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Morreu fundador do movimento católico Comunhão e Libertação
2005-02-23 19:10:59

O fundador do movimento católico Comunhão e Libertação (CL), padre Luigi Giussani, morreu na madrugada de ontem em Milão (Norte de Itália), com 82 anos.

Complicações na sequência de uma grave pneumonia foram a causa da morte, anunciou ontem a direcção do CL. O funeral está previsto para a tarde de amanhã, quinta, no Duomo de Milão.
Nascido em 1922, Luigi Giussani começou a trabalhar com estudantes em Milão, na década de 50 (já como padre), criando nessa época a "Juventude Estudantil". Mais tarde, em 1969, mudará o nome para Comunhão e Libertação.
Com o tempo, e sob o actual pontificado, este movimento católico viria a constituir-se como um dos mais activos grupos de apoio ao Papa João Paulo II, com os seus 200 mil aderentes (metade em Itália) de quase 70 países (incluindo Portugal, onde existe desde 1987 e agrupa cerca de 400 pessoas, entre profissionais liberais, políticos, professores e jornalistas).
"Estamos ligados a este Papa e à tradição da Igreja", diz ao PÚBLICO António Pinheiro Torres, membro do CL em Portugal, rejeitando o rótulo de conservador que por vezes é atribuído ao movimento Comunhão e Libertação.
Ex-deputado do PSD e uma das vozes destacadas dos movimentos antidespenalização do aborto, Pinheiro Torres diz que Giussani "não reduzia o cristianismo a uma moral".

Encontro anual
em Rimini
O CL define-se como um movimento que pretende proporcionar a formação cristã adulta aos seus membros, de modo a que estes impregnem cada aspecto da vida com a dimensão religiosa. A colaboração na missão da Igreja Católica em todos os âmbitos da sociedade contemporânea é outro aspecto importante.
O movimento dedica grande parte da sua acção a âmbitos como a política, a escola e a universidade - dirigindo mesmo escolas de diferentes graus em vários países. Todos os anos, em Agosto, o CL organiza um encontro em Rimini (Centro de Itália), com a participação de líderes da política, da economia e da religião.
Entre as personalidades da vida pública ligadas ao CL em Itália estão o antigo primeiro-ministro Giulio Andreotti ou Rocco Bottiglione, que não chegou a integrar a actual Comissão Europeia por causa das suas declarações sobre a homossexualidade.

Berlusconi fala
em "dor e perda"
O actual chefe do Governo italiano, Silvio Berlusconi, lamentou também a morte de Luigi Giussani: "É uma dor, uma perda para todos os que acreditaram nele. Mas o seu ensinamento é tão importante que permanecerá e marcará a actividade de todos os que tiveram o prazer e a sorte de o encontrar, frequentar e escutar."
Para Pinheiro Torres, que não conheceu Giussani pessoalmente, embora o tenha contactado em reuniões do movimento, o fundador do CL insistia na ideia de que o cristianismo "é um acontecimento". E tinha uma grande consciência do destino de cada pessoa - "de que um dia estaremos todos com Deus".
A modernidade do seu pensamento, acrescenta o ex-deputado, evidencia-se também pela atenção que Giussani dava à cultura. "Uma vez, quase me escandalizei por ver um artigo sobre Pasolini na nossa revista. Mas depois percebi que [Luigi Giussani] tinha a sabedoria de detectar a inquietação pela verdade que há em toda a gente", diz ainda Pinheiro Torres.
Luigi Giussani dirigiu uma colecção de livros numa das mais importantes editoras italianas, a Rizzoli, e outra de discos para a Deutsche Grammophon.
Entre as cinco dezenas de livros publicados por Giussani há cinco que estão publicados em Portugal na Verbo, Paulus e Diel.

António Marujo

Fonte Público

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