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Os meios de comunicação ao serviço da compreensão entre os povos: Mensagem do Papa para o XXXIX Dia Mundial das Comunicações Sociais
2005-01-24 22:10:29

Queridos Irmãos e Irmãs:
1. Lemos na Carta de São Tiago: " De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que seja assim" (Tg 3,10). As Sagradas Escrituras recordam que as palavras têm um extraordinário poder para unir as pessoas ou dividi-las, para criar vínculos de amizade ou provocar hostilidade.


Esta não é uma verdade que diz respeito apenas às palavras trocadas entre as pessoas. Aplica-se a toda comunicação, em qualquer lugar em qualquer nível. As modernas tecnologias oferecem-nos possibilidades nunca antes vistas para fazer o bem, para difundir a verdade de nossa salvação em Jesus Cristo, e para promover a harmonia e a reconciliação. Por isso mesmo, o seu mau uso pode gerar danos enormes, provocando incompreensão, preconceitos e até conflitos.
O tema escolhido para o Dia Mundial das Comunicações Sociais do ano 2005, "Os Meios de Comunicação ao Serviço da compreensão entre os povos", assinala uma necessidade urgente: promover a unidade da Família humana através da utilização destes maravilhosos recursos.

2. Um modo importante para se alcançar esta meta é a educação. Os meios podem mostrar a milhões de pessoas como são outras partes do mundo e outras culturas. Por isso são chamados acertadamente "o primeiro areópago do tempo moderno", para muitos são o principal instrumento informativo e formativo, de orientação e inspiração para os comportamentos individuais, familiares e sociais" (Redemptoris missio, 37). Um conhecimento adequado promove a compreensão, dissipa os preconceitos e desperta o desejo de aprender mais.
As imagens, em particular, têm a capacidade de transmitir impressões duradouras e modelar atitudes. Ensinam as pessoas a olharem os membros de outros grupos e nações, exercendo uma influência subtil sobre o modo pelo qual devem ser considerados: como amigos ou inimigos, aliados ou potenciais adversários.
Quando os demais são apresentados em termos hostis, semeiam sementes de conflito que podem facilmente converter-se em violência, guerra, e incluso genocídio. Em vez de construir a unidade e o entendimento, os meios podem ser usados para denegrir os outros grupos sociais, étnicos e religiosos, fomentando o temor e o ódio. Os responsáveis pelo estilo e o conteúdo daquilo que se comunica têm o grave dever de assegurar que isto não suceda. Realmente os meios têm um potencial enorme para promover a paz e construir pontes entre os povos, rompendo o círculo fatal da violência, vingança e as agressões sem fim, tão difundidas no nosso tempo. Nas palavras de São Paulo, que foi a base da mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano: "Não te deixes vencer pelo mal, antes vence o mal com o bem" (Rm 12,21).

3. Se esta contribuição à construção da paz é um dos modos significativos de como os meios podem unir as pessoas, têm também grande influência positiva para impulsionar as mobilizações de ajuda em resposta a desastres naturais ou outros. Tem sido comovente ver a rapidez com que a comunidade internacional respondeu ao recente Tsunami, que provocou inúmeras vítimas. A velocidade com que as notícias viajam hoje aumenta a possibilidade de se tomarem medidas práticas em tempo útil para oferecer a melhor assistência. Desta maneira, os meios podem conseguir um bem muito grande.

4. O Concilio Vaticano II nos recorda: "Para o recto uso destes meios é absolutamente necessário que todos os que servem deles conheçam e ponham fielmente em prática neste campo, as normas da ordem moral". (Inter Mirifica, 4).
O princípio ético fundamental é este : "A pessoa e a comunidade humanas são a finalidade e a medida do uso dos meios de comunicação social : a comunicação deveria realizar-se de pessoa a pessoa, para o desenvolvimento integral das mesmas" (Ética nas comunicações sociais, 21). Assim sendo, são os comunicadores que devem em primeiro lugar colocar em pratica nas suas vidas os valores e atitudes que são chamados a cultivar nos demais. Antes de tudo deve incluir-se um autêntico compromisso com o bem comum, um bem que não se reduza aos estreitos interesses de um grupo particular ou nação, se não que acolha as necessidades e interesses de todos, o bem da família humana ( cf. Pacem in Terris,132). Os comunicadores têm a oportunidade de promover uma autêntica cultura da vida, distanciando-se da actual conjuntura contra a vida (cf. Evangelium vitae, 17) transmitindo a verdade sobre o valor e a dignidade de toda pessoa humana.

5. O modelo e a pauta de toda comunicação encontra-se no próprio Verbo de Deus "de muitos modos falou Deus a nossos pais por meio dos profetas; nestes últimos tempos nos falou por meio do seu Filho" (Heb 1,1). O Verbo encarnado estabeleceu uma nova aliança entre Deus e seu povo, uma aliança que também nos une, convertendo-nos em comunidade. " De facto, ele é a nossa paz: de dois povos fez um só povo, em sua carne derrubando o muro da inimizade que os separava (Ef 2,14).
A minha Oração no Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano é que os homens e as mulheres dos meios de comunicação assumam seu papel para derrubarem os muros da divisão e a inimizade em nosso mundo, muros que separam os povos e as nações entre si e alimentam a incompreensão e a desconfiança. Oxalá usem os recursos que têm a sua disposição para fortalecer os vínculos de amizade e amor que são sinais claros do nascente Reino de Deus aqui na terra.

Desde o Vaticano, 24 de Janeiro de 2005, festa de São Francisco de Sales,
João Paulo II

Fonte Ecclesia

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