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Missionária portuguesa: ainda há tempo para salvar o Sudão
2004-08-28 19:45:45

“Ainda há tempo para salvar o Sudão”. A afirmação é da Ir. Maria do Rosário Marinho, em declarações à Agência ECCLESIA sobre um drama para o qual o mundo acordou há muito pouco tempo, mas não tarde demais – pelo menos para todos.

A Comboniana está no Sudão, onde dirige a única maternidade católica da capital sudanesa. O seu trabalho na assistência materno-infantil valeu-lhe a atribuição do prémio Pró-Família 2004, da Associação Famílias.
Diante dos sucessivos conflitos, não tem muitas esperanças de ver a paz acontecer no Sudão. Primeiro no Norte, agora a Sul, repetem-se conflitos étnico-religiosos.
Num momento em que se prepara para regressar a este país, a religiosa admite que pode estar em curso, no Sudão, um genocídio num conflito com raízes políticas e económicas: "há registo de aldeias destruídas e pessoas que morreram só por uma questão política e económica, nem sequer religiosa", descreveu.

A Ir. Rosário Marinho pinta um cenário dramático, em termos humanitários e lamenta que as organizações internacionais não ajudem. "Estamos agora a viver um outro foco de tensão e de violência muito grave onde os direitos humanos têm sido violados e que o Governo de Cartum não quer reconhecer", acusou a Comboniana.
Ainda ontem, a Conferência Episcopal do Sudão lançou um apelo à ONU, comunidade internacional, governo e oposição sudanesas para que “o povo do Sudão seja socorrido urgentemente” Os bispos católicos do Sudão pedem que se exerça pressão sobre o governo do país, assinalando que “não há mais espaço para declarações, deliberações ou discussões, é tempo para uma acção decidida que salve esta gente inocente”.
Com base no seu trabalho no terreno, dirigida em primeiro lugar à população refugiada, a Ir. Rosário Marinho assegura que há cada vez mais gente da etnia negra a fugir dos seus locais. “Só conhecendo estas situações se pode perceber o que é um país com um governo fundamentalista, toda a problemática com que a gente se depara todos os dias”, refere.
A religiosa lamenta “tudo o que acontece aos cristãos” neste país de maioria muçulmana, mas com duas realidades completamente opostas: a árabe e a negra. “A maioria da população alimenta a esperança de paz e quer regressar às suas casas, porque estão em condições desumanas, mas as soluções tardam”, aponta.
Quando perguntamos se considera os missionários como “heróis” por se dedicarem a populações tão desprotegidas e ameaçadas, a resposta saiu imediata: “não considero que sejamos heróis, fazemos o que fomos chamados a fazer”.
“O que as pessoas possam aprender com o nosso trabalho, acordando para a situação de outras populações, é algo completamente diferente. Só por isso vale a pena expor-nos e falar da nossa vida”, conclui.

A Ir. Maria do Rosário Marinho
A 22 de Julho de 1961 nasce Rosário Marinho
A sua infância foi passada em Arcozelo – Ponte de Lima – onde estudou na Escola Primária da Freiria.
Mais tarde viria a estudar no Ciclo Preparatório de Ponte de Lima para de seguida prosseguir os estudos em Viana do Castelo onde também estudou música.
Posteriormente, e optando por não continuar os estudos Rosário Marinho, (conhecida carinhosamente pelos familiares e amigos como “Zaira”) decide ir trabalhar, onde consegue um emprego num Laboratório de Análises Clínicas, onde permaneceu até à idade dos 24 anos (altura em que sentiu o chamamento de Deus).
Seguidamente e depois de ter decidido abraçar a vocação, parte para Roma onde se especializa em línguas (permanece em Itália cerca de 3 anos).
Em 1988 faz os seus primeiros votos na cidade do Porto.
Depois de ter feito os votos, parte rumo à América onde tira um Curso de Enfermagem e se especializa em inglês. Também trabalhou num Hospital local (permaneceu na América 5 anos).
Da América segue em direcção a Karimojong no Norte do Uganda onde ficou 8 anos, e onde (passados 4 anos) fez os últimos votos. No Uganda, sentiu muitas vezes a sua vida ameaçada, mas mesmo assim, continua a ensinar o Evangelho com carinho e com a sua ajuda pessoal e profissional.
Actualmente encontra-se (há cerca de 2 anos) em Cartum no Sudão, onde e como enfermeira que é (especializada em obstetrícia) coordena o projecto da St. Mary`s Maternity, a maternidade que as irmãs combonianas dirigem.
Aqui o grande desafio da irmã Rosário Marinho além do bom funcionamento das recentes instalações é a formação e o desempenho da nova equipa de pessoal, médicos, parteiras, enfermeiras, pessoal auxiliar e de escritório, de modo que os valores do Evangelho e o empenho de serviço à vida sejam partilhados e inspirem o trabalho de todos.
Além disto, Rosário Marinho ambiciona não só dar assistência às mulheres que lá se dirigem, ou seja, ela continua a reunir esforços para poderem adquirir uma ambulância, para que se possa socorrer todas as mulheres que se encontram em perigo e que moram fora das imediações da cidade.

Fonte Ecclesia

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