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SENHOR DAS CHAGAS VENERADO EM SESIMBRA
2001-05-05 09:17:02

As molas não resistiram ao vento forte e libertavam a colcha que uma devota voltava, pacientemente, e prendia uma vez mais ao ferro da varanda.

O esvoaçar da colcha introduzia um elemento perturbador num momento que todos queriam perfeito: a passagem da procissão em honra do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro do mar, pelas ruas de Sesimbra. A procissão é a mais antiga e maior cerimónia religiosa de Sesimbra. "Tem mais de 800 anos", como nos contou um "filho da terra", justificando assim o elevado número de fiéis que ontem acompanharam as cerimónias, nas janelas de suas casas ou nos passeios das ruas do centro da vila. Uma grande devoção era patente nas ruas forradas a ramos de alecrim, nas janelas cobertas de mantas coloridas ou, simplesmente, brancas decoradas com cravos vermelhos, e no número de pessoas que aguardavam o ponto alto da procissão, a bênção dos barcos, no muro da praia, à mercê de um vento desagradável. Ao anúncio da saída da Cruz da Igreja de Santiago, feito pelo troar dos foguetes, os fiéis responderam com um silêncio solene, de recolhimento, em sinal de grande respeito por aquele que é, muitas vezes, solicitado pelos homens aflitos no mar. Graças muitas vezes concedidas a avaliar pelo elevado número de fiéis que cumpriam promessas, reconhecidos pelos seus pés descalços, pelas velas ou figuras de cera empunhadas. E foi em silêncio que os sesimbrenses escutaram as palavras do pároco, em frente ao mar, exortando-os ao "encontro com Deus" e a pedir ao padroeiro que olhasse "pelos homens e as mulheres do mar, e pelos homens e mulheres de terra". O momento mais aguardado chegou então com a bênção dos barcos que, no mar, se perfilaram engalanados em frente à tribuna que recebia a Cruz do Senhor Jesus das Chagas. Um tributo de uma vila a um santo que alguns usam no próprio nome, como Mário Chagas de Almeida, que confessava ao Correio da Manhã a "grande emoção" que sentia ao acompanhar a procissão, de que também já foi juiz. Uma emoção que unia os presentes e que, de alguma forma, respondia à questão levantada pelo pároco de Sesimbra, um pouco antes cerimónia da bênção dos barcos,: "o que seria desta terra sem o Senhor Jesus das Chagas?".


Fonte CM

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