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"AQUELE PONTO BRANCO É O PAPA"
2005-08-19 21:57:08

"Oh... do outro lado vai passar mesmo pertinho", lamentava-se Ana, 21 anos, a fazer a sua primeira Jornada Mundial da Juventude (JMJ).


Ficámos na margem direita do Reno porque já não foi possível passar para a esquerda. Ao meio-dia já estavam fechadas as pontes - só estava previsto encerrarem às 14 horas. Pelo programa, o sítio até era bom, mas deste lado do rio o barco não passou junto à margem e sim pelo meio. Pouco mais se viu que um ponto branco lá na proa do barco. Mesmo assim a emoção de ver Bento XVI passou também pela margem direita.
"Ver ali aquele ponto branco e pensar que é o Papa", medita Pedro, mais batido nestas andanças. "... Que é o chefe disto tudo", acrescenta Hugo, a viver com entusiasmo cada momento desta jornada. "Em Roma só vi a parte de cima do papamóvel", conta Pedro, enquanto Sílvia, "veterana" das JMJ de Paris (1997) e Roma (2000), se dava por satisfeita. "Comparada com as outras vezes, esta foi excelente. Eu em Roma só vi as antenas das motas que iam à frente do papamóvel." O despertar tinha sido pelas 8 horas - na oração da manhã na paróquia de acolhimento (todos os dias às 7h30) devem ter estado só os brasileiros, que isto, ao terceiro dia, já não dá para madrugar e o dia vai ser longo. Ultrapassadas as demoras na casa de banho (as raparigas tomam banho à noite e os rapazes de manhã, porque o balneário da escola é só um) e tomado o pequeno-almoço, fizemo-nos ao caminho. Directos à Koelnmesse, o centro de congressos e exposições de Colónia, onde ontem era distribuído o almoço e o jantar. O almoço é quente e o de ontem foi o melhor - até agora: arroz com carne e pimentos (os pimentos têm sido uma constante), distribuído em caixas de cartão em doses para seis pessoas. O jantar, colocado em sacos de plástico, tem uma banana, um pão, manteiga, um bolo e uma caixa de conservas. Pouco passava do meio-dia, já almoçados e de jantar nas mochilas, instalamo-nos à torreira do Sol, na margem do Reno, dispostos à espera e à festa. Italianos, brasileiros e porto-riquenhos cantam músicas dos seus países. De vez em quando grita-se "Be-ne-de-to" como antes se gritava "Giovanni Paolo". Uns dormem a sesta, outros tentam encontrar amigos e muitos aproveitam para se refrescar nas águas do Reno. Também há quem prefira visitar os museus da cidade ou conhecer Bona, mesmo ali ao lado, e quem aproveite as excursões de 50 euros a Amesterdão Cinco horas depois, olhamos para os primeiros barcos a vir de sul, à procura de Bento XVI. Falso alarme. A mãe de Pedro telefona-lhe de Portugal, está a ver na televisão e é ela que nos diz que o barco está a caminho e o descreve. Finalmente, vemo-lo fazer a curva do rio. Mas vem pelo meio e não junto à margem. Faz-se a festa na mesma. Aquele ponto branco que, vagamente, vemos acenar é o Papa. Quem está mais emocionado é o Vítor. "Se fosse o outro até chorava", diz, de olhos a brilhar. João Paulo II ainda está bastante presente, mas Bento XVI começa a ganhar o seu espaço, como os primeiros dias desta JMJ parecem mostrar.

Eunice Lourenço

Fonte Público

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