paroquias.org
 

Notícias






Sé de Bragança adiada
2000-08-26 23:16:07

O bispo de Bragança adiou a inauguração da Sé Catedral para Julho de 2001, devido a atrasos na adjudicação das obras no interior.

A Diocese de Bragança terá de esperar um ano pela inauguração da sua Sé Catedral, a primeira construída em Portugal nos últimos 400 anos. A distribuição dos lugares em anfiteatro, a inclinação do chão, à semelhança do que acontece nas salas de cinema, e o desenho pentagonal da zona envolvente marcam a diferença da nova igreja, apresentada pelo Bispo local, D. António Rafael, como «uma catedral para o novo milénio».
Ao contrário de outras catedrais construídas até ao século XVI, a Sé de Bragança apresenta-se também como uma obra regional, especialmente concebida para o nordeste transmontano. A porta principal, geminada, remete para a diocese de Bragança/Miranda, enquanto as duas entradas laterais são as portas de Moncorvo e Mirandela. Os materiais de construção - pedra, granito e xisto - vieram de toda a região. «Até as árvores que rodeiam a catedral, como a oliveira, o castanheiro e a cerejeira, foram seleccionadas na flora local», salientou D. António Rafael.

O interior revela a mesma preocupação, através de pormenores como o sacrário, que terá a forma geográfica do distrito, ou «os traços de expressão nordestina do Cristo» desenhado no painel cerâmico de Mário Silva, por detrás do altar-mor, acrescenta.

A população local terá, no entanto, de esperar até Julho de 2001 para ver a obra concluída. A inauguração, marcada inicialmente para Julho deste ano, e posteriormente para Agosto, foi adiada mais um ano.

A adjudicação das obras relativas ao interior só deverá acontecer em Novembro. E o próprio bispo não esconde algum desencanto por ser obrigado a atrasar a consagração da catedral a Nossa Senhora Rainha. Depois de assumir em 1980 a construção da catedral como uma prioridade, D. António Rafael classifica agora a inauguração como «um sonho», cada vez mais difícil de concretizar por ter de apresentar a resignação a 11 de Novembro, dia em que completa 75 anos de idade. Resta a esperança de o Papa protelar a decisão, permitindo ao b/CF>«Quando lancei a primeira pedra, em 1981, o ano 2000 parecia ainda muito distante», comenta este bispo, obrigado a gerir problemas de atrasos e derrapagens de custos idênticos aos das obras públicas.

Desde 1950, quando foi decidido construir uma catedral de raiz em Bragança, a obra sofreu sucessivos adiamentos e um significativo agravamento orçamental. Dos oito mil contos previstos no primeiro projecto, os custos foram subindo até um milhão de contos, devido a uma sequência de falências de empreiteiros, atrasos na entrega de cadernos de encargos e dificuldades no desbloqueamento de financiamentos do Governo, que deu uma comparticipação de 70%.


Uma obra difícil
A construção deste espaço de 10 mil metros quadrados, projectado pelo arquitecto Baçal Rosa, «acabou por sair muito cara», comenta D. António Rafael, que também teve de gerir cuidadosamente as diferentes sensibilidades dos seus fiéis durante os últimos 20 anos, em especial a rivalidade entre Bragança e a antiga diocese de Miranda.

A primeira diocese da zona foi constituída em Miranda, com o objectivo de criar um pólo forte junto à fronteira espanhola, considerada na altura como uma ameaça. Em 1770 mudou para Bragança, onde a igreja dos jesuítas - a mais pequena da cidade, mas abandonada devido à expulsão da ordem pelo Marquês de Pombal - foi elevada à categoria de catedral. Durante um período de 10 anos, ainda no século XVIII, chegaram a coexistir as duas dioceses, mas Pio VI centralizou tudo em Bragança, uma decisão que desagradou à população de Miranda. A bula papal acabaria mesmo por criar alguma confusão ao fazer uma referência à nova diocese como «Miranda/Bragança», designação utilizada desde então pela população de Miranda.

D. António Rafael, consciente desta rivalidade secular, apresenta-se como bispo de Bragança/Miranda e conseguiu que o Vaticano aceitasse a antiga Sé de Miranda como concatedral de Bragança.

Pacificador, o bispo desvaloriza as reservas dos mirandeses relativamente à nova catedral e garante que todos aderiram ao projecto. «Mesmo que alguns só tenham dado um escudo para a nova Sé, isso já é um símbolo da sua vontade de colaborar», defende D. António Rafael.

Fonte Expresso

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia