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As visões da mística alemã Ana Catarina Emmerich
2004-03-25 20:57:50

A Paulus Editora acaba de publicar “A Paixão de Jesus Cristo”, um volume de 386 páginas que recolhe os relatos das visões da mística alemã Ana Catarina Emmerich. Estes relatos inspiraram Mel Gibson durante a realização do filme “A Paixão de Cristo”.

Segundo a Editora, “os espectadores que se comoveram ao ver o filme do cineasta americano, encontrarão nestas páginas motivos para maior comoção espiritual, porque os relatos de Catarina Emmerich descrevem ainda mais pormenorizadamente os sofrimentos e os passos do Salvador na sua dolorosa paixão”.
As revelações da mística alemã sempre estiveram envoltas em polémica, dado que a Igreja Católica sempre manifestou reservas diante de fenómenos como estes.
D. Manuel Clemente, Bispo auxiliar de Lisboa e especialista em História da Igreja, faz o seguinte esclarecimento à guisa de apresentação do livro agora editado pela Paulus sobre as revelações de Catarina Emmerich:
«Ana Catarina (Anne Katharine) Emmerich nasceu em Flamske (Vestefália, Alemanha) a 8 de Setembro de 1774. Filha de pais pobres, desde pequena teve visões (anjos, Maria, Cristo). Piedosa e almejando a vida religiosa, mas sem meios para tal, foi-se dedicando a vários trabalhos, diligente e caritativa. Conseguiu finalmente ingressar nas agostinhas de Dulmen, fazendo votos a 13 de Novembro de 1803.
Enfermiça, era de espírito vivo e atento aos males físicos e morais dos outros, ajudando quanto podia e rezando por todos e pelas almas do Purgatório. Associava-se à paixão de Cristo, sentindo-lhe agudamente as dores. O convento foi secularizado em 1812 e Catarina acolheu-se em casa duma pobre viúva da cidade, acabando por ficar retida no leito, entre grandes padecimentos. Em 1813 os seus estigmas foram analisados por uma comissão episcopal, que se pronunciou positivamente. Em 1819, porém, a autoridade civil forçou-a a mudar de residência, permitindo-lhe apenas a visita do confessor. Confirmada a sua boa fé, pôde Ana Catarina regressar à casa habitual. Aí a visitou o poeta e escritor convertido Clemente Brentano (1778-1842) em Setembro de 1818, que foi passando depois a escrito as revelações da vidente sobre a vida de Cristo, fixando-se também em Dulmen. Anotava o que ela dizia no dialecto de Vestefália, transcrevia para alemão corrente e apresentava o resultado a Ana Catarina.
Com esta colaboração de Brentano, publicou-se em 1833 A dolorosa paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo as meditações de Ana Catarina Emmerich. Brentano preparou também para publicação A Vida da Santíssima Virgem Maria, só impressa em 1852, já depois do falecimento do escritor. Com os manuscritos deixados pelo mesmo autor, publicou o redentorista Schmöger, de 1858 a 1880, os três tomos da Vida e morte do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo segundo as visões da bem-aventurada Ana Catarina Emmerich (que teve em 1881, nova edição revista e ilustrada). Quer Brentano quer Schmöger publicaram biografias de Ana Catarina.
A vidente faleceu em Dulmen, a 9 de Fevereiro de 1824. As suas visões, mais descritivas do que reflexivas, prendem facilmente o leitor à vivacidade das cenas que evoca. Cenas a que a vidente não daria, aliás, um valor histórico estrito.
Lembremos, a propósito, a doutrina do Catecismo da Igreja Católica: “Apesar de a Revelação já estar completa, ainda não está plenamente explicitada. E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer dos séculos” (nº 66). E mais especificamente: “No decurso dos séculos tem havido revelações ditas ‘privadas’, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é ‘aperfeiçoar’ ou ‘completar’ a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história” (nº 67).
Nem Ana Catarina nem nenhum vidente nos trarão algo de essencial a juntar ao que os Evangelhos contam de Cristo. Mas este mesmo Evangelho ganha em cada crente a coloração própria da cultura em que se traduz, num diálogo em que não somos receptores impessoais. A vidente de Dulmen e o seu colaborador Brentano – aliás autor dos Romances do Rosário, cantando a libertação espiritual através de Maria, a “Estrela do Mar” - deixaram-nos o contributo das respectivas sensibilidades cristãs e católicas, historicamente situadas e piedosamente transcritas».
“A Paixão de Jesus Cristo”, segundo as visões de Ana Catarina, não é um livro apenas de ocasião. Ou seja: para se ler e meditar, só porque apareceu no mercado um filme do mesmo nome e logo no final da Quaresma. As reflexões propostas pela vidente alemã prestam-se a profundas meditações a fazerem-se no arco de todo o ano litúrgico. E destinam-se a todos os cristãos que queiram ser ajudados a viver mais profundamente a revelação contida nos evangelhos.»

Fonte Ecclesia

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