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Escolas portuguesas renderam-se ao encanto da Bíblia
2004-03-30 20:40:56

As escolas portuguesas renderam-se ao encanto da Bíblia. Mais de 50.000 estudantes de todo o país começaram, a 22 de Março, a longa maratona de escrita à mão das Sagradas Escrituras, o projecto “Bíblia Manuscrita Jovem” (BMJ).

Dos três dias previstos, a iniciativa alargou-se em muitos locais até esta sexta-feira. Não por falta de interesse dos copistas, mas porque o processo se revelou muito moroso, em função da autêntica avalanche de interessados.
O projecto da Sociedade Bíblica Portuguesa (SBP) percorreu o país, com estudantes dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e secundário a escreverem textos das Sagradas Escrituras em 233 escolas.
Alfredo Abreu, Coordenador Geral de “A Bíblia Manuscrita”, revela à Agência ECCLESIA que mesmo aqueles que nunca tinham contactado com o texto sagrado do Cristianismo “mostraram reverência, um cuidado extremo na maneira como copiaram o versículo que lhes estava destinado”. Curiosamente, essa reverência contribuiu para que o processo demorasse mais do que o previsto.
O responsável do projecto admitia que houvesse alunos a querer participar em cima da hora, pelo que tinha indicado às escolas a possibilidade de atribuir mais textos, para além do que estava inicialmente programado. “Foi uma autêntica corrida”, refere, satisfeito.
Vários familiares dos alunos quiseram juntar-se a esta iniciativa que, contudo, estava reservada à comunidade educativa. A sua vez chegará em Novembro, dado que a BMJ é uma das componentes de um projecto mais vasto – “A Bíblia Manuscrita” – que terá o seu auge quando, nesse mês, mais de 100.000 pessoas de todas as idades, regiões, grupos sociais, e confissões religiosas escreverem pela sua mão a Bíblia na língua portuguesa.
A satisfação da organização passa também pelo grande interesse que a BMJ conseguiu suscitar junto dos Media, desde as televisões aos jornais, mesmo no estrangeiro.
A iniciativa dará lugar à edição de pelo menos uma Bíblia manuscrita completa, além de mais um Novo Testamento completo e um livro dos Salmos (a Bíblia tem cerca de 35 mil versículos e a Sociedade Bíblica Portuguesa prevê que cada pessoa só escreva um).
Antes das férias da Páscoa a SBP espera ter recolhido todo o material escrito, de modo a que em Maio esteja completamente digitalizado o texto bíblico. Um CD-Rom com a reprodução de toda a Bíblia Manuscrita será depois oferecido a cada escola participante, “para ver aquilo que fez dentro do contexto nacional”, justifica Alfredo Abreu.
Uma reprodução, em papel dos versículos escritos por cada estabelecimento de ensino, será também enviada.

SUCESSO NA PRISÃO
Algumas das escolas envolvidas na BMJ tinham um protocolo com o estabelecimento prisional local, o que acabou por levar o projecto a públicos diferentes. O resultado não deixou de ser positivo.
No estabelecimento prisional de Sintra, uma manhã estava reservada para a cópia de versículos. Apenas 5 dias depois se deixou de escrever a Bíblia.
“Os presos chegavam a decorar o versículo que lhes tinha sido confiado ou a voltar atrás para relerem o que tinham escrito”, explica à Agência ECCLESIA o professor José Baptista, da escola que levou a BMJ até à prisão, em Sintra, a D. Carlos I.
O professor fala no “Milagre da Bíblia” para explicar esta adesão e realça “a atitude e a dignidade dos reclusos” perante o texto. Contudo, a apresentação da Bíblia desde uma perspectiva cultural e não catequética deu uma grande ajuda.

LABORATÓRIO DE SABERES
O projecto da BMJ teve como parceiros de organização o Secretariado Nacional da Educação Cristã e o Secretariado Diocesano do Ensino Religioso do Patriarcado de Lisboa (ambos da Igreja Católica) e a Comissão para a Acção Educativa Evangélica nas Escolas Públicas (evangélica), que mobilizam professores e alunos das aulas de Educação Moral e Religiosa, mas também de outras disciplinas.
Na escola Gabriel Pereira, em Évora, onde se deu a abertura oficial da iniciativa, decorrem outras actividades, que incluem a exposição de “scriptorium medieval”, composto por mobiliário e decoração, feitos exclusivamente para este evento, com base numa pesquisa dos alunos. Pelo meio, mais quatro exposições temáticas: monges budistas, Gutenberg, João Ferreira de Almeida - autor da primeira tradução completa para português em 1753 - e exemplares da Bíblia dos séculos XVI e XVIII.
Os professores de Educação Moral e Religiosa Católica e Evangélica (EMRC/E) têm vindo a trabalhar em conjunto com conselhos executivos e pedagógicos, com iniciativas onde se combinam disciplinas.
Na Escola Secundária Padre Alberto Neto, em Queluz, os professores de EMRC/E procuram desenvolver actividades em conjunto com outros grupos disciplinares, como português, história, ciências e arte. A intenção concretiza-se, de acordo com Isabel Mesquita, professora de EMRC, com “uma exposição sobre a Bíblia - onde será apresentada em 40 línguas, conferências sobre a presença da Escritura na obra de Vergílio Ferreira, concertos de Música Sacra e a construção de um Scriptorium do séc. XIV -, inspirada no filme “O Nome da Rosa”.
Um exemplo de colaboração nasce à volta do Scriptorium: serão os professores de história de arte a pintar os cenários do mesmo, com as técnicas da altura. Os professores de história vão falar sobre a passagem da escrita à imprensa e os de Biologia abordam o valor bíblico da “conservação da criação” numa conferência sobre a ecologia.

Fonte Ecclesia

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