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COMUNICADO DE IMPRENSA: RORAIMA: Invasão da Missão Surumú
2004-01-09 09:26:42

Na madrugada do dia 6 de Janeiro um grupo de 200-300 pessoas lideradas por arrozeiros invadiram a missão Surumú fazendo destroços e levando consigo a três missionários da Consolata.

O Ir. João Carlos Martinez, o Pe. Ronildo Pinto França e o Pe. César, missionários da Consolata, foram levados por um grupo numeroso de pessoas ligadas ao arrozeiro Paulo César, invasor da terra indígena e inimigo acérrimo das comunidades. O objectivo é pressionar para conseguir que o Governo Federal recue na sua decisão de homologar a terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua.


A situação que está se vivendo dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol estava se recrudescendo, com a volta das ameaças violentas contra lideranças indígenas e missionários da parte dos fazendeiros e arrozeiros que continuam como invasores da área.



O passado dia 29 de Dezembro soubemos que o arrozeiro Paulo César tinha se reunido com outras pessoas para lhes propor barrar as estradas que davam acesso à área, colocando uma barreira no ponto conhecido como Placa e outra no entroncamento que une as estradas da terra Indígena com a estrada BR que leva até Boa Vista, a capital. Nessas barreiras, a ordem era de parar todo carro que fosse do CIR ou da Diocese e tentar deter e amarrar a 4 pessoas: Jacir de Souza, Coordenador Geral do CIR e que estava nesse momento na comunidade de Maturuca; Dionísio, Tuxaua Coordenador Regional de Surumu; Gilberto, funcionário da FUNAI na área; e Pe. Mário Campos IMC.



O dia 3 de Janeiro aconteceu uma reunião na vila de Pacaraima (município ilegal dentro da terra Indígena) com a presença de alguns fazendeiros, prefeitos de municípios e arrozeiros. Tomaram as seguintes decisões: colocar barreiras em vários pontos das estradas; invadir a sede da FUNAI em Boa Vista, retirando na marra ao actual Administrador Sr. Martinho Alves e colocando outro candidato no seu lugar; e invadir a Missão Surumú, situada dentro da terra Raposa Serra do Sol, próxima da também ilegal vila de Surumú. Na cidade também se espalhou o boato de que a sede estadual do CIR seria invadida. Todas estas acções aconteceriam até que o Presidente Lula chegasse à área e resolvesse a questão da Homologação da Raposa Serra do Sol.



O clima vem se esquentando a partir das declarações do Ministro de Justiça no dia 23/12 para um jornal nacional de que o Presidente Lula já teria decidido assinar a Homologação em Área Contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, anunciando sua publicação oficial para o final do mês de Janeiro. Isto provocou que as forças contrárias, com o apoio do actual vice-governador de Roraima estejam fazendo de todo para impedir esta assinatura, criando um clima de violência e tensão na zona.



No dia 5 de Janeiro começou uma reunião no vilarejo ilegal de Surumú, com o objectivo de encaminhar as propostas de acção. O vilarejo, que serve de ponto de apoio para as actividades do arrozeiro Paulo César e de outros, se situa apenas a 500 metros da Missão Surumú, onde os Missionários da Consolata exercem seu trabalho de apoio às comunidades indígenas e administram uma Escola de Agropecuária para jovens indígenas, ligada à luta pela terra. Ao longo da tarde, os boatos que chegaram até a Missão era de que essa mesma noite ia se produzir a invasão da Missão.



Na noite do 5 para o 6 de Janeiro, às 03:00 da madrugada, efectivamente um grupo de pessoas entrou na Missão. Na Missão se encontravam esta noite o Ir. João Carlos Martinez IMC, o Pe. Ronildo França IMC, o Pe. César IMC, um pequeno grupo de 9 alunos da Escola que estavam cobrindo as férias do Natal tomando conta dos projectos agrícolas e outro pequeno grupo de 7 jovens de Manaus que levam lá dois dias fazendo uma experiência de trabalho e de solidariedade. O grupo de pessoas que invadiram era aproximadamente de 200-300. Ocasionaram destroços na Missão e levaram consigo ao Ir. João Carlos Martinez IMC e ao Pe. Ronildo França IMC. Segundo testemunhas levaram-nos para a localidade do Contão, situada a 30 quilómetros de distância da Missão.

Isto é tudo o que sabemos até o momento. Estamos mobilizando à Policia federal para tomarem providências. Que Deus nos dê a força e a sabedoria a todos. Seguiremos informando.

P. Mário Campos (às 09 horas locais – 14 horas de Lisboa)


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