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Apresentação da Bíblia de Navarra ao fim de 33 anos trabalho
2005-03-29 14:04:50

Em 1971, a Universidade de Navarra (UN) começou uma tarefa enorme que concluiu 33 anos depois, em 2004, graças ao trabalho de mais de 20 pessoas: uma edição em espanhol da Bíblia, traduzida directamente das línguas originais: hebreu, arameu, e grego.

Ontem foi apresentado na Associação de Imprensa de Madrid o quinto tomo –o Novo Testamento- que encerra tantos anos de trabalho. O texto contém uma grande quantidade de comentários que são uma espécie de percurso por quase 2.000 anos de interpretações. As mais de 3.000 citações de santos, autores espirituais e magistério da Igreja recordam como se leram as passagens da Bíblia ao longo do tempo.

Essa espécie de biografia do livro dos livros que é a chamada ‘Bíblia de Navarra’ completou-se ainda um pouco mais. Cada passagem traduzida vai acompanhada ao pé de página com o correspondente fragmento da Neovulgata, a versão em latim que a Igreja adoptou como oficial no final dos anos 70, e que actualizava a Vulgata, versão latina realizada por São Jerónimo no século IV.

Onde estão os textos?

Para esta nova versão em espanhol, o grupo de investigadores da Faculdade de Teologia da UN decidiu começar o caminho pelo princípio, procurando as versões originais dos textos. Embora não seja tão fácil. Como explica Juan Chapa, membro do conselho de redacção da Bíblia de Navarra, “não há nenhum texto original tal como saiu da pena dos autores”. Conservam-se, unicamente, cópias desses originais, “algumas em suporte de papiro, que era o material em que se escreviam os livros na antiguidade, e outras, posteriores, em pele, em pergaminho”.

Os papiros mais antigos, alguns do século I a.C. conservam-se em Qumrán, no Mar Morto. São textos pertencentes ao Antigo Testamento escritos sobretudo em hebreu, embora também os haja em arameu. Entre eles podem encontrar-se, por exemplo, duas versões completas do livro de Isaías. O resto são fragmentos, alguns muito amplos dos outros livros do Antigo Testamento, menos o de Ester.

Em Qumrán, os papiros estão guardados protegidos em vitrines, pelo que os investigadores trabalham sobre edições críticas desses textos, como as que edita Stuttgart Bibel Wissenschaft.

O Novo Testamento

Mas isso é só o Antigo Testamento. As versões que se conservam do Novo Testamento datam de épocas mais próximas aos factos que narram. Na Biblioteca John Rylands de Manchester conserva-se, por exemplo, o chamado papiro de Rylands, o mais antigo, vários fragmentos do Evangelho de São João, duma cópia feita em 125 d.C. uns 30 ou 40 anos depois do original.

Além disso conservam-se manuscritos doutros fragmentos do Novo Testamento dos séculos II, III e IV. Todos os originais desta parte que inclui o tomo quinto da Bíblia de Navarra estão em grego, enquanto que a maioria dos textos do Antigo Testamento estão em hebreu, embora os haja em arameu e em grego.

Como se queria partir de papiros e pergaminhos mais próximos dos originais, os investigadores da UN dispuseram-se a aprender estas línguas. Francisco Varo, membro do conselho de redacção, inclusivamente esteve durante sete verões em Israel, onde ressuscitou o hebreu depois deste ter estado morto uns 1.800 anos. “O hebreu que se fala agora ali é parecido com o bíblico. Comecei a estudá-lo, junto como o arameu, na Universidade de Salamanca, mas ali estuda-se como o latim: serve para traduzir, mas não dá fluência. Por isso fui a Israel. Em arameu há poucos capítulos, assim que não houve maior problema”. Se não, poderia ter ido à Síria: o siríaco parece-se com o arameu bíblico.

Melões e melancias

Estas visitas e ter feito as compras nos mercados locais, permitiram-lhe não cometer algum dos erros herdados das sucessivas versões da Bíblia em espanhol. Há uma passagem do livro dos Números no qual os israelitas se queixam a Moisés, que os está a tirar do Egipto, por causa da comida: as panelas de peixe, os os alhos porros, os alhos e as melancias. “Quando estava a traduzir esta passagem -conta Varo- lembrava-me de ter passado o verão ali, onde costumava fazer as compras, pelo que não procurei no dicionário e traduzi melancias. Na revisão, cortaram-me melancias e colocaram melões, porque todas as bíblias escrevem melões”. Contudo, no final deixaram melancias, que é o correcto, o que dão no mercado ao dizer-se a palavra hebraica.

Além da tradução, os investigadores dão importância aos comentários, mais de 2.500 páginas manuscritas. Da versão inglesa com estes comentários já se venderam mais de meio milhão de exemplares nos Estados Unidos, Irlanda e Austrália. Uma versão com categoria da que, na apresentação de ontem, o catedrático emérito de Filologia Clássica, António Fontán, disse que era “a obra literária mais importante da História Universal”.

http://www.opusdei.org/art.php?w=28&p=9680


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