paroquias.org
 

Notícias






Copiar a Bíblia à mão é uma «partilha espiritual»
2004-11-10 12:05:07

“Oráculo sobre Nínive”. Pouco passava da 10h30, quando o director da Biblioteca de Viana do Castelo, local onde está instalado o “scriptorium”, copiou estas primeiras palavras o livro de Naum no contexto do projecto da Bíblia manuscrita que mobilizou pessoas de diversos credos.

Logo após do director da Biblioteca, tocou a um padre católico, pároco na cidade, fazer a copia de mais alguns versículos, seguindo-se um Pastor da Assembleia de Deus.
Eugénio Araújo, até há dois meses a trabalhar com a comunidade de Caminha, participou na iniciativa porque acredita que ela vai «despertar as consciências» para a obra estando certo de que «vai levar as pessoas a lerem o livro», não deixando de lamentar que num país dito cristão a Bíblia continue uma ilustre obra desconhecida.
Do ponto de vista pessoal salientou que é um livro que o tem acompanhado o longo da vida, onde encontra «luz e directrizes para um melhor relacionamento com Deus e com o próximo.
Neste primeiro dia da iniciativa, apontada como «inédita» pela grande maioria dos participantes, a vice-presidente da Câmara Municipal e Vereadora da Cultura também veio dar o seu contributo copiando dois versículos daquele livro.
Flora Silva enquadra a sua participação numa «partilha espiritual» classificando a experiência de «ecuménica», ao mesmo tempo quer encontra o «prazer de reescrever o texto bíblico». Confessa que com os actuais afazeres, sobra cada vez menos tempo para dedicar a curtas leituras bíblicas, no entanto quando confrontada com o texto «hesita» sempre a «Palavra de Deus que o é» e a «literatura». Diz fascinada sob esse ponto de vista com o texto bíblico acentuando que ali se pode encontrar inspiração para «qualquer acto da nossa vida».
Ana Maria Lima veio à biblioteca fascinada com o tema que tinha ouvido divulgar e entende que esta iniciativa inédita até poderia ser “copiada” e ser extensiva a outras áreas dos saberes.
Como católica praticante tem manifestamente uma relação de fé com a Bíblia, não deixando de sublinhar o caracter «cultural». Ana Maria Lima iz que naquele texto encontra de tudo, destacando que vê ali «um modelo a seguir e uma fonte de inspiração» para o quotidiano.
Em jeito de nota introdutória, Rui Viana, director da Biblioteca vianense, falou do «valor da obra em termos patrimoniais», recordando que se trata do primeiro livro impresso por Gutemberg no sistema de caracteres móveis, uma obra que ficou designada como a Bíblia das 42 linhas.
Na contextualização da iniciativa a Biblioteca preparou uma pequena exposição onde poderão ser apreciados diversos exemplares, nomeadamente um impresso no século XVI, e um em aramaico, a língua original da maioria dos textos.
Ao final da manhã, o livro de Naum, estava quase transcrito à mão pelo punho de um conjunto de pessoas de vários credos e de todas as idades.
Viana do Castelo, ao longo dos próximos dois fins de semana, deverá mobilizar-se para copiar à mão o livro dos “Juízes” e a carta aos “Gálatas”.

Paulo Gomes

Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia