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Peregrino na estrada empresário no descanso
2001-05-09 13:07:53

Três telemóveis em cima da mesa, que não param de tocar durante a conversa. O cenário poderia ser um escritório de qualquer empresa, mas o fundo não tem paredes e as árvores que estão ao longe apenas vêem um parque de peregrinos.


Carlos Ribeiro veio de propósito da Alemanha para estar no dia 13 em Fátima. Em Unna, a cidade que o acolheu quando saiu de Gondifelos, Famalicão, tem uma empresa que comercializa automóveis. Apesar da juventude, 34 anos, tem igualmente uma empresa de transportes em Portugal.

Devoção acima do dever
É um homem de negócios, mas diz que coloca a devoção acima do dever. Por isso, enquanto caminha, desliga os telefones. Mas quando pára, para comer e descansar as pernas, como ontem em Albergaria-a-Velha, os dois telefones alemães e o português não lhe dão descanso. Ou são os carros ou os transportes. Ou então a família, mulher e filha, a que o fez ir a Fátima a pé.
Não se encontraram, mas Maria Rocha também veio de avião da Alemanha. Meteu 15 dias de férias e trocou as 16 horas diárias de trabalho no aeroporto de Frankfurt pela sexta ida a Fátima. Deixou a empresa de limpeza entregue à irmã mais nova e foi fazer a «última» caminhada de uma «promessa da vida em geral».
Os «mais de 100 contos» que gastou no regresso a Portugal são compensados pela visita ao Santuário, «o local mais belo do Mundo».

O padrinho
Um espaço que Joaquim de Sousa conhece como as mãos, que tratam as mazelas dos peregrinos. Desde 1949 que vai anualmente a Fátima. Primeiro como caminhante e desde 1975 como enfermeiro. Tirou o curso na tropa e foi por se ter livrado dela sem doenças, nos quatro anos que esteve em Moçambique e Timor, que se comprometeu com Nossa Senhora de Fátima.
Quando começou, com a tralha e o candeeiro de petróleo para iluminar os palheiros onde ia dormindo, gastava os 20 dias de férias da empresa de ferrovia para fazer o percurso a pé desde Paredes. Agora, como enfermeiro de uma instituição de apoio, vê os companheiros demorarem seis. «É menos difícil para quem viaja em grupo e com apoio durante o trajecto», diz o homem de 78 anos, a quem chamam «padrinho». A alcunha virou-se contra o feiticeiro. Joaquim tratava assim todos os caminhantes, que o olham com o respeito de quem sabe tudo das peregrinações a Fátima.

Morte e pernas bonitas
As histórias não faltam. Conta a sorrir a do enfermeiro que quis ser voluntário, «mas só tratava as senhoras mais novas para lhes ver e tocar nas pernas». Chora quando se lembra de uma peregrina, que, no início dos anos 50, foi assaltada e morta no Barracão, perto de Leiria, por um sinaleiro civil, que guiava os caminhantes pelos atalhos que iam dar a Fátima.

Fonte JN

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