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Intervenção de Bento XVI durante a audiência geral desta quarta-feira
2005-08-26 19:11:00

Queridos irmãos e irmãs!
Como o querido João Paulo II costumava fazer depois de cada peregrinação apostólica, também eu queria hoje percorrer junto a vós os dias passados em Colônia, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.


A Providência Divina quis que minha primeira viagem pastoral fora da Itália tivesse como meta precisamente meu país de origem e por ocasião do grande encontro dos jovens do mundo, vinte anos depois da instituição da Jornada Mundial da Juventude, surgida da intuição profética de meu inesquecível predecessor. Após meu regresso, do profundo de meu coração, agradeço à Deus pelo dom desta peregrinação, da qual conservarei uma querida lembrança. Todos experimentamos que era um dom de Deus. Certamente muitos colaboraram, mas ao final a graça deste encontro era um dom do Alto, do Senhor. Minha gratidão se dirige ao mesmo tempo a todos os que, com compromisso e amor, prepararam e organizaram este encontro em cada uma de suas fases: em primeiro lugar, ao arcebispo de Colónia, o cardeal Joachim Meisner, ao cardeal Karl Lehmann, presidente da Conferência Episcopal, e aos bispos da Alemanha, com os quais me encontrei ao final de minha visita. Quero, depois, agradecer novamente às autoridades, às organizações e voluntários que ofereceram sua contribuição. Agradeço também às pessoas e comunidades que, de todas as partes do mundo, deram seu apoio com a oração, e aos enfermos, que ofereceram seus sofrimentos pelo êxito deste importante encontro.
O abraço com os jovens participantes na Jornada Mundial da Juventude começou desde minha chegada ao aeroporto de Colónia–Bonn e foi se fazendo cada vez mais emocionante ao percorrer o Reno desde a margem de Rodenkirchenbrucke até Colônia, escoltados por cinco embarcações em representação dos cinco continentes. Logo foi sumamente sugestivo a parada diante do porto do Poller Rheinwiesen, onde estavam presentes milhares e milhares de jovens, com os quais mantive o primeiro encontro oficial, chamado oportunamente «festa de acolhida», que tinha como lema as palavras dos Magos: «Onde está o Cristo». Que significativo é o fato de que tudo isto tenha acontecido enquanto nos encaminhamos para a conclusão do Ano Eucarístico, convocado por João Paulo II! «Viemos para adorá-lo», o tema do Encontro, convidou todos a seguir aos Magos, e a cumprir junto a eles uma viagem interior de conversão para o Emanuel, o Deus connosco, para conhecê-lo, encontrar-lhe, adorá-lo, e, depois de ter-lhe encontrado e adorado, voltar a começar levando no espírito, em nossa intimidade, sua luz e alegria.
Em Colónia, os jovens puderam aprofundar em várias ocasiões nestes temas espirituais e foram estimados pelo Espírito Santo a ser testemunhas de Cristo, que na Eucaristia prometeu ficar realmente presente entre nós até o fim do mundo. Volto a pensar em vários momentos que tive a alegria de compartilhar com eles, especialmente na vigília do sábado pela noite e na celebração conclusiva do domingo. A estas sugestivas manifestações de fé se uniram milhões de outros jovens de todos os cantos da terra, graças às providenciais transmissões de rádio e televisão. Mas quero evocar aqui um encontro singular, o dos seminaristas, jovens chamados a um seguimento mais radical de Cristo, mestre e pastor. Quis que tivesse um momento específico dedicado para eles para ressaltar também a dimensão vocacional típica das Jornadas Mundiais da Juventude. Muitas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada surgiram nestes vinte anos precisamente durante as Jornadas Mundiais da Juventude, ocasiões privilegiadas nas quais o Espírito Santo deixa escutar seu chamado.
No contexto cheio de esperança das Jornadas de Colónia, se marca muito bem o encontro com os representantes das demais igrejas e comunidades eclesiais. O papel da Alemanha no diálogo ecuménico é importante, seja pela triste história de divisões, seja pelo papel significativo que desempenhou no caminho da reconciliação. Desejo que o diálogo como intercâmbio recíproco de dons e não só de palavras, contribua também a fazer crescer e amadurecer essa «sinfonia» ordenada e harmoniosa que é a unidade católica. Nesta perspectiva, as Jornadas Mundiais da Juventude representam um válido «laboratório» ecuménico. E, como não reviver com emoção a visita à Sinagoga de Colónia, na qual tem sua sede a comunidade judaica mais antiga da Alemanha? Com os irmãos judeus recordei a Shoá, e o sexagésimo aniversario da libertação dos campos de concentração nazistas. Este ano se celebra, também, o quadragésimo aniversário da declaração conciliar «Nostra aetate», que inaugurou uma nova estação de diálogo e de solidariedade espiritual entre judeus e cristãos, assim como de estima pelas demais grandes tradições religiosas. Entre estas, ocupa um lugar particular o Islã, cujos seguidores adoram ao único Deus e se remontam com gosto ao patriarca Abraão. Por este motivo, quis encontrar-me com os representantes de algumas comunidades muçulmanas, aos quais manifestei as esperanças e as preocupações do difícil momento histórico que estamos vivendo, desejando que se extirpe o fanatismo e a violência e que juntos possamos colaborar sempre na defesa da dignidade da pessoa humana e tutelar seus direitos fundamentais.
Queridos irmãos e irmãs, desde o coração da «velha» Europa, que no século passado, infelizmente, experimentou horrendos conflitos e regimes inumanos, os jovens voltaram a lançar à humanidade de nosso tempo a mensagem da esperança que não decepciona, pois está fundada sobre a Palavra de Deus, feita carne em Jesus Cristo, morto e ressuscitado por nossa salvação. Em Colónia, os jovens encontraram e adoraram ao Emmanuel, o Deus connosco, no mistério da Eucaristia e compreenderam melhor que a Igreja é a grande família pela qual Deus forma um espaço de comunhão e de unidade entre todo continente, cultura e raça, por assim dizer, uma «grande comitiva de peregrinos» guiados por Deus, estrela radiante que ilumina a história. Jesus se faz nosso companheiro de viagem na Eucaristia, e na Eucaristia --assim dizia na homilia da celebração conclusiva tomando da física uma imagem conhecida-- produz a «fusão nuclear» no coração mais escondido do ser. Só esta íntima explosão do bem que vence ao mal pode dar vida a outras transformações necessárias para mudar o mundo. Rezemos, portanto, para que os jovens de Colónia levem consigo a luz de Cristo, que é verdade e amor, e a difundam por toda parte. Deste modo poderemos assistir a uma nova primavera de esperança na Alemanha, na Europa e em todo o mundo.

Tradução realizada por Zenit

Fonte Ecclesia

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