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Igreja reorganiza-se
2000-09-03 14:05:23

A religião católica prepara-se para o século XXI. Nas missas haverá esclarecimentos sobre a nova moeda única europeia e está a ser analisada uma reformulação da divisão territorial.

A criação de novas dioceses e a promoção de outras à categoria de províncias eclesiásticas estão a ser objecto de estudo por parte de uma grupo de trabalho nomeado pela Comissão Episcopal Portuguesa (CEP). Mas o assunto é polémico e o bispo do Porto já fez saber que não quer que se mexa nas fronteiras da sua diocese. O mapa da actual organização territorial da Igreja Católica em Portugal remonta ao século XVIII (três províncias eclesiásticas - Braga, Évora e Lisboa; 20 dioceses - 18 no continente e uma em cada um dos arquipélagos - e 4377 paróquias).
A isto acresce que há dioceses sufragâneas de outras, com hábitos pastorais bem diferentes, como acontece com Viseu, cujo bispo está sujeito aos ditames de Braga.

Por tudo isto, a CEP nomeou uma comissão para aferir da necessidade e dimensão das transformações a operar. Por exemplo, a criação de uma quarta província eclesiástica ou a divisão de dioceses como a do Porto, para dar origem a outras mais pequenas.

Coimbra perfila-se como a mais que provável futura sede da quarta província eclesiástica, tanto mais que um conjunto de bispos já apresentou em assembleia plenária da CEP uma proposta para criação de uma nova arquidiocese na região centro.

A lógica da régua e do esquadro deverá, assim, retirar à segunda cidade do país a possibilidade de ser província eclesiástica. O Porto está, geograficamente, muito perto de Braga e, segundo D. António Marcelino, bispo de Aveiro e vice-presidente da CEP, «só fará sentido que aí surja uma arquidiocese se nascerem também novas dioceses». Este argumento reforça uma das possibilidades em aberto na futura reorganização: a divisão da enorme diocese do Porto, que engloba todo o distrito do Porto e parte do de Aveiro, com uma área de 3010 quilómetros quadrados.


Reformas em Penafiel
D. Armindo Lopes Coelho, bispo do Porto, é que não está pelos ajustes e já assumiu publicamente - em entrevista ao «Portugal Empresarial», um suplemento do «Semanário Económico» - que a sua posição será de «defesa da unidade da diocese do Porto, na oposição da sua divisão e na recusa de participar no processo de criação de novas dioceses».

A par da criação da diocese de Guimarães (cujas 551 paróquias dependem de Braga), estuda-se também a possibilidade de restaurar a diocese de Penafiel, que foi criada pelo Marquês de Pombal para então afrontar o bispo do Porto, e que acabou mais tarde por ser extinta.

A comissão - presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, e integrada também por D. Serafim Ferreira, bispo de Leiria-Fátima, D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga, D. João Alves, bispo de Coimbra, e D. Vitalino Canas, bispo de Beja - está a socorrer-se de técnicos que analisarão áreas tão diversas como a estatística, a demografia e a geografia. Tudo porque há, segundo o bispo de Aveiro, aspectos importantes a ter em conta: «Saber se as dioceses a criar reúnem condições para sobreviver economicamente e se a diocese mãe pode viver, abdicando de alguma parte».

Porém, de acordo com o arcebispo de Braga, o relatório a elaborar não terá parecer vinculativo nem «a pretensão de indicar esta ou aquela alteração». O documento será, no seu entender, apenas um diagnóstico da organização territorial, «um ponto de partida para as alterações que a CEP pretender implantar e que, ainda assim, terão de ter a aprovação da Santa Sé».






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