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"Imigração e Comunicação Social: que imagens?" - Conclusões
2004-01-29 19:12:29

Os 70 participantes no IV Encontro Nacional de Apoio Social ao Imigrante, que decorreu em Fátima de 16 a 18 de Janeiro de 2004 (por iniciativa da Agência Ecclesia, Caritas Portuguesa e Obra Católica Portuguesa de Migrações), sob a presidência do Vogal da Comissão Episcopal da Acção Social e Caritativa, D. Aurélio Granada Escudeiro, e do Presidente da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, D. Januário Torgal M. Ferreira constataram que:

1. Todas as Dioceses estão comprometidas com o trabalho de acolhimento e promoção integral dos imigrantes e suas famílias, verificando no decorrer do último ano a diminuição da procura dos serviços que a Igreja lhes presta, o que nos deverá interrogar.
Urge, por isso, encontrar novas metodologias e disponibilidades para ir ao encontro das suas reais necessidades. Em cada comunidade é necessário desenvolver esforços em parceria com outras organizações no terreno, formando redes consistentes de apoio social

2. A integração implica necessariamente a existência de um sentimento de pertença: por um lado, o acesso à cultura, equipamentos e serviços e, por outro, a construção de contextos pluriculturais e plurireligiosos.
Urge promover dinâmicas de diálogo e encontro.

3. Na generalidade, os Meios de Comunicação Social encontram-se nas mãos de grupos económicos e financeiros que determinam as políticas, nomeadamente as neo-liberais, moldando a opinião pública: tudo é determinado pelo que passa nos media. Por outro lado, existem algumas dificuldades na relação da Igreja com os Meios de Comunicação Social.
Urge reconhecer a especificidade da gramática dos media e encontrar o profissionalismo necessário para estar presente, sem medos, com verdade, transparência e eficácia. Cabe confiar aos leigos o construir pontes e abrir caminhos como transmissores dos valores éticos e sociais do Evangelho.

4. Acontecem episódios que estigmatizam a imigração, provenientes de imagens desfocadas e narrativas distorcidas ou seleccionadas, desvirtuando a "realidade real".
Urge ser objectivo, não tomar a parte pelo todo e gerar novas disponibilidades nos consumidores de informação, desenvolvendo o sentido crítico e desmontando a "realidade percepcionada".

5. Para o bem e para o mal, a imigração é uma realidade mediática. A Europa oscila entre amor e ódio, aceitação e rejeição: desejando a população imigrante para a sua sobrevivência económica e demográfica, entre outras, consente, no entanto, a sua exploração e marginalização no mundo laboral e na sociedade.
Urge reconstruir o "nós".

6. A comunicação social tem-se revelado um parceiro fundamental na divulgação das culturas, nas denúncias e na integração social e religiosa das diferentes comunidades.
Urge perceber as suas potencialidades, estruturar meios (nomeadamente gabinetes de imprensa) e adequar ritmos e mecanismos das instituições eclesiais.

7. A comunicação social tem da Igreja, por vezes, uma imagem redutora, porque moralizante, assistencialista e refém de lugares comuns.
Urge testemunhar, na globalidade de compromissos, diferenças éticas e estéticas que permitam perceber o libertador "silêncio de Deus" por entre ruídos da comunicação e clamores do mundo migrante.

Fátima, 18 de Janeiro de 2004


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