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Guerra religiosa?
2001-04-19 20:05:55

A Igreja Católica já tinha dado o seu parecer ao separar, de forma inequívoca, a Lei da Liberdade Religiosa da revisão da Concordata. E foi aqui que os diferentes partidos emperraram, exactamente ao converterem em questão política o que era o direito das Confissões Religiosas em Portugal, nomeadamente a Igreja Católica, obviamente a mais numerosa e historicamente mais representativa.



Com a prolongada crise dos Balcãs, o clima explosivo do Médio Oriente, as lutas islâmicas intolerantes no Oriente, as fúrias iconoclastas dos Talibãs, o prolongamento do conflito na Irlanda do Norte, ressalta a ideia de que a guerra religiosa continua em crescendo, revelando que as crenças facilmente se tornam em fonte e pasto de fanatismos intolerantes.
Talvez alguém se sinta tentado a transpor essa intransigência cega para a situação que ora se vive no nosso país. Há um Projecto Lei de Liberdade Religiosa que há anos anda de Pilatos para Caifás, de emenda para emenda, sem encontrar saída ou um mínimo de consenso para aprovação. Essa morosidade - importa lembrar – decorre não de razões religiosas mas de jogadas estritamente políticas.
A Igreja Católica já tinha dado o seu parecer ao separar, de forma inequívoca, a Lei da Liberdade Religiosa da revisão da Concordata. E foi aqui que os diferentes partidos emperraram, exactamente ao converterem em questão política o que era o direito das Confissões Religiosas em Portugal, nomeadamente a Igreja Católica, obviamente a mais numerosa e historicamente mais representativa. Agora, através do Secretário da Conferência Episcopal no Parlamento, e do próprio Cardeal Patriarca na Homilia de Domingo de Páscoa, a Igreja deixou a questão definitivamente clarificada.
Não vale a pena, pois, rodopiar sobre o mesmo, destapar os velhos fantasmas de conservador ou progressista, privilegiado ou marginal, direito das minorias e prepotência do mais representativo. A embrulhada do religioso no político sempre teve consequências nefastas. Mas não foram mais benéficas a operação contrária: a política interpor-se ardilosamente na religião e chamar a isso guerra religiosa. Compreende-se que a política tenha os seus códigos autónomos de comunicação. Mas que não caia na tentação de se impor como se fosse, por definição, a forma legal de enganar o povo. Nessa o povo já não cai.
António Rego

Fonte Ecclesia

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