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"Cao" para quem não conhece o til
2001-05-02 13:09:18

Serviço Jesuíta aos Refugiados ensina língua e cultura portuguesas e ajuda a encontrar emprego

No número 26 da Avenida Duque de Ávila, em Lisboa, o local onde muitos imigrantes de Leste aprendem português, as regras são definidas logo no primeiro dia de aulas, 27 de Abril de 2001: quem não estiver na sala até às 19 e 30 ("professor Zé", para os alunos "a zero") ou às 20 horas ("professor André", para os alunos com alguns conhecimentos da língua) "não entra". Se chegarem meia hora comem um "pequeno jantar". Podem dar três faltas seguidas, mas à quarta já "não entram, porque há muitas pessoas que querem aprender". Têm de comprar o livro Português sem fronteiras, de Isabel Coimbra Leite e Olga Mata Coimbra, e um diccionário, que custam cerca de 3500 escudos. A partir daqui, é só aprender, duas vezes por semana, por via deste curso de português oferecido pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (SJR), o segundo deste ano, o quarto desde 2000, tal tem sido a procura.
Naquele dia, ninguém mostrou muita vontade de falar e tirar uma fotografia só foi possível depois de uma consulta geral à assistência, que, renitente, anuiu. O "professor André" começou por explicar que "a língua portuguesa tem 23 letras". Escreveu-as no quadro e os alunos compiaram, muito atentos. "Cê, de cão", dizia o professor. "Cao, cao", repetiam os alunos, pouco familiarizados com o til.

Aqui, a grande preocupação não é apenas, como nos diz o padre Afonso Herédia, responsável do SJR, ensinar português. Concluído o curso, "procuramos arranjar emprego àqueles que precisam. Já conseguimos cerca de cem". Eles, sacos do Minipreço e do Lidl no regaço, agradecem.

Fonte DN

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