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Quinze Bentos - Dos santos ao missionário
2005-04-20 17:57:02

Em vez de João XXIV, dando um sinal de continuidade ao espírito do Concílio Vaticano II, ou Pio XIII, escolha quase proibida pelo silêncio do último Papa com este nome em relação ao holocausto, Joseph Ratzinger demonstrou a sua profunda cultura de Doutor da Igreja na escolha do nome pelo qual ficará conhecido como Sumo Pontífice.

Bento, que qualquer dicionário diz ser sinónimo de benzido e de consagrado, entre os sucessores de Pedro, deu um santo - Bento II (684-685), embora este não seja o autor da regra dominicana, que marcaria todo o movimento monástico medieval - e um beato - Bento XI (1303--1394), que morreu envenenado. A referência mais próxima é, porém, a de Bento XV (1914-1922), que ostentou a tiara de Patriarca do Ocidente no tempo da I Grande Guerra. Apesar de ter falhado nos seus apelos à paz numa Europa enlameada nas trincheiras, o seu papado ficaria marcado por uma grande abertura missionária, criando dezenas de dioceses no Terceiro Mundo e dando atenção especial à Ásia e África - e a encíclica Maximum Illud (1919) defendia a clara separação entre as actividades missionárias e a acção colonial. A opção do novo Papa bávaro pode ser entendida, pois, também como uma simpatia para os purpurados extra-europeus. Mas o até agora chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, que tomou o nome latino de Benedictu (em certas ocasiões, era traduzido por Benedito), também pode ter pretendido deixar outros sinais. Em vez de se lembrar do escandaloso Bento IX (1032-1048), três vezes eleito para a cadeira de Pedro e duas escorraçado pelos paroquianos de Roma, Ratzinger podia ter inspirado a sua escolha na popularidade de Bento III (855-858), na inteligência de Bento VII (974-983) ou na humildade de Bento XIII (1724-1730). Mas o seu modelo pode ser, afinal, Bento XIV (1704-1758), o bolonhês que alguns consideram um dos papas mais inteligentes da Igreja, bem relacionado com sábios e artistas, respeitado por católicos e protestantes, hábil diplomata com senhores de impérios, autor de tratados de Teologia e História, que unificou o culto católico no planeta, proibiu a escravização dos índios e... defendeu a indissolubilidade do matrimónio.

Fernando Madaíl

Fonte DN

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