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João Paulo II, o Segundo Mais Longo Pontificado da História
2004-03-14 18:58:56

O Papa João Paulo II, que em Maio completa 84 anos, passa hoje a deter a marca do segundo mais longo pontificado (25 anos e meio) da história da Igreja Católica, ultrapassando Leão XIII, que esteve no lugar entre 20 de Fevereiro de 1878 e 20 de Julho de 1903.

Karol Wojtyla, o primeiro Papa polaco, fica agora apenas atrás de Pio IX, Papa durante 31 anos e sete meses, que atravessou uma época historicamente importante para o catolicismo. Foi nesse pontificado que a unificação italiana acabou com os Estados Pontifícios, que se realizou o Concílio Vaticano I e proclamou o dogma da infalibilidade papal, que foi publicado o "Syllabus" a condenar o modernismo e o liberalismo. Ao mesmo tempo, a industrialização entrava no seu apogeu e a Igreja Católica via fugir-lhe as massas operárias, num processo que culminaria na secularização das sociedades ocidentais.

São Pedro, discípulo e companheiro de Jesus Cristo, que foi o primeiro a liderar a comunidade dos cristãos de Roma e só morreu em 64 ou 67, seria em rigor a medalha de ouro (com pelo menos uns 34 anos de "papado") deste campeonato de curiosidades. Só que, nessa altura, nem a Igreja estava organizada como hoje, nem existiam ainda as designações de bispo ou papa.

O tempo longo do pontificado e a doença de Parkinson que atinge João Paulo II desde há uma década não faz, no entanto, parar o chefe da Igreja Católica. O Papa Wojtyla reduziu drasticamente o volume de trabalho desde as comemorações do 25º aniversário do pontificado, em Outubro, mas as cerimónias da Páscoa estão à porta e há já novas viagens em preparação.

O santuário de Mariazell, na Áustria, em Maio, para a beatificação do último imperador Habsburgo; Berna, na Suíça, em Junho, para o primeiro encontro de jovens católicos do país; França, em Outubro, para a comemoração do centenário das Semanas Sociais católicas e para uma deslocação ao Parlamento Europeu são hipóteses que estão a ser ponderadas no Vaticano. Nas últimas semanas, o encarregado da organização das viagens de João Paulo II, Renato Boccardo, esteve na Suíça, o que parece confirmar a possibilidade em estudo.

Outra saída, esta quase caseira, poderia acontecer em Maio: o grande rabino judeu de Roma, Riccardo di Segni, convidou João Paulo II para uma visita à sinagoga da capital italiana pela segunda vez. Recorde-se que a primeira vez que isso aconteceu - e a primeira ida de um Papa a um lugar de culto judaico - foi em 1986, quando Wojtyla se referiu aos judeus como "os irmãos mais velhos" dos cristãos. A visita foi um dos passos históricos na aproximação entre judeus e cristãos, de que o actual Papa foi protagonista principal, depois da abertura de portas que os seus imediatos antecessores tinham proporcionado.

Diálogo inter-religioso é, aliás, uma das marcas principais de Wojtyla, um homem forjado na resistência polaca ao nazismo, primeiro, e ao comunismo, depois. Esse temperamento de resistência acabou por ser também uma das características principais deste já longo pontificado.

Contra a vontade de vários sectores da Cúria, o Papa insistiu em pedir perdão pelos pecados históricos da Igreja Católica. Contra os ventos políticos dominantes, não se cansa de condenar opções pela guerra e de trazer os pobres e os desafortunados do mundo aos seus discursos e gestos públicos, sublinhando a importância do social e do comunitário na vida política e económica.

Também contra o desejo de muitos católicos, tem resistido a mudanças significativas na disciplina eclesiástica de questões como celibato ou na doutrina familiar e individual.

Contradições para uns, sinais da busca de uma nova identidade católica em sociedades secularizadas, para outros, este é o Papa que, para quem tem menos de 30 anos, representa a mais intensa imagem do catolicismo - até pelas 102 viagens já efectuadas a 129 países. Nascido no já longínquo 18 de Maio de 1920, em Wadowice, na Polónia, ele continuará, por enquanto, a ser o símbolo universal da Igreja Católica.

Fonte Público

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