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Papa condena aborto e Holocausto e põe em causa limites das leis
2005-02-24 22:25:14

O Papa condena o aborto e o Holocausto, num novo livro de sua autoria ontem posto à venda em Itália. Mas quando reflecte sobre esses dois temas, fazendo paralelismos entre processos legislativos, João Paulo II coloca em questão, sobretudo, os limites de algumas leis dos parlamentos democráticos.

É no capítulo 22 de "Memória e Identidade", intitulado "A democracia contemporânea", que o Papa escreve: "Um parlamento regularmente eleito levou Hitler ao poder na Alemanha dos anos 30. Este mesmo parlamento (...) abriu-lhe a porta para a política de invasão da Europa, para a organização dos campos de concentração e para a execução da solução final, quer dizer, a eliminação de milhões de filhos e filhas de Israel."
"Basta trazer à memória estes acontecimentos (...) para compreender claramente que a lei estabelecida pelos homens tem limites precisos", acrescenta o texto. "É nessa perspectiva que devemos interrogar-nos, no início de um novo século e de um novo milénio sobre certas escolhas legislativas decididas nos parlamentos dos regimes democráticos actuais", escreve João Paulo II.
Neste passo, o Papa precisa: "O que vem imediatamente ao espírito são as legislações sobre o aborto", diz."Quando um parlamento autoriza a interrupção da gravidez, consentindo a supressão de um nascimento, comete um grave abuso contra um ser humano, que ainda para mais está inocente e privado de toda a possibilidade de se defender", afirma.
E os parlamentares que aprovam estas leis devem "estar conscientes de ultrapassar as suas competências e de entrar em conflito aberto com a lei de Deus e a lei da natureza".
As fugas de informação que já se tinham verificado sobre o conteúdo do livro - e segundo as quais o Papa identificava o aborto com o Holocausto - tinham já provocado uma minipolémica com o conselho central dos judeus alemães. "A Igreja Católica não compreendeu ou não quer compreender que há uma enorme diferença entre um genocídio de massa e o que as mulheres fazem com o seu corpo", afirmou Paul Spiegel, presidente daquele organismo, antes de conhecer as afirmações do Papa.
Na apresentação da obra, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, assegurou que o Papa não pretendia fazer nenhuma aproximação entre o aborto e o Holocausto, mas antes chamar a atenção para "tentações permanentes da humanidade, sobre a necessidade de atender à necessidade de não cair nas armadilhas do mal".
Sobre o mal, escreve João Paulo II que, no século XX, ele foi desenvolvido com "desmesura, utilizando sistemas pervertidos". O mal não foi "artesanal", no século passado, mas "manifestou-se em proporções gigantescas, aproveitadas de estruturas de Estados para concretizar a sua obra nefasta, foi erigido em sistema". E continua a manifestar-se neste novo século, acrescenta, através de "redes de terror que constituem uma ameaça constante para a vida de milhares de inocentes", referindo depois o exemplo dos atentados de 11 de Setembro, de Madrid no ano passado, e da escola de Beslan, em Setembro de 2003.

A.M.

Fonte Público

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