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Ecumenismo em Portugal no ano 2003 - Avanços e recuos
2004-01-06 20:34:25

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que vamos viver é oportunidade também para fazer o ponto da situação sobre a vivência do ecumenismo em Portugal, nos últimos 12 meses.

Ao longo do ano que findou, a comunidade católica no nosso país continuou a viver a convicção de que o progresso nas relações ecuménicas com as outras confissões cristãs é imperativo de primeira importância para poder cumprir a sua missão evangeli-zadora no mundo e particularmente na Europa. Sente o peso da sua responsabilidade perante a distância que subsiste entre o plano de Deus que é de comunhão e unidade entre todos os cristãos e comunidades cristãs e as divisões que persistem. Recusando os extremos e as soluções fáceis do proselitismo e do indiferentismo, os católicos vivem a convicção de que só aprofundando a fidelidade e a conversão à Pessoa de Jesus Cristo podem realizar-se progressos sérios na aproximação ecuménica. Estão convencidos também da importância dos avanços realizados nas comissões teológicas bilaterais ou multilaterais, ao mais alto nível, mas dão prioridade ao chamado ecumenismo espiritual e à sensibilização conjunta e generalizada dos cristãos das várias confissões para o dever do diálogo ecuménico inerente à vivência da sua Fé. A existência e funcionamento de estruturas de formação e dinamização do ecumenismo nas dioceses, nas paróquias e em geral nas comunidades de Fé, nomeadamente as previstas e recomendadas no Directório para aplicação dos princípios e normas do ecumenismo (1993), é, sem dúvida, objectivo ainda não totalmente cumprido, embora tenham sido dados passos significativos.
Consolidou-se, ao longo do ano, o diálogo com as comunidades cristãs não católicas que incluem nos seus programas de acção o ecumenismo, tendo-se verificado a necessidade de acordar critérios e formas concretas de actuar quanto ao reconhecimento e celebração do Baptismo e dos casamentos mistos. Também preocupou o pouco avanço realizado em Portugal no que respeita à recepção da Charta Oecumenica para a Europa, um texto publicado em 2001, com a assinatura de representantes da Igreja Católica e de outras Igrejas não católicas. O objectivo deste documento é mobilizar todos os cristãos para darem o seu contributo específico no processo de construção da Nova Europa. Não se pode dizer que nestas matérias tenha havido recuos, todavia, forçoso é reconhecê-lo, não se deram os passos desejáveis e necessários. Em particular, o último encontro, realizado há pouco mais de um mês, marcou a urgência de as partes empenhadas na caminhada ecuménica estudarem a aplicação à sua prática pastoral de orientações já superiormente acordadas. Como exemplo de orientações desta natureza pode dar-se a Charta Oecu-ménica para a Europa já referida, a qual aponta caminhos de compromisso ecuménico concretos, envolvendo programas conjuntos de oração, de evangelização, de colaboração em contributos específicos para a construção da Europa, como seja a defesa do seu património espiritual de raiz cristã e o serviço da reconciliação entre povos e culturas; pede o empenho concertado de todos os cristãos e comunidades cristãs na relação com outras religiões e visões do mundo, principalmente o Judaísmo e o Islamismo.

Esperamos que esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e o novo ano sejam oportunidade bem aproveitada para o cumprimento do dever cristão de progredir na construção da unidade visível da Igreja sobretudo na Europa e também no nosso país.

D. Manuel da Rocha Felício, Bispo Auxiliar de Lisboa

Fonte Ecclesia

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