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Família e sociedade
2004-05-05 10:43:46

Que a família, fundada no casamento de um homem com uma mulher, seja reconhecida como a célula fundamental da sociedade humana.

1. A família, entendida como comunidade humana fundada no casamento de um homem com uma mulher, enfrenta dificuldades cada vez mais sérias, resultado das tendências culturais dominantes e da ausência de políticas orientadas para a sua protecção e valorização. Veja-se a designação «família tradicional», omni-presente nos meios de comunicação social, tão «culturalmente correcta» e tão insidiosa. É-se «família tradicional» por oposição às famílias «modernas»: «mono-parentais», «uniões de facto», «casais homossexuais»… Valorizando esta «modernidade», parte-se em busca das reais ou supostas disfunções da família «tradicional», sendo a violência doméstica a preferida dos media, e o aumento dos divórcios a confirmação da «falência» do modelo «tradicional». Veja-se o caso da legislação civil: equiparação do casamento e das uniões de facto, legalização do «casamento» de homossexuais, facilitação do divórcio, discriminação dos casais no pagamento de impostos…


2. Este voluntarismo de alguns para mudar a normalidade social acaba quase sempre desmentido pela mesma sociedade. Estudos recentes revelam, por exemplo, que a violência doméstica é muito mais comum nas «uniões de facto» do que no casamento – embora os media falem sempre de maridos, quando se referem a tais casos. Outro exemplo: no ano 2000, em Portugal, com uma taxa de nascimentos fora do casamento de 22%, verificava-se que 85% das mães nesta situação viviam abaixo do limiar da pobreza. Estudos semelhantes, mas mais completos, nos Estados Unidos, mostram igual relação entre pobreza e monoparentalidade, quer esta seja originada pelo divórcio, quer pela maternidade fora do casamento. E quanto ao abandono escolar, também nos EUA, é de 37% em crianças nascidas fora do casamento, contra 13% em filhos de pais que continuam casados. O mesmo para a marginalidade e violência: 72% dos adolescentes homicidas, 70% dos presos de longa duração e 60% dos violadores são oriundos de lares sem pai (cfr. João Carlos Espada – «Família e Políticas Públicas». Expresso, 17/04/2004).

3. Que dizer quanto à pretensão dos grupos homossexuais de verem reconhecido o «direito» ao casamento e mesmo à adopção de crianças? Culturalmente, tal «direito» parece um dado adquirido. Legalmente, em muitos países também. No Canadá, por exemplo, a questão legal já não é o «casamento» civil, mas antes saber se os ministros das Igrejas que não aceitam tal prática deverão ou não ser obrigados, pela lei civil, a presidir aos mesmos, sempre que tal lhes seja solicitado – o governo canadiano colocou esta questão ao Supremo Tribunal do país! O «culturalmente correcto» entra, assim, no terreno do puro disparate!

4. A Igreja Católica opõe-se claramente ao reconhecimento civil (quanto ao religioso, a questão nem se coloca!) de tais «casamentos». Considera a Igreja que o reconhecimento das uniões homossexuais como casamento supõe uma alteração radical do sentido socialmente aceite para o mesmo – união estável entre um homem e uma mulher, reconhecida e protegida socialmente; e implica grave prejuízo para o bem comum – pois sacrifica o bem geral aos interesses particulares; estes podem e devem ser protegidos, sem que ponham em causa aquele. O casamento é, de facto, uma realidade singular e deve ser protegida como tal. Aqueles que, por opção ou por outro motivo qualquer, se encontram impedidos de o contrair, não podem pretender que se mude a essência do mesmo para satisfazer os seus interesses – antes devem procurar outros modos de realização pessoal, no respeito pelos deveres morais comuns a todos os seres humanos.
5. Numa cultura que olha a satisfação dos desejos pessoais como único meio de realização e felicidade do indivíduo, estas considerações, fundadas numa concepção cultural bem mais antiga, mas também mais sólida e provada, serão de pouco significado para muitos. Os cristãos, porém, estão, também neste tema, chamados a ser sinal de contradição – não porque andem desfasados do mundo, mas porque o mundo anda por caminhos que ignoram a luz do Evangelho.

Elias Couto

Fonte Ecclesia

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