paroquias.org
 

Notícias






Bispo brasileiro apela à tolerância
2005-08-14 22:16:20

As palavras calmamente lidas por D. Laurindo Guizzardi, bispo brasileiro da Foz do Iguaçu, causaram um arrepio aos milhares de peregrinos que se encontravam no Santuário de Fátima, a propósito da peregrinação internacional aniversária de Agosto "Calcula-se que 175 milhões de pessoas vivam longe das suas terras", mas para "muitos infelizes as fronteiras continuam a tornar-se cemitérios".

Ontem foi anunciado que o corpo da Irmã Lúcia vai ser trasladado para Fátima no dia 19 de Fevereiro.

De pé, sob um sol inclemente que elevava as temperaturas muito acima dos 30 graus, crentes de duas dezenas de países, em especial as comunidades portuguesa e brasileira, recebiam a mensagem do responsável pela pastoral dos brasileiros no exterior como se cada frase fosse dirigida somente para eles. E de certa maneira era. Não apenas pelo tema de reflexão do mês - "O diálogo intercultural fecunda uma sociedade integrada" - proposto pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, mas, sobretudo, pela ideia de abertura ao outro, de tolerância e de integração que perpassou tanto durante a homilia de ontem como nas diversas celebrações que integraram a Peregrinação Internacional dos dias 12 e 13 de Agosto.

Para os milhares de imigrantes que escolheram Portugal como país de acolhimento e que ontem estiveram em Fátima, a mensagem de D. Laurindo arrancava trocas de olhares cúmplices entre membros da mesma família e suscitava movimentos de cabeça concordantes. À semelhança do prelado brasileiro, consideram que "os migrantes podem tornar-se pregoeiros da fraternidade, induzindo as nações a superarem o próprio egoísmo e a fazerem do mundo uma sociedade integrada e pacífica".

E, todavia, sublinhou o bispo, o fenómeno da migração está longe de ser uma característica do nosso tempo, porquanto diversas figuras incontornáveis do Antigo Testamento foram migrantes. "Abraão saiu da Caldeia e foi peregrino em busca de uma terra para a sua posteridade; Jacob juntou a sua família e foi morar no Egipto, onde era possível sobreviver no tempo de carestia; Moisés liderou a migração colectiva do povo de Israel, em direcção à Terra Prometida, onde conseguiu a autonomia e a liberdade", disse o bispo de Iguaçu, argumentando, com o livro do Génesis, no qual se lê "acolhendo o migrante estamos acolhendo o próprio Deus".

As palavras que os peregrinos menos gostaram de ouvir foram as do bispo de Leiria/Fátima, quando, já no final da celebração, D. Serafim Ferreira e Silva, depois de agradecer a presença e a fé por todos manifestada, criticou aqueles que se apresentaram no recinto do Santuário com os corpos mais descobertos do que o desejável. "O Santuário não é uma praia nem uma esplanada", advertiu o bispo, prevenindo que, de futuro, o acesso ao recinto será objecto de uma vigilância mais apertada, impedindo a entrada das pessoas que não estejam devidamente vestidas.

Os mesmos que, antes, acompanharam a mensagem de D. Laurindo Guizzardi com acenos de cabeça concordantes, reagiram ao aviso de D. Serafim com olhares de admiração e choque, como se a sua fé estivesse em causa e as suas orações fossem menos escutadas por as rezarem de calções ou camisa de manga cava, numa manhã em que é preciso ser-se um crente fervoroso para aguentar várias horas debaixo de um sol impiedoso.

O bispo de Leiria adiantou ainda que o corpo da Irmã Lúcia será trasladado do Carmelo de Coimbra para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima no dia 19 de Fevereiro. Era esta a sua vontade, lembrou o responsável da diocese.

Fonte DN

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia