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Crismado por Ratzinger
2005-04-21 20:43:54

“Chorei quando agarrei no meu velhinho livro da catequese e vi a fotografia e a assinatura de Joseph Ratzinger. Foi ele que me crismou”. Dois dias depois da eleição do novo Papa, Jorge Ferreira sente-se um homem diferente.

“Ganhei uma nova alma. Senti uma coisa especial dentro de mim... Uma vontade de enfrentar a vida com mais alegria..”, diz, emocionado, com um nó na garganta. “Saber que o novo Papa fez o meu crisma faz com que, agora, me sinta uma pessoa mais forte. Foi como um sinal de Deus Nosso Senhor, a dar-me mais alento para enfrentar a vida... as coisas estão difíceis e a minha mulher está desempregada...”.

Jorge Ferreira, agora com 37 anos, nasceu na Alemanha, onde os pais ganhavam a vida como operários fabris. Frequentou a catequese e recebeu os respectivos sacramentos. Até que chegou a altura do crisma. Hoje, lembra-se de quase todos os momentos daquela longínqua manhã de 18 de Julho de 1981, em que, com 13 anos, conheceu o então bispo de Munique, Joseph Ratzinger. Era o dia do seu crisma e a Igreja de Wasserburg, perto daquela cidade bávara, estava cheia. Jorge era a única criança portuguesa entre as 120 que nesse dia iam ser crismados por Joseph Ratzinger.

“Ia vestido de verde-escuro, as cores tradicionais da Baviera. As calças, o casaco e a gravata eram verdes; a camisa era branca”, lembra Jorge Ferreira. “Estava um bocadinho nervoso, como é natural... era o dia do meu crisma...”, relata. Quando chegou a sua vez, aproximou-se de Ratzinger e ajoelhou-se. O padrinho de crisma, o também emigrante português Mário Soares, colocou a mão no ombro direito do crismante e Ratzinger ungiu com os santos óleos a testa do pequeno Jorge. Com o polegar, fez o sinal da cruz e pronunciou: “Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus”.

Terminada a cerimónia, as crianças juntaram-se em torno de Ratzinger. “Ele é uma pessoa muito simples. Sorridente, explicou-nos a importância da cerimónia, perguntou como me chamava, como ia a escola e qual a disciplina preferida”, relembra. E, com um brilhozinho nos olhos, agarra no velhinho livro de catequese, olha mais uma vez para a fotografia e assinatura de Ratzinger e diz com alegria. “Fui crismado pelo Papa”.

CATÓLICO PROGRESSISTA

A eleição de Joseph Ratzinger para suceder a João Paulo II merece a aprovação de Jorge Ferreira. “Foi uma boa escolha, ele sempre acompanhou João Paulo II. Mas o novo Papa vai ter muito trabalho pela frente. É impossível fazer melhor, já seria bom fazer igual”, diz-nos.

Católico praticante, Jorge Ferreira, que exerce a profissão de técnico de vendas, tem uma visão progressista da Igreja. Daí ser a favor do casamento dos padres ou das mulheres a exercerem o sacerdócio: “Por que é que não devem exercer? Há mulheres em todas as profissões. Exercer o sacerdócio também é uma profissão. Quando andei na tropa, a minha superior era mulher. Qual é o problema?”. Na sua visão progressista, também defende uma outra postura da Igreja relativamente ao uso do preservativo. Chama a atenção de Bento XVI para os jovens e diz que o novo Papa deve, à semelhança de João Paulo II, ter uma espcial atenção para com a juventude.

FAMÍLIA TEM RAÍZES BEIRÃS

Filho de beirões – os pais são naturais da aldeia de Pêro Soares, na Guarda –, Jorge nasceu na Alemanha, país onde o pai Manuel e a mãe Maria de Lurdes, já falecidos, foram procurar sustento.

“O meu pai morreu quando eu tinha 12 anos. Aos 17, vim com a minha mãe para Portugal”, relata o ex-emigrante, que mora em Benfica.

Sente uma especial admiração pela Alemanha, país onde nasceu, e confessa sentir saudades dos amigos e colegas de escola. E uma saudade especial da sua professora de catequese, Rosi Pichler. Jorge folheia o livro de capa azul e lê o que ‘Frau’ Rosi escreveu: “Um caminho com mil quilómetros começa com um passo”.

Fonte CM

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