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Valorizar os idosos, humanizar as sociedades
2004-09-09 20:30:49

Que os idosos sejam plenamente reconhecidos como uma riqueza para o crescimento espiritual e humano da sociedade.

1. Segundo dados da ONU, há actualmente 59 países, com 44% da população mundial, nos quais os nascimentos já não são suficientes para impedir o decréscimo da população. Por seu lado, o Congresso dos Estados Unidos estima que, em 2050, um quinto da população deste país terá mais de 65 anos. Este envelhecimento atinge também os países menos desenvolvidos economicamente, tradicionalmente com taxas de natalidade elevadas.


Assim, em 2050, países como a Turquia e o México deverão ter uma média de idade mais elevada do que os 39,7 anos indicados para os Estados Unidos na mesma data. A Argélia, que em 2000 tinha uma média de idades de 21,7 anos, terá uma média de 40 anos em 2050. Nos países da América Latina, a média deverá ser, na mesma altura, de 39,8 anos. A China terá, em 2040, 26% da população com 60 anos ou mais. Se os países ricos enfrentarão dificuldades crescentes em custear as despesas resultantes deste envelhecimento, que dizer dos mais pobres, abruptamente confrontados com percentagens tão elevadas de cidadãos idosos?

2. Diz-se, por vezes, que em tempos mais recuados, ou em sociedades ainda pouco marcadas pelo desenvolvimento económico, os idosos eram respeitados e valorizados, ao contrário do que acontece nas sociedades actuais. Talvez, mas então os idosos representavam uma percentagem muito menor da população – e, mesmo assim, a idade avançada era, para a maior parte, marcada por extrema pobreza ou abandono total. Deve, por isso, reconhecer-se que as sociedades actuais, nos países economicamente mais desenvolvidos, apesar de contarem com uma percentagem de idosos bem mais elevada, reduziram fortemente a pobreza associada ao envelhecimento, pelo menos na sua dimensão económica e assistencial. Valorizando o que foi conseguido, importa insistir na necessidade de avançar mais e pensar novas formas de aproveitar, mesmo economicamente, o envelhecimento das nossas sociedades.

3. Para que tal seja possível, são necessárias mudanças culturais e novas atitudes perante os mais velhos, a começar pela família e a acabar no Estado – mudanças que não limitem os idosos a uma questão de dinheiro para pagar reformas e de asilos onde recolher os mais pobres ou doentes. Se os jovens e as crianças de hoje continuarem a ver as famílias, por comodismo ou falta de condições, a abandonar os seus membros mais idosos em asilos ou a deixá-los na tristeza da solidão; se virem o Estado ignorar e deixar sem apoio as famílias que desejam conservar os seus membros mais idosos junto de si – apesar de gastar muito mais em lares de terceira idade; se virem que o Estado e a sociedade em geral não têm lugar para os idosos, antes os remetem ao limbo de uma existência sem sentido, preocupados apenas em saber como continuar a pagar-lhes as pensões; se continuarem a ser educados segundo modelos que privilegiam a eficácia e a produtividade e endeusam a juventude; se assim for, tais comportamentos repetir-se-ão, no futuro próximo, de modo ainda mais degradante, porque o número de idosos será muito maior – e a pobreza das sociedades também.

4. 2040 ou 2050 não é um futuro longínquo – é o espaço de duas gerações. Neste curto espaço de tempo, os idosos tornar-se-ão uma presença cada vez mais evidente nas sociedades. Se isso será motivo para as famílias, as sociedades e os Estados reconhecerem as possibilidades de enriquecimento espiritual e de humanização activas nessa presença, ou se, pelo contrário, levará a mais exclusão e a novos conflitos sociais, depende sobretudo daqueles que, hoje, definem o «ar do tempo» – e, por esse lado, o futuro parece pouco promissor. Aos cristãos, porém, pede-se que, alicerçados na esperança, contrariem esta cultura de exclusão dos idosos, contribuindo, deste modo, para que a sociedade, no seu todo, reconheça o que lhes deve e os acolha e valorize como deve.

Fonte Ecclesia

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