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Imprimir movimento(s) às paróquias- Bispo de Santarém fala da necessidade de comunidades vivas
2005-03-06 21:51:51

No último artigo que escrevi para o "Porta do Sol", referi a necessidade de comunidades vivas para a transmissão da fé às novas gerações. A expressão "comunidades vivas" é muito abrangente e pode ser entendida como um rótulo bonito sem conteúdo concreto. Por isso, achei oportuno escrever alguma coisa sobre o que entendo com esta designação.

A vitalidade das comunidades cristãs manifesta-se sobretudo na forma de participação na Missa Dominical, ou seja, nas assembleias litúrgicas quando festivas, participadas, mistagógicas. Ora, como a Eucaristia é o vértice da acção pastoral, é necessário imprimir movimento às paróquias para chegar a este nível de participação consciente, animada e frutuosa.
Muitas paróquias, de facto, dão uma imagem de lugares tradicionais de culto o­nde se recorre quando é necessário celebrar algum rito litúrgico, como se fossem um posto de abastecimento religioso entregue ao clero, sem participação laical, sem dinamismo de evangelização, sem propostas novas, sem renovação.
Face ao tradicionalismo das paróquias surgiram, em meados do século XX, os Movimentos Eclesiais que mostram capacidade de evangelização, congregam fiéis mais activos, criam sentido de pertença à Igreja e promovem a vida fraterna. Em muitas paróquias os quadros pastorais existentes provêm de alguns destes movimentos, como: Acção Católica, Cursos de Cristandade, Casais de Nossa Senhora, etc. Nas últimas décadas do século XX, surgiram também os designados "Novos Movimentos Eclesiais" que desencadearam uma primavera de vida espiritual e de evangelização laical na Igreja. São considerados uma manifestação do Espírito Santo para o nosso tempo e uma esperança para a renovação da Igreja. Devemos, pois, acolhê-los e apoiá-los como uma graça de Deus para a evangelização das pessoas da nossa época.
Os Movimentos não substituem as paróquias. Estas continuam a ser o rosto mais acessível e mais visível da Igreja para o comum dos fiéis. Mas os Movimentos são um desafio para que as paróquias massificadas, anónimas e identificadas apenas com o clero, se ponham em movimento para experiências de vida comunitária, de participação mais activa dos fiéis e de maior dinamismo evangelizador. Os Movimentos Eclesiais vêm lembrar-nos, em resumo, que toda a Igreja, porque guiada pelo Espírito Santo, deve estar em movimento, deve ser um movimento evangelizador.
Conheço várias paróquias que desencadearam processos de renovação por caminhos diversos e complementares. Umas começaram por um grupo de catequese de adultos que entretanto evoluiu para um grupo corresponsável pela evangelização. Outras partiram da movimentação de crianças e jovens e, por estes, chegaram aos pais e aos adultos. Houve outras que se dedicaram à liturgia mais cuidada, bela e participada. Outras ainda criaram movimento através de uma estruturação mais alargada da corresponsabilidade ou de iniciativas de acção social.
Nestes caminhos diferentes notam-se algumas linhas comuns: a criação de um pequeno grupo (por ex., o Conselho Pastoral Paroquial) que colabore com o pároco na análise dos problemas e insuficiências da comunidade, na definição de iniciativas de evangelização e na descoberta de novos colaboradores. A perspectiva evangelizadora, incarnada em propostas concretas, é outra linha comum nestas experiências. Também o estilo de diálogo e de partilha caracterizam estes caminhos de renovação. E, como base fundamental, o acolhimento e a confiança na acção do Espírito Santo, alma da Igreja e fonte de toda a renovação.

D.Manuel Pelino, Bispo de Santarém

Fonte Ecclesia

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