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Os Sem-abrigo Vão à Missa em Notre-Dame
2004-11-03 15:10:25

Foi numa catedral de Notre-Dame de Paris plena de gente e com a participação de alguns sem-abrigo que ontem se concluiu, na capital francesa, a segunda etapa do Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE) - depois de Viena em 2003 e antes de Lisboa, em Novembro do próximo ano.

Na oração pelos mortos, o cardeal Jean-Marie Lustiger, arcebispo de Paris, rezou, dizendo os seus nomes, por vários sem-abrigo que tinham morrido na rua "e por todos aqueles que não conhecemos e morreram na rua". No início da missa e no momento da leitura do evangelho, seis homens sem tecto seguraram velas e, depois, quatro outros fizeram a chamada "oração universal" - pelos excluídos, pelos jovens, mas também pelos "apressados no Metro e nos passeios, para que Deus lhes dê um espírito de misericórdia".

A presença destes homens estava apadrinhada, na catedral, pela grande fotografia do Abbé Pierre, fundador dos Companheiros de Emaús e lutador incansável pelos direitos dos sem-abrigo. Além dessa, uma autêntica galeria de fotos daquilo que aparecia como santos contemporâneos estava exposta nos balcões laterais da nave central. São cristãos - e não só católicos - contemporâneos conhecidos e que passaram pela catedral parisiense.

De alguns deles, assinala-se mesmo que se converteram na catedral, como foi o caso do escritor Paul Claudel - que já tinha, aliás, uma lápide no chão, assinalando o mesmo facto da conversão, no dia de Natal de 1886. Mas estão também Robert Schumann, o pai da unificação europeia, o escritor Charles Péguy, o Papa João XXIII, Santa Teresa de Lisieux, além do irmão Roger, fundador da comunidade de Taizé que, não sendo de origem católica mas calvinista, constitui um forte sinal do ecumenismo.

A sida e a dimensão social

Alguns dos momentos importantes do congresso foram os testemunhos sobre a acção social, como a vigília inter-religiosa com doentes de sida e suas famílias. Vários doentes deram conta de um processo comum a tantos outros: a descoberta progressiva da doença, a marginalização e a solidão, a descoberta de uma comunidade religiosa que acabou por acolher quem sofria.

"Quando as nossas profundezas são invadidas por uma nuvem sombria, resta aberto um caminho, o da confiança serena", rezavam os participantes, que encheram a Igreja de Nossa Senhora dos Mantos Brancos, a partir de um texto do irmão Roger, de Taizé.

A dimensão social da acção da Igreja foi também recordada pelo cardeal Ivan Dias, arcebispo de Bombaim, que presidiu às cerimónias de Fátima no passado 13 de Outubro.

Ivan Dias referiu o que se passa no seu país: apesar de os cristãos (católicos e protestantes) serem apenas 2,3 por cento da população de mais de mil milhões de habitantes, são eles que promovem 20 por cento das escolas primárias do país, 10 por cento de programas de alfabetização e de saúde comunitária, 25 por cento da assistência aos órfãos e viúvas e 30 por cento do apoio a doentes mentais, leprosos e doentes de sida.

Fonte Público

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