muito amadorismo, embora recentes indicações do Papa sejam, na realidade, outras."

No desempenho das suas funções, o sacerdote tem-se repartido entre Canas de Senhorim, desde sexta-feira à noite até segunda de manhã, à frente de uma das maiores paróquias da diocese, passando o resto do seu tempo em Lisboa, na sede da CEP.

Pensou o sacerdote que após o êxito que constituiu o encontro dos jovens em Roma, com o total empenho pessoal de João Paulo II, o seu trabalho passasse a ser considerado uma prioridade em Portugal. Mas, conforme afirmou ao DN, nada mudou. O bispo diocesano, D. António Monteiro, devido à carência de clero com que se depara, não o autoriza a abandonar o cargo na paróquia e ele, por sua vez, considera que a realização com responsabilidade de ambas as funções exige pessoas a tempo inteiro e não em part-time, como tem acontecido até agora. E afirmou: "Não posso prejudicar nem pastoral juvenil nem os meus paroquianos." Segundo as suas palavras, sai da pastoral juvenil porque não lhe dão condições, embora gostasse de levar o seu trabalho até ao fim. Compreende a atitude do seu bispo, mas também é da opinião, conforme adiantou ao DN, que "acima das necessidades da diocese estão os interesses dos jovens de Portugal".

Com a sua demissão espera que se repense a pastoral juvenil.


Fonte DN

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