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Bispo de Leiria contra tourada
2001-05-09 13:05:11

Câmara de Ourém cede terreno para a realização de uma corrida de toiros em Fátima. De todo o mundo chegam protestos




"Eu quero que Fátima seja um santuário de paz para os homens e para a natureza", pelo que "mesmo no campo desportivo não gostaria que houvesse espectáculos de violência".
O bispo da diocese de Leiria/Fátima, D. Serafim Ferreira Silva, reage deste modo à notícia da realização da primeira corrida de toiros naquele lugar. Afirma-se surpreendido com o facto e promete aos que estão contra aquela realização ir inteirar-se do que se passa.

O acontecimento está programado para dia 3 de Junho, num terreno adquirido pela Câmara Municipal de Ourém, local onde a autarquia pretende construir um parque desportivo, no lugar de Eira da Pedra. Deste modo, foram atendidas, as exigências feitas pelos autarcas para que a tourada decorresse fora da área urbana.

Ontem, em reunião da edilidade ficou decidido autorizar o processo, uma vez que o ofício que colocava o pedido preenchia as primeiras condições. Depois, segundo David Catarino, presidente da Câmara de Ourém, "será feita a vistoria à instalação provisória" que será edificada para o espectáculo. "Se tudo estiver conforme as normas, a autorização poderá ser dada", admite o autarca.

Os proponentes são a Associação Equestre Regional de Fátima e o Clube Desportivo de Fátima. "Vamos fazer uma tourada como já fizemos concertos musicais e outro tipo de espectáculos", disse um dos membros da comissão organizadora, Nazareno do Carmo.

Para o economista, esta "é uma forma como outra qualquer de angariar fundos" destinados a instituições como estas que se propõem recorrer aos toiros e, na sua opinião, "precisam de deitar mão a todas as formas de arranjar dinheiro para sobreviverem".

"A câmara dá-nos a possibilidade de realizar a corrida num terreno que tem vindo a adquirir para o parque desportivo", sublinha Nazareno do Carmo, adiantando que já tem o cartel preparado, mas só o divulga amanhã, porque ainda há pormenores a acertar. Porém, neste caso, o espectáculo está longe de ser o assunto pacífico, sobretudo por estar programado para Fátima.

O e-mail do DN pode ser disso um exemplo. Dezenas de mensagens de protesto foram recebidas de "todos os cantos do mundo". Portugal, Brasil, Espanha, Roménia e França, são alguns dos países da longa lista da correspondência. Muitas delas são dirigidas também ao presidente da Câmara de Ourém, assinadas por gente que se identifica a título pessoal, outras missivas são subscritas por organizações de defesa dos animais.

Não se trata do mesmo texto, ao contrário do que afirma Nazareno do Carmo, que, numa tentativa de desvalorizar a amplitude da contestação, afirma que "são todas provenientes da mesma pessoa de Fátima". Muitas são endereçadas exclusivamente ao DN.

É o caso de uma cidadã brasileira que identifica Fátima com "paz e religiosidade". Afirma que "querem estragar esta imagem que o mundo tem da cidade". Acrescenta: "A tourada é o oposto disto" e que "não é aceitável que, num local sagrado, seja realizado um acto de tamanho sofrimento a um animal".

No mesmo sentido seguem todas as outras mensagens, embora recorram a um discurso de registo diferente. Acompanham, deste modo, o pensamento do bispo de Leiria que não quer o sofrimento num santuário que entende ser de paz tanto para os homens como para os animais.



Aficionados estão próximos da Igreja

Os promotores da tourada de Fátima não vêem motivos para falar com o reitor do santuário sobre a realização do espectáculo naquela freguesia. Nazareno do Carmo, representante da comissão organizadora, é categórico: "Não tenho nada que falar como o reitor, porque ele tem lá a área dele que é o santuário e a tourada vai fazer-se longe desse local". Declara-se um aficionado e afirma que "as pessoas que circulam à volta dos toiros estão muito mais próximas da Igreja Católica do que as que contestam". Sublinha por isso que "estes são, normalmente, os mesmos que defendem o aborto e as uniões de facto", entre outras causas.


Fonte DN

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